Traduções do corpo queer: imagem, dissidência e refração na América Latina
DOI :
https://doi.org/10.22409/gragoata.v30i68.68474.ptMots-clés :
“Cerâmicas eróticas” Moche, Tradução, Museo Larco, RefraçãoRésumé
O presente artigo explora os modos em que as “cerâmicas eróticas” produzidas por culturas pré-colombianas podem ser lidas como traduções intrasemióticas não verbais de experiências da dissidência sexual na América Latina. Propomos que tais imagens em sua dimensão tridimensional atuam como arquivos visuais que antecedem o grafismo e a História da Sexualidade ocidentais e traduzem afetos que se distanciam das práticas sexuais reprodutivas e expressões de sexualidade não reguladas por binarismos, oferecendo uma alternativa às narrativas hegemônicas sobre sexualidade e gênero na América Latina. As cerâmicas Moche, encontradas no Peru, são compreendidas aqui como linguagens que traduzem o corpo e o desejo, articulando a sobrevivência da imagem como gesto tradutório dos apagamentos de tais práticas dissidentes orquestrados pelos impérios coloniais durante a inauguração da Modernidade europeia. Por fim, recorremos à teoria da refração para discutir os processos de apagamento colonial e ocultação do conteúdo “queer” desses artefatos através de leituras intersemióticas promovidas por coleções no Museo Larco, bem como o modo como os impérios coloniais dizimaram, domesticaram e distorceram o arquivo visual dissidente na América Latina ao operarem uma refração normatizadora, convertendo memórias e identidades dissidentes pré-coloniais em tradução e diagnóstico.
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