Representações: marcas abissais da in-exclusão em material didático sobre povos indígenas

Autores/as

  • Icléia Caires Moreira Universidade Federal de Mato Grosso do Sul https://orcid.org/0000-0002-1572-8630
  • Vânia Maria Lescano Guerra Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22409/gragoata.v26i56.49056

Palabras clave:

Discurso Didático. Representação. Sujeito indígena. In-exclusão

Resumen

Este artigo objetiva problematizar a representação do sujeito indígena e do sujeito branco no livro didático Povos indígenas no Brasil mirim (RICARDO; KLEIN, 2015), publicado pelo Instituto Socioambiental – ISA, em 2015, como suporte didático no cumprimento da obrigatoriedade do ensino das Histórias e das Culturas Indígenas na educação básica brasileira, a partir da Lei nº 11.645/2008 (BRASIL, 2008). Partimos da hipótese de que o entrecruzamento discursivo nascido das vozes jurídico-administrativas e educacionais, materializados nos livros didáticos sobre os indígenas, suas histórias e culturas como formas de saber possibilitam a (re)construção e/ou a (re)significação do processo de colonização e de desejo de controle, por parte daqueles que têm o poder de estatizar uma possível representação da subjetividade em relação aos povos indígenas e seus patrimônios culturais. Para tanto, pautamo-nos teórico-metodologicamente, transdisciplinarmente, na Análise do Discurso de origem francesa (PÊCHEUX, 1988), na perspectiva discursivo-desconstrutiva (CORACINI, 2007, 2016; GUERRA, 2010); na Arqueogenealogia Foucaultiana (2014, 1997); na visada decolonial (CASTRO-GÓMES, 2005; MIGNOLO, 2003, 2008; SANTOS 2007; PALERMO, 2019; QUIJANO, 2005; ORTIZ, 1983) e nas considerações de Munduruku (2017) para ponderar o delineamento desses processos de subjetivação/objetivação postos em circulação a partir dos sujeitos e das culturas indígenas, em face da sociedade hegemônica. Resultados obtidos apontam a emergência de efeitos de sentido de uma urdidura discursiva docilizadora de corpos, arregimentadora de condutas em formação que se encontra amparada no ideário capitalista transformador da cultura em um “bem de consumo” e utilizador desta para cumprir pautas político-diplomáticas entre o Estado-Nação brasileira e os demais países membros da ONU (Organização das Nações Unidas).

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Biografía del autor/a

Icléia Caires Moreira, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Possui graduação em Letras - Português e Inglês pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2007), mestrado em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2016) e Doutorado em Letras, pela mesma instituição, na área de Estudos Linguísticos, com ênfase na Análise do Discurso. Também é especialista em Regulação em Saúde no SUS pelo instituto de Ensino e Pesquisa Sírio Libanês - IEP (2014) e especialista em Docência no Ensino Técnico e Tecnológico pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul - IFMS (2019). Foi professora voluntária do curso de graduação em Letras, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (semestre 2019/2 e 2020/1). Atualmente, é professora efetiva da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, lotada na Escola Fernando Corrêa, na cidade de Três Lagoas - MS e Professora das Faculdades integradas de Três Lagoas - FITL-AEMS, atuante nos cursos de Direito, Jornalismo e Pedagogia. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Análise do Discurso Discursivo-desconstrutiva em diálogo com os estudos Pós-coloniais. Problematiza, principalmente, os seguintes temas: Discurso didático, Discurso Legal, processo de subjetivação/objetivação dos sujeitos indígenas e professores, identidade/representação, ciberespaço, discurso oficial internacional, discurso oficial educacional brasileiro, colonialidade do poder/transculturação e In-exclusão.

Vânia Maria Lescano Guerra, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Graduada em Letras, mestrado em Linguística Aplicada aos Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, LAEL, e doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002), câmpus de Araraquara (SP).  Pós-doutora pelo IEL, UNICAMP, no Programa de Linguística Aplicada sob a supervisão da Profa Dra Maria José Faria Coracini. Atualmente, docente permanente no Programa de Pós-graduação em Letras e no Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagens, ambos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisadora do CNPq.

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Publicado

2021-09-29

Cómo citar

Moreira, I. C., & Guerra, V. M. L. (2021). Representações: marcas abissais da in-exclusão em material didático sobre povos indígenas. Gragoatá, 26(56), 1241-1272. https://doi.org/10.22409/gragoata.v26i56.49056