“Apenas uma garota”: Greta Thunberg e os enquadramentos da raiva
DOI:
https://doi.org/10.22409/rmc.v14i1.38686Keywords:
Mídia, Infância, Raiva, Medicalização, Gênero.Abstract
Neste artigo, examinamos como distintas noções de infância são usadas para invalidar, justificar ou enaltecer a liderança política de Greta Thunberg, de 16 anos, que se notabilizou pelo seu ativismo ambiental – especialmente, após a participação na Cúpula do Clima, realizada pela Organização das Nações Unidas. Ainda que sua idade remeta a outras classificações etárias, a infância é mencionada, com frequência, tanto por seus defensores quanto por seus detratores. O corpus da investigação é composto por artigos de opinião e por reportagens, publicadas na mídia brasileira, em 2019. Na análise do material, ressaltamos três eixos do debate sobre a legitimidade da atuação pública da estudante sueca: 1) a autonomia e a relevância do discurso infantil; 2) idealizações da infância e da juventude feminina como naturalmente esperançosas e afáveis; 3) a medicalização da revolta, a partir do estabelecimento de um nexo causal entre o transtorno mental de Greta Thunberg, diagnosticada com síndrome de Asperger, e a veemência de suas críticas. Argumentamos que os embates discursivos sobre a ativista sueca revelam a fragilidade da concepção da criança como sujeito e a inserção restritiva da criança nos atuais regimes de regulação das emoções.
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