Necropolítica e objetivação da vida

aniquilação e mercantilização do criminoso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v33i3/8442

Palavras-chave:

criminalização, necropolítica, empreendedorismo, negros, resistência

Resumo

Este artigo aborda a questão do enfrentamento do comércio de drogas ilícitas no Brasil e a criminalização da pobreza. O objetivo é apontar a concomitância de duas práticas dirigidas àqueles considerados potencialmente perigosos (negros e pobres). Estas práticas seriam o uso explícito da violência e do extermínio no gerenciamento do direito de vida e de morte (Necropolítica e Capitalismo Gore), bem como a gestão da criminalidade que se apoia em discursos de resgate e prevenção (empreendedorismo e mercantilização da figura do “traficante”). Dessa forma, realizamos a análise de algumas engrenagens que dão sustentação a essa concomitância de práticas a princípio vistas como díspares, mas que em seu funcionamento se apresentam perversamente complementares. Como metodologia foram introduzidos pequenos fragmentos de narrativas como disparadores e, a partir disso, utilizamos como referencial teórico os estudos de Achille Mbembe, Sayak Valencia Triana, Michel Foucault e Peter Pál Pelbart. Concluímos que, apesar de a miséria ter se tornado um empreendimento lucrativo para algumas organizações sociais, é necessário buscar dar visibilidade às resistências que acontecem no cotidiano das práticas dos psicólogos que atuam em instituições como presísios e ONGs.

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Biografia do Autor

Paula de Melo Ribeiro, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ

Doutora e mestre pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), na área de “Estudos da Subjetividade” e linha de pesquisa “Subjetividade, Política e Exclusão Social”. Possui graduação em psicologia pela UFF e especialização em Psicologia Jurídica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente é servidora pública da Fundação Municipal de Saúde de Niterói e professora do curso de Psicologia das Faculdades Integradas Maria Thereza. Atuou em ONGs e movimentos sociais de defesa de Direitos Humanos.

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Publicado

2022-01-08

Como Citar

RIBEIRO, P. DE M. Necropolítica e objetivação da vida: aniquilação e mercantilização do criminoso. Fractal: Revista de Psicologia, v. 33, n. 3, p. 218-225, 8 jan. 2022.

Edição

Seção

Artigos