Língua e cosmogonia em Bakairi: práticas de pesquisa voltadas ao conhecimento das línguas originárias

Autores

  • Tania Conceição Clemente de Souza Museu Nacional, Departamento de Antropologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Valdo Kutaiava Xagope Secretaria de Educação do Mato Grosso. Cuiabá, MT, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i64.62604

Palavras-chave:

Língua Bakairi (Caribe), Organização do léxico, Relação língua e cosmogonia, Análise de Discurso, Morfologia Derivacional

Resumo

O trabalho toma como objeto a língua Bakairi (Caribe), modalidade falada na Terra Indígena Bakairi, localizada no município de Paranatinga, Mato Grosso, Brasil Central. Os dados foram coletados, sobretudo, em duas aldeias – a Aldeia Pakuenra e a Aldeia Paikun, ambas localizadas na Terra Indígena Bakairi. O objetivo principal a ser alcançado visa a organização do léxico na língua Bakairi, descrita e analisada sob uma perspectiva interdisciplinar, colocando em jogo a relação entre língua e cosmogonia, quando se trabalha pelo viés da escola francesa de Análise de Discurso e, paralelamente, trabalha-se a análise formal dos dados nos moldes da Morfologia Derivacional. Como objetivos secundários, procuramos focalizar dois mecanismos principais: (i) a discussão da formação de palavras motivadas pela cosmogonia do grupo através da presença de formativos (morfemas) fechados e não produtivos, ficando estes restritos à criação de palavras num tempo mítico e (ii) a análise de outros morfemas da língua, dando lugar a palavras abertas. Dentre o conjunto de palavras fechadas, as que fundam a identidade dos Kurâ e que nos remtem à organização social do povo em seu todo e aos valores de ordem moral e social, escolhemos duas para ser o foco de nossa discussão: udodo e pekobaym. O enfoque aqui apresentado contribui ao conhecimento e descrição do sistema da língua tanto para falantes nativos, quanto a pesquisadores que se voltem para a dimensão étnica inscrita na materialidade discursiva da língua.

 

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Biografia do Autor

Tania Conceição Clemente de Souza, Museu Nacional, Departamento de Antropologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Tania Conceição Clemente de Souza tem Doutorado em Linguística pela UNICAMP e Pós-doutorado pela Universidade Paris 7. É Professora Titular lotada no Departamento de Antropologia do Museu Nacional-UFRJ e Bolsista Cientista do Nosso Estado/FAPERJ. Tem orientado dissertações e teses que discutem a forma como se textualiza o político em textos verbais e não verbais, pelo viés da Análise de Discurso. Atua na supervisão de Pós-doutorado, com suporte de CNPq e FAPERJ. Edita Policromias - Revista de estudos do discurso, imagem e som.

 

Valdo Kutaiava Xagope, Secretaria de Educação do Mato Grosso. Cuiabá, MT, Brasil.

Valdo Kutaiava Xagope possui graduação em Ciência da Matemática e da natureza pela Universidade Estado de Mato Grosso (2006), Mestrado em Linguística e língua indígenas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2018) e Doutor em Línguistica pelo Universidade Federal de Rio de Janeiro (2023) Atualmente é professor temporário - Secretaria de Estado de Educação do Estado do Mato Grosso.

Referências

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Publicado

2024-09-11

Como Citar

Souza, T. C. C. de, & Xagope, V. K. . (2024). Língua e cosmogonia em Bakairi: práticas de pesquisa voltadas ao conhecimento das línguas originárias. Gragoatá, 29(64), e62604. https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i64.62604