Ser pontual num encontro que só pode falhar. Notas sobre a contemporaneidade do artista
DOI:
https://doi.org/10.22409/poiesis.1727.21-38Palabras clave:
contemporaneidade artística, anacronia, tempo da arteResumen
Este artigo pretende ser um contributo para a discussão sobre o que é a contemporaneidade do artista. Não se trata tanto de responder à pergunta o que é a arte contemporânea, mas tentar identificar as razões pelas quais o modo de pensar cronológico é insuficiente para compreender a forma como os artistas estabelecem relações com o todo da história e do tempo. Uma relação que se descobre ser dialéctica e, seguindo as importantes sugestões de Didi-Huberman e Claire Bishop, anacrónica. Trata-se de uma caracterização da contemporaneida - de motivada pelo modo como as próprias obras são objectos detentores de uma temporalidade própria que exige aproximações, experiências e leituras diferentes das usadas habitualmente para ler os factos do mundo. Primeiro descobre-se que o tempo da arte é lugar de intensidades e que cada artista entende a história não como o desenrolar linear de obras e artistas, mas como lugares simultaneamen - te presentes de que a cada momento se podem aproximar e apropriar. Depois, compreende-se que a contemporaneidade é, sobretudo, um método de pensar e produzir conhecimento e arte que se caracteriza por ser dialéctico. Finalmente, a relação dos artistas com o seu tempo é um lugar de tensão porque não podem escapar ao encontro que têm marcado com o seu próprio tempo (um artista é de um tempo e pertence a uma época), mas esse é um encontro, como veremos com Agamben e o escultor português Rui Chafes, destinado a falhar, porque a arte é lugar de interrupção e de intervalo e nunca um lugar coincidente com as luzes que iluminam uma dada época e, depois, porque os artistas são aqueles que fixam o olhar no escuro e nas sombras do seu presente fazendo dessa escuridão um elemento essêncial da sua temporaneidade.Descargas
Citas
AGAMBEN, Giorgio, “O que é contemporâneo”, in Nudez [Nudità, 2009], trad. port. Miguel Serras Pereira, Lisboa: Relógio D’Água
Editores, 2010, p.20
BISHOP, Claire, Radical Museology or, What’s ‘Contemporary’ in Museums of Contemporary Art?, London: Koenig Books, 2014.
DIDI-HUBERMAN, Georges Devant le temps. Histoire de L’art at anachronisme des images, Col. Critique, Paris: Les Éditions de
Minuit, 2000.
CHAFES, Rui, “História da minha vida” in Entre o Céu e a Terra, Lisboa: Documenta, 2012
PELLBART, Peter Pál, , “What is the contemporary?”, in Afterall. A jornal of art, contexto and enquiry, nº 39, Summer 2015, Londres.
TSVIETAIVA, Marina, O poeta e o tempo, [Poet i Vremi, 1932], trad. Fernando Pinto do Amaral, Lisboa: Hiena Editora, 1993
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