Os ACORDOS MULTILATERAIS AMBIENTAIS COMO ENTIDADES VERTICAIS: O ACONTECER HIERÁRQUICO DA GEOPOLÍTICA AMBIENTAL

Resumo

A preocupação com a questão ambiental se tornou importante no cenário geopolítico internacional ao ensejar a criação de um regime ambiental internacional, o qual possui por modelo a confecção de acordos e tratados ambientais multilaterais e da configuração, em decorrência, de uma governança global do clima. A partir da análise do Tratado de Quioto e do Acordo de Paris, ambos inseridos na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, o presente artigo tem por objetivo interpretar tal estrutura como eventos de acontecer global, eventos esses que, por sua vez, apresentam vetores hierárquicos, identificados como entidades verticais. Essas, como eventos da era da globalização neoliberal, possuem lógicas de poder embutidas em seus vetores. Deste modo, como exercício teórico e metodológico, busca-se dar uma nova interpretação à configuração multilateral de acordos ambientais, vistas dentro da lógica de expansão do capital neoliberal, portadoras de intenções escamoteadas pelo discurso oficial e que são, por seu turno, na verdade, desterritorializadoras ao se materializarem em territórios periféricos e auxiliares na reprodução do sistema do capital.