Imagem trans: transe, fabulação e sobrevivências na fronteira
DOI:
https://doi.org/10.22409/poiesis.v23i39.52941Palavras-chave:
Umbanda; juventude; contação de histórias; Amazônia; gênero; fronteira; sobrevivênciaResumo
Em uma encruzilhada de confluências e divergências entre cinema, antropologia e artes visuais, o objeto deste texto se articula com o desenvolvimento de um longa-metragem sobre a rede de filhos e filhas de santo e o terreiro do Pai Jairo, e a fronteira na cidade de Tabatinga (AM), entre Brasil, Peru e Colômbia. Temos como base uma experiência híbrida de pesquisa junto à rede de jovens gays e trans atuantes na produção local de Umbanda mais ou menos próximos do mercado do sexo nesta tríplice fronteira. Apostamos nas potências da imagem e do ato narrativo e fabulativo enquanto chaves para habitar e transitar por mundos hostis e fazer emergir contrapoderes para transformar o real. O território especulativo ocupa um lugar especial na criação de mundos dessa rede, e os espaços de partilha narrativa marcam o seu cotidiano. Os nossos encontros com ela são atravessados pelas performances narrativas das jovens e de suas entidades companheiras. Com base nessas interações, pudemos também inventar e propor dispositivos metodológicos de "contação de estórias". Para sustentar nossas análises, apresentamos aqui algumas das muitas sequências narrativas íntimas que emergiram desses encontros.
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