Autorrepresentação indígena como política de identidades em luta
DOI:
https://doi.org/10.22409/rmc.v16i2.53387Palavras-chave:
Autorrepresentação, Povos indígenas, Políticas de identidadeResumo
Desde a chegada portuguesa ao Brasil, em 1500, os povos originários foram representados pelo viés eurocêntrico. Foi assim nas cartas dos primeiros exploradores enviadas à Coroa, nos sermões de catequização, nas pinturas feitas durante expedições que documentaram o território e, mais tarde, em livros, materiais didáticos, audiovisuais e jornalísticos. O giro decolonial começa no final do Século XX, quando indígenas brasileiros passam a registrar e publicar imagens e narrativas próprias. Por meio de pesquisa teórica e revisão bibliográfica, na perspectiva dos Estudos Culturais e Decoloniais, constata-se que a comunicação consiste no elemento central das políticas de identidade indígena e a autorrepresentação demarca a ruptura com a imagem do índio genérico, estereotipado e parado no tempo, o que consideramos uma política de identidades em luta.
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