“Apenas uma garota”: Greta Thunberg e os enquadramentos da raiva
DOI:
https://doi.org/10.22409/rmc.v14i1.38686Palavras-chave:
Mídia, Infância, Raiva, Medicalização, Gênero.Resumo
Neste artigo, examinamos como distintas noções de infância são usadas para invalidar, justificar ou enaltecer a liderança política de Greta Thunberg, de 16 anos, que se notabilizou pelo seu ativismo ambiental – especialmente, após a participação na Cúpula do Clima, realizada pela Organização das Nações Unidas. Ainda que sua idade remeta a outras classificações etárias, a infância é mencionada, com frequência, tanto por seus defensores quanto por seus detratores. O corpus da investigação é composto por artigos de opinião e por reportagens, publicadas na mídia brasileira, em 2019. Na análise do material, ressaltamos três eixos do debate sobre a legitimidade da atuação pública da estudante sueca: 1) a autonomia e a relevância do discurso infantil; 2) idealizações da infância e da juventude feminina como naturalmente esperançosas e afáveis; 3) a medicalização da revolta, a partir do estabelecimento de um nexo causal entre o transtorno mental de Greta Thunberg, diagnosticada com síndrome de Asperger, e a veemência de suas críticas. Argumentamos que os embates discursivos sobre a ativista sueca revelam a fragilidade da concepção da criança como sujeito e a inserção restritiva da criança nos atuais regimes de regulação das emoções.
Downloads
Referências
Bibliografia
BLAUVELT, Martha Tomhave. The work of the heart: young women and emotion, 1780-1830. Charlottesville: University of Virginia Press, 2007 //
FREIRE FILHO, João. A comunicação passional dos fãs: expressões de amor e de ódio nas redes sociais. In: BARBOSA, Marialva; MORAIS, Osvando. (Org.). Comunicação em tempo de redes sociais: afetos, emoções, subjetividades. São Paulo: INTERCOM, 2013, p. 127-154.
FREVERT, Ute. Emotions in history: lost and found. Budapeste: Central European University Press, 2011.
GRASSO, Linda M. The artistry of anger: black and white women’s literature in America, 1820– 1860. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2002.
JAMES, Allison. Agency. In: QVORTRUP, Jens et al. (Ed.). The Palgrave handbook of childhood studies. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2009.
JIMENO, Myriam. Crimen pasional: contribución a una antropología de las emociones. Bogotá: Editorial Universidad Nacional de Colombia, 2004.
LYMAN, Peter. The domestication of anger: use and abuse of anger in politics. European Journal of Social Theory, n. 7, v. 2, p. 133–47, 2004.
OSWELL, David. The agency of children: From family to global human rights. Cambridge University Press, 2013.
PRIBRAM, E. Deidre. A cultural approach to emotional disorders: psychological and aesthetic
interpretations. Nova Iorque: Routledge, 2016.
QVORTRUP, Jens (org.). Studies in modern childhood: Society, agency, culture. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2005.
STEARNS, Peter N. Girls, boys, and emotions: Redefinitions and historical change. The Journal of American History, v. 80, n. 1, p. 36-74, 1993.
STEARNS, Peter N. Obedience and emotion: A challenge in the emotional history of childhood. Journal of Social History, v. 47, n. 3, p. 593-611, 2014.
STEARNS, Peter N. Children and emotions history. European Journal of Developmental Psychology, v. 14, n. 6, p. 659-671, 2017.
STEARNS, Peter N. Happy Children: A Modern Emotional Commitment. Frontiers in psychology, v. 10, 2019.
TOMAZ, Renata. O que você vai ser antes de crescer: Youtubers, infância e celebridade. Salvador: UFBA, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).