Os sentidos apontando para uma nova transformação, de Hélio Oiticica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/poiesis.v20i34.38529

Palavras-chave:

Oiticica, arte brasileira, arte contemporânea, Studio International

Resumo

Este texto foi escrito para o Simpósio de “arte tátil” realizado este ano (12 de  julho  de  1969)  na  Universidade Estadual da Califórnia em  Long  Beach  –
Lygia Clark e eu fomos convidados. O texto pretende mostrar e definir as possíveis  relações  com  o  sujeito  e,  também,  as  profundas  diferenças,  indicando  os pontos em comum entre os trabalhos de ambos e a procura de um novo exercício
de comunicação que, ao invés de uma busca por “invenções formais”, sirva como
uma verdadeira linha de pensamento para lidar com os desafios da atualidade.

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Biografia do Autor

Luiz Guilherme Vergara, Universidade Federal Fluminense, Brasil

Luiz Guilherme Vergara é professor associado do Departamento de Arte e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da UFF. É cofundador do Instituto MESA e coeditor da Revista MESA.

Kelly Santos, Universidade Federal Fluminense, Brasil

Kelly Santos é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da UFF.

Referências

(1) N. do T.: Ressalta-se ao longo deste texto uma característica “literária” de Hélio Oiticica no uso do traço de união (hífen) investido de semântica como junção poética preenchendo o elo entre duas palavras por um elemento gráfico que ultrapassa a linguagem escrita para uma confluência gráfica. Exemplo: "_é a total incorporação. É a incorporação do corpo na obra e da obra no corpo... eu chamo in traço de UNIÃO, corporação”. (CARDOSO, Ivan. Ivanpirismo p. 68-69). Citação apresentada por Cesar Oiticica Filho em seu texto “A arte supra-sensorial do Yoga.” Da mesma forma, podese reconhecer também o uso recorrente das setas “→” tornando o texto como uma geopoética de atenção, sinalização e caminho. Um aprofundamento maior é também reconhecido como possível apropriação ou parte da alfabetização do Hélio junto ao seu avô José Oiticica, que elaborou uma gramática com uso de setas, círculos e outras formas de sobrepor a escrita com um dispositivo gráfico visual, mais uma vez territorializando o texto como uma geopoética entre leitura-caminho. (Depoimentos da Vera Oiticica, tia do Hélio Oiticica, em conversas sobre a gramática Oiticica com Luiz Guilherme Vergara nos anos 1990.)

(2) No uso fora do padrão de Oiticica do termo “objetal”, o sufixo “-al” significa “relacionado com; do tipo de” um objeto, em vez de como-objeto.

(3) N. do T.: Observou-se no documento original do Hélio Oiticica (datilografado, p. 1, em inglês) um desacordo com o documento do MIT (ARTMargins). Assim, no documento original: “the dissolution of art into it is not also ‘an objectal dissolution’ but a fowing of concentrated specific ideas” [...] Na edição da ARTMargins, o verbo “fowing” está como “forming” of concentrated specific ideas. Ressalte-se a diferença de sentido entre “fowing” como “temendo” e “forming” – formando. Paula Braga sugere “flowing”, sendo um verbo bastante usado pelo artista. Assim, Oiticica teria cometido um erro de datilografia esquecendo o “l” de “flowing”. Texto encontrado no link: https://legacyssl.icnet-works.org/extranet/enciclopedia//ho/detalhe/docs/ds p_imagem.cfm?name=anexo/0486.69%20normal%20p01%20-%20567.gif. (último acesso em 28 de outubro de 2018). Um outro link encontra-se uma versão datilografada com correções a mão do artista sobre o texto, também com “flowing”: https://legacyssl.icnetworks .org/extranet/enciclopedia//ho/detalhe/docs/dsp_imagem.cfm?name=anexo0486.69% 20normal%2004%20-%20569.gif (último acesso em 28 de outubro de 2018).

(4,5) Oiticica usa aqui uma forma adjetival rara “significativo”, no sentido de “ser um símbolo ou signo de algo; tendo um significado”.

(6) N. do T.: Na tradução do inglês de “sympathetic creative process”, optamos por “processos criativos sinergéticos”.

(7) O uso por Oiticica do termo “insuficiência” não está gramaticalmente correto, uma vez que nomes de origem latina convencionalmente tomam o prefixo “in-” em inglês. Entretanto, além do sentido de “ausência de”, o prefixo “un-” carrega o sentido de “o inverso de” como também o de “ausência de”, a qual “in-” não tem e, portanto, serve aqui como um intensificador.

(8) Assim como em "objetal", o sufixo "-al" em "grupal" significa "relacionado a; do tipo de” um grupo, ao invés de grupo. Também é possivelmente uma construção portmanteau, fundindo os sentidos de "grupo" e "comunal".

(9) N. do T.: Utilizamos trecho traduzido pelo próprio artista e publicado como Carta Hélio Oiticica para Lygia Clark. Londres, 27/6/1969. In FIGUEREDO, Luciano (Org.). Lygia Clark – Helio Oiticica: Cartas 1964-74. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998, p. 121.

(10,11) Na tradução da ARTMargins não consta “processo-vital”. Apenas na tradução feita na carta do Hélio Oiticica para Lygia Clark, conforme citado na nota acima.

(12) N. do E.: A imagem à p. 17 é um fac-símile de uma das versões/reelaborações de Hélio Oiticica para o texto aqui traduzido.

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Como Citar

Vergara, L. G., Santos, K., & Oiticica, H. (2019). Os sentidos apontando para uma nova transformação, de Hélio Oiticica. REVISTA POIÉSIS, 20(34), 17-28. https://doi.org/10.22409/poiesis.v20i34.38529