Língua e cosmogonia em Bakairi: práticas de pesquisa voltadas ao conhecimento das línguas originárias
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i64.62604.ptPalavras-chave:
Língua Bakairi (Caribe), Organização do léxico, Relação língua e cosmogonia, Análise de Discurso, Morfologia DerivacionalResumo
O trabalho toma como objeto a língua Bakairi (Caribe), modalidade falada na Terra Indígena Bakairi, localizada no município de Paranatinga, Mato Grosso, Brasil Central. Os dados foram coletados, sobretudo, em duas aldeias – a Aldeia Pakuenra e a Aldeia Paikun, ambas localizadas na Terra Indígena Bakairi. O objetivo principal a ser alcançado visa a organização do léxico na língua Bakairi, descrita e analisada sob uma perspectiva interdisciplinar, colocando em jogo a relação entre língua e cosmogonia, quando se trabalha pelo viés da escola francesa de Análise de Discurso e, paralelamente, trabalha-se a análise formal dos dados nos moldes da Morfologia Derivacional. Como objetivos secundários, procuramos focalizar dois mecanismos principais: (i) a discussão da formação de palavras motivadas pela cosmogonia do grupo através da presença de formativos (morfemas) fechados e não produtivos, ficando estes restritos à criação de palavras num tempo mítico e (ii) a análise de outros morfemas da língua, dando lugar a palavras abertas. Dentre o conjunto de palavras fechadas, as que fundam a identidade dos Kurâ e que nos remtem à organização social do povo em seu todo e aos valores de ordem moral e social, escolhemos duas para ser o foco de nossa discussão: udodo e pekobaym. O enfoque aqui apresentado contribui ao conhecimento e descrição do sistema da língua tanto para falantes nativos, quanto a pesquisadores que se voltem para a dimensão étnica inscrita na materialidade discursiva da língua.
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