A função anagramática do nome próprio na escrita psicótica

Autores

  • Mariluci Novaes UFF

Palavras-chave:

escrita psicótica, nomes próprios, identidade, psicanálise

Resumo

Na lingüística, duas abordagens - a semântica e a pragmática - ressaltam respectivamente duas funções principais para o nome próprio: a de designação de um ser e a de interpelação de um sujeito para a enunciação. Na psicanálise, Lacan (Seminário A Identificação, inédito) marca uma outra propriedade do nome próprio: a de ser uma expressão definida, no sentido de que, em tomo da marca significante, um conjunto de possibilidades e determinações transforma-se num ato de decifração para o sujeito. A partir da consideração das três abordagens, formulo uma outra função para o nome próprio na escrita psicótica: a função anagramática, no sentido de que um nome pode conduzir silenciosamente a narrativa que um sujeito faz de si. No livro Denkwürdigkeiten eines Nervenkranken, Schreber (1903), internado no asilo para doentes mentais SONNENSTEIN, na Alemanha, narra sua experiência de transformação na mulher escolhida por Deus para criar uma nova raça. O nome do asilo exerce a função anagramática de significante-mestre em associação com o sobrenome GOTTLIEB de seu pai, permitindo a construção autobiográfica de uma metáfora delirante num esforço de tomar pública a experiência privada da psicose.

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Biografia do Autor

Mariluci Novaes, UFF

Doutora em Ciências pela Universidade Estadual de Campinas e pesquisadora do CNPq, é professora de Lingüística na Universidade Federal Fluminense. Publicou Os dizeres nas esquizofrenias: uma cartola sem fundo (São Paulo: Escuta, 1996) e vários artigos em anais e periódicos especializados, entre eles Communication paradoxes in psychosis: a question to cognitive approaches in pragmatics (em Revista da ABRALIN, 2003) e Uma profecia, um delírio, uma teoria (em Cadernos de Letras da UFF, 2001). É coordenadora do grupo de pesquisa UFF / CNPq Linguagens das diferenças: psicoses e outros lugares de estranhamento.

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Publicado

2005-07-19

Como Citar

Novaes, M. (2005). A função anagramática do nome próprio na escrita psicótica. Gragoatá, 10(18). Recuperado de https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33280

Edição

Seção

Artigos de Linguagem