A vitalidade identitária de contornos entonacionais característicos do falar manezinho
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v23i46.33593Palavras-chave:
Entoação, Falar manezinho, Contorno com upstep, Valor semântico-pragmático.Resumo
Este artigo descreve um contorno entonacional que particulariza uma variedade dialetal - o falar manezinho - e aventa a hipótese de “interface" entre prosódia e semântica/pragmática em que um mesmo contorno prosódico é associado a diferentes significações pelo manezinho e pelo não manezinho. Seara e Sosa (2017), estudando o falar manezinho, observaram um contorno declarativo com upstep em falantes mais velhos (acima de 50 anos) ainda não descrito na literatura. Esse contorno apresenta, no núcleo entonacional, um pico bastante alto seguido por uma drástica queda na parte inferior do registro do falante ((LH) ¡H*L% - representação fonológica do pitch apoiada na teoria métrica autossegmental (PIERREHUMBERT, 1980; entre outros). Essa investigação mostrou que, embora os mais jovens produzam o contorno com upstep, esse contorno apresenta uma subida não tão alta quanto a exibida pelos mais velhos. Realizamos um teste de discriminação com os contornos com upstep com características similares às dos sujeitos mais velhos e, com um teste de identificação, averiguamos o valor semântico-pragmático desses contornos. O teste de discriminação mostrou que o contorno com upstep tem vitalidade entre os mais jovens, mesmo que apresente uma subida não tão relevante quanto à apresentada pelos mais velhos. O teste de identificação mostrou que contornos com upstep mais proeminente foram identificados pelos ouvintes não manezinhos como uma pergunta (17%); no entanto, nenhum ouvinte manezinho compreendeu que estava diante de uma pergunta. Esses resultados parecem sugerir que há indícios de que se trata de duas variedades distintas e requer o aprofundamento das análises.
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