Interpretação temporal de sentenças negativas em Karitiana
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https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i64.60385.ptMots-clés:
Interpretação Temporal, Negação, Karitiana, Metodologia, Análise SemânticaRésumé
Este artigo apresenta um estudo sobre a interpretação temporal de orações negativas em Karitiana (ISO 639-3: ktn). O Karitiana é uma língua da família Arikém e tronco Tupi (RODRIGUES, 1986, p. 46) cujo sistema temporal é futuro vs. não-futuro (STORTO, 2002; MÜLLER; FERREIRA, 2020). Semanticamente, tempo é uma relação entre um momento de referência e momento da enunciação (KLEIN, 2013). Nessa língua, ele é expresso por sufixos verbais que estão presentes em orações afirmativas, mas ausentes em orações negativas (STORTO, 2018). Então, o objetivo deste estudo foi verificar como se dá a interpretação temporal nas negativas dada a ausência de morfologia de tempo nessas orações. Nossas hipóteses iniciais eram: (i) que a interpretação temporal é determinada contextualmente ou (ii) que ela é determinada gramaticalmente por outros fatores. Para testá-las, elaboramos um teste em duas etapas: (i) coleta contextualizada de dados de negativas tanto no futuro quanto no passado com um falante nativo e (ii) apresentação descontextualizada e aleatória desses áudios para outro falante nativo para tradução. Esse teste mostrou que a interpretação default de sentenças negativas descontextualizadas é o passado, mesmo que elas tenham sido coletadas em um contexto de futuro corroborando a segunda hipótese. A coleta de dados para análise semântica geralmente é feita de forma contextualizada (MATTHEWSON, 2004; SANCHEZ-MENDES, 2014). No entanto, mostramos como a tradução descontextualizada pode também ser uma ferramenta para detectar a existência de mecanismos gramaticais não salientes ao linguista determinando a interpretação.
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