O discurso sobre a “nova arte nacional”: sentidos inscritos no nazifascismo
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v30i66.65039.ptPalavras-chave:
Análise do Discurso, Nova arte nacional, Nazifascismo, Capitalismo, ArteResumo
O presente artigo analisa as contradições no discurso de Roberto Alvim, ex-secretário especial de cultura no governo Bolsonaro, ao propor a criação de uma “nova arte nacional” no Brasil. Nosso material de análise é composto por falas de Alvim retiradas de um vídeo oficial em que anunciava o “Prêmio Nacional das Artes – patrocínio de produções inéditas em diversas áreas da cultura” – e de uma entrevista concedida por ele, após repercussão do vídeo citado, ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha. Este estudo toma como pressupostos teórico-metodológicos a Análise do Discurso (AD) fundada por Michel Pêcheux em interlocução com a abordagem ontológica-marxiana. Essa perspectiva nos permite analisar o corpus discursivo a partir das relações sociais concretas nas quais a discursividade é posta em movimento, articulando o processo de produção/reprodução/transformação da vida material e os processos discursivos, buscando, assim, alcançar o caráter material do sentido, no qual as relações de classe produzem efeitos sobre as práticas linguísticas. Como resultado, verificamos que a arte foi discursivizada como uma “nova arte nacional”, que deveria ser “plena”, “pura”, “imperativa”, ou “não seria nada”. Nessa direção de sentido, a análise deste discurso revelou que o nacionalismo e a arte defendidos por Alvim se inscrevem na formação discursiva que nomeamos de Nacional-nazifascista.
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