“Nós Outros, Neo-Ibéricos”: O Entre-Lugar da identidade nacional no pensamento de Manoel Bomfim

Auteurs

  • Luiz Fernando Valente Brown University, EUA

Mots-clés:

parasitismo, pós-colonial, iden¬tidade, entre-lugar, neo-ibérico

Résumé

A obra de Manoel Bomfim (1868-1932) demonstra uma compreensão profunda e bastante avançada para sua época do complexo e ambíguo relacio­namento entre os paises ibéricos e, para usar as próprias palavras do pensador sergipano,”nós outros, neo-ibéricos,” terminologia que ele prefere a “latino-americanos.” Bomfim define o singular espaço ocupado pelo Brasil dentro da geografia sócio-politico-cultural lusófona em termos de uma dialética entre uma mentalidade consciente da sua diferença, que poderíamos qualificar como pós-colonial já no século XVII, e o persistente “parasitismo” da herança ibérica, que teria “in­fectado” nosso corpo político e social, deixando seqüelas das quais ainda não nos conseguimos recuperar. Rejeitando as noções de síntese e har­monia caras ao pensamento oficial e codificadas no século XIX pelos textos de von Martius, Bomfim constrói a identidade brasileira como um “entre-lugar,” configurando-a através de uma espécie de psicomaquia entre de um lado um espírito inde­pendente, criativo e contestador, presente desde o inicio da nossa formação, e do outro um corpo (sócio-político) doente, contagiado pelo decadente colonialismo português. Seus escritos prefiguram muitas das idéias que seriam posteriormente desenvolvidas pela nata da intelectualidade bra­sileira durante a primeira metade do século XX, como Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio Prado, Jr, entre outros.

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Biographie de l'auteur

Luiz Fernando Valente, Brown University, EUA

Educado no Brasil e nos Estados Unidos, é atualmente Professor de Literatura Brasileira e Comparada e Diretor do Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University (Providence, RI), nos Estados Unidos. Autor de inúmeros trabalhos sobre a literatura brasileira dos séculos XIX e XX, sobre as relações entre a história e a ficção e o novo romance histórico, e sobre a história intelectual brasileira, acaba de terminar o livro Mundivi­vências: Leituras Comparativas de Guimarães Rosa.

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Publiée

2007-06-30