PODER, MOEDA E HEGEMONIA:
UMA HISTÓRIA POUCO CONTADA DA ASCENSÃO DOS ESTADOS UNIDOS
Palavras-chave:
Estados Unidos, Grã-Bretanha, Transição Hegemônica, Violência Monetária, Guerra FinanceiraResumo
O campo monetário foi fundamental para a sustentação da hegemonia inglesa e norte-americana. A utilização das suas divisas nacionais como moeda internacional conferiu a estas nações, em seus respectivos períodos de hegemonia, um imenso poder no cenário global. Ao final da Segunda Guerra Mundial, a construção da hegemonia norte-americana utilizou um grau elevado de coerção por elementos financeiros e monetários. Desde o primeiro momento, Washington buscou enfraquecer o que ainda restava do poder monetário britânico. Ancorado nas pesquisas sobre a intrínseca relação entre moeda e poder existentes na Economia Política Internacional, o presente artigo pretende explorar a pouco conhecida dimensão da violência monetária durante o processo de substituição da hegemonia inglesa pela norte-americana. O artigo aborda três momentos chaves da violência monetária, o processo de financiamento da Segunda Guerra, a implementação do regime de Bretton Woods e, por fim, a guerra financeira praticada durante a crise do canal de Suez. Sendo assim, o artigo conclui que a moeda e a dimensão financeira não foram apenas relevantes na gestão dos períodos de hegemonias, mas cumpriram papéis importantes no processo de transição.
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