Formas ideais: imagens da utopia em "La fièvre d’Ubicande"
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v17i33.33015Palavras-chave:
utopia, humanismo, pós-humanismo, cidade, controle socialResumo
La fièvre d’Urbicande, história em quadrinhos desenhada por François Schuiten e escrita por Benoît Peeters, gira em torno de um fenômeno inexplicável: o surgimento de uma estrutura formada por cubos vazados que se reproduzem e crescem até cobrir a cidade imaginária de Urbicande, planejada de acordo com a visão utópica de uma cidade racional, bela e simétrica. Essa estrutura em forma de rede tridimensional acaba por afetar profundamente a vida dos habitantes de Urbicande e põe em cheque o governo autoritário que os controla. Ao transformar as formas de convivência dos habitantes da cidade e estabelecer novas conexões entre eles, a misteriosa estrutura pode ser vista como a encarnação de um desejo utópico alternativo, que se configura como um excesso em relação à ordem vigente da cidade. A rede é essencialmente ambígua: ao mesmo tempo construto artificial e organismo vivo, sólida e intangível, ela se apresenta como um objeto de significado indefinido que estabelece conexões e promove a circulação, se aproximando de visões contemporâneas de utopias pós-humanistas. Por outro lado, preserva valores humanistas, como a noção da essência de um espírito humano. Este artigo discute as tensões geradas pelo confronto entre essas duas visões que a narrativa de La fièvre d’Urbicande tenta conciliar, e sua relação com projetos utópicos mais tradicionais.
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