POR QUE SE EXPLICAR? A NORMALIDADE CONSTRUÍDA POR MEIO DA LINGUAGEM NO CONSULTÓRIO ONCOLÓGICO

Autores

  • Joseane Souza Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
  • Ana Cristina Ostermann Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

DOI:

https://doi.org/10.22409/gragoata.v21i40.33390

Palavras-chave:

consultas oncológicas, prestação de contas, normalidade, moralidade, narrativas

Resumo

Este artigo analisa a atividade de prestação de contas, ou accounts, que, por sua vez, circunscreve ações (formas de agir por meio da fala-em-interação) realizadas por uma paciente com câncer de mama quando em consulta de revisão com seu oncologista. Os dados aqui analisados fazem parte de um corpus de 20 consultas gravadas em áudio nos anos de 2012 e 2014 entre oncologistas e pacientes com câncer de mama em um hospital privado da região sul do Brasil. As interações foram transcritas e analisadas a partir das abordagens teórico-metodológicas da Análise da Conversa e das Categorias de Pertença (SACKS, 1992). A linha argumentativa central do artigo consiste em demonstrar como as prestações de contas produzidas pela paciente transformam (no sentido de renovar) o contexto interacional, ao solicitarem uma afiliação do médico e, assim, construírem a normalidade da situação experienciada pela paciente. A análise sequencial evidencia as ações sociais e consequências interacionais que uma narrativa não solicitada pode gerar não apenas para o contexto sequencial, mas também para o reestabelecimento e a reconstituição da normalidade e da ordem moral, de forma mais larga.

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Biografia do Autor

Joseane Souza, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Colaboradora em pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UNISINOS (PNPD-Capes). Possui doutorado em Linguística Aplicada pela UNISINOS / CAPES (2015), com estágio sanduíche em Etnometodologia e Análise da Conversa (junho de 2013) sob supervisão do pesquisador Douglas W. Maynard na Universidade de Wisconsin-Madison (UW). Atualmente é editora assistente da Revista Calidoscópio (Qualis A2). Seus interesses de pesquisa incluem interações entre profissionais da saúde e pacientes sob a perspectiva da Análise da Conversa, interações em organizações públicas e privadas em contextos diversos e questões de gênero social e identidade no discurso. Quanto à docência, sua experiência compreende a produção textual em gêneros acadêmicos diversos, em língua portuguesa e inglesa, e as áreas afins à Análise da Conversa, à Sociolinguística Interacional e à Pragmática.

Ana Cristina Ostermann, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Professora Titular no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e Bolsista Produtividade do CNPq. É PhD em Linguística pela University of Michigan (EUA), Mestre em Inglês pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Licenciada em Letras (Português-Inglês) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Em 2008-2009, realizou estágio de Pós-Doutorado na University of California, Los Angeles (UCLA), com projeto de interface entre Antropologia, Sociologia e Linguística Aplicada. É atual Coodenadora Adjunta do Comitê Assessor de Artes e Letras da FAPERGS. Em 2015, recebeu o Prêmio Pesquisadora Destaque da UNISINOS e em 2013, o Prêmio Pesquisadora Gaúcha na Área de Letras, Linguística e Artes, concedido pela FAPERGS. Foi presidenta eleita da International Gender and Language Association (IGALA), entre 2010 a 2012. Suas publicações nos últimos anos incluem artigos em periódicos internacionais (Pragmatics, Language & Communication, Language in Society, Discourse & Society, Gender & Language Journal, and English for Specific Purposes Journal) e nacionais (Delta, Linguagem em (Dis)curso, Veredas, ALFA, Calidoscópio, Cadernos de Saúde Pública, Revista de Psicologia, Psicologia: Reflexão e Crítica, Veredas), artigos em livros (e.g. Encyclopedia of Language and Social Interaction, The Handbook of Language, Gender and Sexuality: Language and Gender: A Reader; International Encyclopedia of Communication; Language and Gender), e organização das obras: Você está Entendendo? Contribuições dos estudos de fala-em-interação para a prática do teleatendimento (Ostermann e Oliveira, 2015) Humanização, Gênero e Poder: Contribuições dos Estudos de Fala-em-Interação para a Atenção à Saúde (Ostermann e Meneghel, 2012), Linguagem. Gênero. Sexualidade (Ostermann e Fontana, 2010) e Linguagem e Gênero no Trabalho, na Mídia e em Outros Contextos (Heberle, Figueiredo e Ostermann, 2006). Faz parte do conselho editorial dos periódicos Gender and Language (Inglaterra), The Open Sociology Journal (Inglaterra), Intervenção Social (Portugal), Linguagem em (Dis)curso, Signótica, Veredas e Calidoscópio, e atua ocasionalmente como parecerista de Text & Talk, ROLSI (Research on Language and Social Interaction), Gender, Place and Culture e Revista da ABRALIN. Atua como parecerista para agências brasileiras de fomento à pesquisa (CNPq e FAPERGS) e, ocasionalmente, para agências internacionais, como a Research Foundation Flanders (FWO).

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Publicado

2016-07-01

Como Citar

Souza, J., & Ostermann, A. C. (2016). POR QUE SE EXPLICAR? A NORMALIDADE CONSTRUÍDA POR MEIO DA LINGUAGEM NO CONSULTÓRIO ONCOLÓGICO. Gragoatá, 21(40). https://doi.org/10.22409/gragoata.v21i40.33390

Edição

Seção

Artigos de Linguagem