Dossiê “Experimentações e diálogos em circuitos híbridos entre Cinema e Artes no Brasil” 

Organizado por: João Cícero Bezerra (CESGRANRIO), Nina Velasco e Cruz (UFPE), Rodrigo Gontijo (UEM).

Chamada aberta até 29/06/2024 para: 

  • Artigos;
  • Entrevistas;
  • Ensaios;
  • Resenhas;
  • E outros textos contemplados nas normas da revista.

Pensar o cinema na contemporaneidade, depois da revolução digital, nos leva a olhar para territórios vizinhos para revisitar conceitos e definições do campo. A palavra cinema, originária do grego "kinema", é uma corruptela de cinematógrafo, dispositivo de captura de imagens inventado no final do século XIX, que significa "escrita do movimento". Por razões comerciais, logo no início, o cinema se aproximou do teatro, ocupou espaços semelhantes e aprendeu a contar uma história. Mas este é um tipo de cinema. 

Porém, um outro cinema aconteceu em paralelo quando artistas se apropriaram do dispositivo cinematográfico e o mesclaram com outras práticas artísticas. Nos anos 1920, na Europa, os movimentos dadaísta e surrealista, por exemplo, realizaram filmes em diálogo com a pintura e com a psicanálise. Na década de 1960, no underground norte-americano, o cinema aconteceu em diálogo com a performance e com os shows de rock. Nos anos 1970, com a chegada do vídeo no Brasil, as experimentações com a imagem em movimento ganharam contornos mais consistentes nas mãos de artistas visuais e do corpo, como as produções brasileiras de Letícia Parente e Ana Lívia Cordeiro. Até então, as produções no campo do cinema e do vídeo eram realizadas em suportes diferentes, com características distintas. No final da década de 1990 com a chegada do digital, essas distinções caem por terra, já que são produzidas e exibidas a partir da mesma tecnologia, instaurando-se diferentes modalidades de deslocamentos em relação ao modelo comercial hegemônico. 

O presente dossiê parte da percepção de que tem havido uma série de experimentações audiovisuais que habitam espaços e circuitos normalmente não associados ao campo do cinema, mas que, no entanto, não deixam de atestar a potencialidade e multiplicidade desse campo. Seja nas galerias de arte, no palco do teatro, em festivais de dança ou mesmo nas redes digitais, o cinema que compreendemos aqui vai além da projeção em uma sala escura e do circuito de exibição comercial ou de festivais, que articula as mais diversas linguagens (pintura, fotografia, performance, teatro, dança etc.) e mobiliza conceitos que transcendem a teoria do Cinema, o que representa um desafio ao pensamento crítico a seu respeito. 

Convocamos artigos, ensaios, entrevistas, resenhas e outros tipos de texto contemplados nas normas da revista que reflitam sobre experiências no Brasil, de forma a produzirmos não apenas uma cartografia dessas produções, como também constituir um referencial teórico interdisciplinar. 

Alguns exemplos de artistas/cineastas que possuem trabalhos que povoam esse território são: Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, Cao Guimarães, André Parente, Kátia Maciel, Giselle Beiguelman, Lucas Bambozzi, Luiz DuVa, Roberta Carvalho, Jonathas de Andrade, Marcelo Masagão, Carlos Nader, Virgínia de Medeiros, Grupo Cena 11, Lenora de Barros, entre muitos outros. 

Aceitaremos artigos que tocam nos seguintes pontos:

  • Experiências audiovisuais em campos artísticos diversos e novos dispositivos de visibilidades;
  • Audiovisual em trânsito com outras linguagens artísticas na cultura brasileira contemporânea;
  • Circuitos híbridos do cinema expandido e audiovisual brasileiro;
  • Experiências audiovisuais instalativas, interativas, performativas e imersivas no contexto brasileiro;
  • A crítica e os novos meios de circulação da experiência estética do cinema e audiovisual expandido no Brasil. 

As normas de publicação da revista A barca podem ser encontradas em Submissões

Quaisquer dúvidas, escrever para abarcarevista@gmail.com