Governamentalização da cidade: uma cartografia dos afetos, medo e esperança

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v32i2/5691

Palavras-chave:

governamentalidade, afetos, cidade, cartografia, dispositivos de segurança

Resumo

O presente artigo faz uma reflexão teórica sobre a cidade a partir da noção de governamentalidade. Objetiva engendrar uma cartografia de linhas afetivas que aproximam matérias jornalísticas, canções de rap e publicidades do campo da segurança privada. O medo e a esperança são duas noções utilizadas para discutir os modos de circulação pela cidade e sua relação com os dispositivos de segurança. O medo, e especificamente o medo da morte, constitui um importante mecanismo de governo, pois, ao lembrar constantemente os sujeitos sobre sua finitude, um amplo mercado de segurança emerge. Já a esperança, afeto complementar do medo, é incitada enquanto uma estratégia precária de alegria, na medida em que se constitui como outra modalidade de sofrimento. Uma cartografia dos afetos fornece pistas sobre algumas formas de subjetivação na governamentalização da cidade. O consumo de equipamentos de segurança, a fortificação dos condomínios e o movimento do rap aparecem como alguns dos efeitos dos afetos engendrados pela lógica neoliberal.

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Biografia do Autor

Jeferson Camargo Taborda, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Paranaíba, MS

Possui graduação em Psicologia (Universidade Católica Dom Bosco, 2009), mestrado em Psicologia da Saúde (Universidade Católica Dom Bosco, 2012) e doutorado em Psicologia da Saúde (Universidade Católica Dom Bosco, 2017). Atualmente é professor do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus de Paranaíba. Tem experiência na área de Psicologia Social e Psicologia da Saúde com ênfase nos seguintes temas: Saúde Coletiva; articulações entre corpo, cidade e arte; Direitos Humanos-Famílias e questões LGBTI+.

Anita Guazzelli Bernardes, Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS

Possui graduação em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1996), mestrado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2002) e doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2006). Realizou estágio pós­doutoral no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, sob o acompanhamento do Professor João Arriscado Nunes Atualmente é professora do curso de Psicologia, professora e pesquisadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia e do Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco. Foi coordenadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco no biênio 2018-2019. É coeditora da Revista Psicologia & Sociedade. Foi coordenadora do GT da ANPEPP “Tecnologias, políticas de pesquisa e modos de subjetivação” entre 2014-­2016. É parecerista de periódicos científicos nacionais e internacionais, membro de corpo editorial de periódicos nacionais, é parecerista ad hoc de agências de fomentos a pesquisa (CNPq, CAPES, FUNDECT, FAPEMIG). É bolsista produtividade (PQ2). Tem experiência na área de Psicologia Social e Saúde, com ênfase principalmente nos seguintes temas:políticas públicas, formas de subjetivação, psicologia e trabalho. A professora é co­coordenadora do grupo de pesquisa do CNPq ?Modelos­ históricos epistemológicos e produção de Saúde? (UCDB) e membro dos grupos de pesquisa: Estudos Culturais e Modos de Subjetivação e o Núcleo E­politcs (UFRGS); Políticas públicas, inclusão e produção de sujeitos (UNISC), Terapia Ocupacional e Saúde Mental (UFSCAR). Atualmente coordena o projeto COOPBRAS (Edital CAPES) que envolve Brasil, Chile e México.

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Publicado

2020-06-16

Como Citar

TABORDA, J. C.; BERNARDES, A. G. Governamentalização da cidade: uma cartografia dos afetos, medo e esperança. Fractal: Revista de Psicologia, v. 32, n. 2, p. 132-141, 16 jun. 2020.

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