Psicologia e racismo institucional na saúde pública de Salvador- Bahia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v32i2/5697

Palavras-chave:

racismo institucional, políticas públicas, psicologia, saúde pública

Resumo

A pesquisa trata da atuação de psicólogas/os em políticas públicas em quatro unidades de saúde em Salvador-Bahia. Objetiva identificar a existência de práticas no combate ao racismo institucional. O estudo é de caráter qualitativo, contemplou sete entrevistas gravadas em áudio, com roteiros semiestruturados. Após transcrição, foram realizadas análises de conteúdo articuladas com estudos sobre racismo institucional e políticas públicas. Os relatos possibilitaram identificar a inexistência de práticas específicas de enfrentamento ao racismo institucional e revelam a necessidade de investimento na discussão das relações raciais e de desenvolver o senso crítico entre os profissionais da área da saúde sobre o racismo. Reafirma-se, assim, a importância da psicologia para a construção do compromisso social e legitimação dos direitos dos cidadãos. Apesar da existência oficial do programa de combate ao racismo institucional no SUS, o tema continua sem visibilidade na formação e prática da psicologia.

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Biografia do Autor

Kaike Costa Oliveira de Jesus, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA

Graduado em Psicologia pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - EBMSP.A pesquisa trata da atuação de psicólogas/os em políticas públicas em quatro unidades de saúde em Salvador-Bahia. Objetiva identificar a existência de práticas no combate ao racismo institucional. O estudo é de caráter qualitativo, contemplou sete entrevistas gravadas em áudio, com roteiros semiestruturados. Após transcrição, foram realizadas análises de conteúdo articuladas com estudos sobre racismo institucional e políticas públicas. Os relatos possibilitaram identificar a inexistência de práticas específicas de enfrentamento ao racismo institucional e revelam a necessidade de investimento na discussão das relações raciais e de desenvolver o senso crítico entre os profissionais da área da saúde sobre o racismo. Reafirma-se, assim, a importância da psicologia para a construção do compromisso social e legitimação dos direitos dos cidadãos. Apesar da existência oficial do programa de combate ao racismo institucional no SUS, o tema continua sem visibilidade na formação e prática da psicologia.

Hellen Maciel Santana, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA

Psicóloga pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Mestranda em Tecnologias em Saúde pela EBMSP (Bolsista CAPES). Participante do Grupo de Pesquisa: Psicologia, Diversidade e Saúde na linha de Pesquisa Memória, Cultura e Subjetividade. Realiza estudos e pesquisas na área de Psicologia Social e no campo da saúde. Atuação na Clínica de Psicologia da EBMSP. Pós-graduada na Especialização Lato Sensu em Gestalt-Terapia, promovida pelo Instituto de Gestalt-Terapia da Bahia (IGTBA).

Marilda Castelar, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA

Psicóloga, doutora em Psicologia Social e professora adjunta do Mestrado em Tecnologias em Saúde e do Mestrado Profissional em Psicologia e Intervenções em Saúde da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – EBMSP.

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Publicado

2020-06-16

Como Citar

JESUS, K. C. O. DE; SANTANA, H. M.; CASTELAR, M. Psicologia e racismo institucional na saúde pública de Salvador- Bahia. Fractal: Revista de Psicologia, v. 32, n. 2, p. 142-153, 16 jun. 2020.

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