https://periodicos.uff.br/antropolitica/issue/feedAntropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia2024-08-21T16:56:17+00:00Lucía Eilbaum (editora-chefe)antropoliticauff@gmail.comOpen Journal Systems<p style="line-height: 20.95pt; background: white; margin: 16.75pt 0cm 16.75pt 0cm;"><span style="font-size: 11.5pt; font-family: 'Segoe UI','sans-serif';">A Antropolítica – Revista Contemporânea de Antropologia do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense é uma revista científica que tem como objetivo a publicação e divulgação ampla de conhecimentos e debates advindos da produção de conhecimento científico e acadêmico na área das Ciências Humanas e Sociais.</span></p> <p><strong>ISSN: 2179-7331</strong></p> <p><strong>Qualis: A2</strong></p>https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/63759Por uma história da população parda brasileira2024-07-18T15:11:32+00:00Ozaias da Silva Rodriguesozaiasufc@gmail.com<p>Esta resenha tem por finalidade fazer uma análise crítica da obra Pardos: a visão das pessoas pardas pelo Estado brasileiro (2021), trazendo percepções particulares sobre o tema do livro. A metodologia se baseia em leitura bibliográfica sobre o assunto e discussão em eventos acadêmicos das Ciências Sociais e entre os pares da Antropologia. A relevância do tema se mostra pela renovação necessária do olhar sobre o tema que pesquisadores/as pardos/as propõem em suas pesquisas e obras, defendendo uma perspectiva positiva sobre o ser pardo no Brasil. O livro traz uma contribuição ao debate das relações étnico-raciais, sobretudo ao tentar traçar uma história da população parda brasileira, sendo que essa história se deslinda em sua relação com o Estado. Denis Moura dos Santos dialoga com obras das Ciências Sociais, da História, do Direito, da Educação, bem como com legislação e notícias jornalísticas sobre o tema. Entre outras coisas, conclui-se que é necessário levar a sério a particularidade da população parda brasileira, sem vinculá-la a outro grupo racial, sendo fundamental pensar os pardos a partir dos pardos e de suas experiências de racialização e discriminação. Como desdobramento da discussão, vê-se a necessidade de falarmos de caboclos e pardos-indígenas, enfatizando a diversidade parda no Brasil.</p>2024-11-01T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Ozaias da Silva Rodrigueshttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62952Militância aguerrida em tempos catastróficos: o papel das ações coletivas do sindicato das trabalhadoras domésticas durante a pandemia2024-05-13T19:22:09+00:00Adara Pereira da Silvaadarapereira.s@gmail.com<p>A obra Os sindicatos das trabalhadoras domésticas em tempos de pandemia: memórias e resistências constrói, a muitas mãos, uma análise do papel do movimento sindical na pandemia, que conduz a uma reflexão acerca de sua amplitude e legado. Seu objetivo é refletir sobre a organização do trabalho doméstico e o papel central dos sindicatos das trabalhadoras domésticas na luta por direitos para as trabalhadoras domésticas. Devido à especificidade do trabalho doméstico, seu processo de sindicalização foi tardio, sendo legalizado apenas recentemente. A obra demonstra como esse feito foi possível por ser alicerçado coletivamente pela luta de diversas trabalhadoras domésticas e suas redes. Durante a pandemia o caráter coletivo não foi modificado, mas, foram elaboradas novas estratégias para adaptação ao “novo normal”, que objetivavam diminuir o impacto da vida de trabalhadoras que já sofriam precarizações antes mesmo desse contexto. O livro utiliza como metodologia a apresentação de dados quantitativos advindos de pesquisas elaboradas por distintas instituições e a construção de diálogos que destacam memórias e o legado de luta coletiva. Nesse sentido, a discussão apresentada ao longo dos oito capítulos apresenta as ações tomadas pelos sindicatos das trabalhadoras domésticas, que visavam protegê-las em tempos catastróficos, mas, também, acolhê-las, garantindo sua dignidade.</p>2024-11-16T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Adara Pereira da Silvahttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/64275O lugar do conhecimento antropológico: notas entre Brasil, França e Índia2024-08-21T16:56:17+00:00Vinicius Kauê Ferreiravinicius.ferreira@uerj.br<p>Neste artigo, analiso minha trajetória intelectual como antropólogo formado entre Brasil, França e Índia a fim de discutir recentes transformações da antropologia global, especialmente no que tange à sua internacionalização. Recorro ao conceito de “lugar do conhecimento” de Gyan Prakash para pensar a dimensão situada do conhecimento antropológico para além de sua localização geográfica, caracterizando-o antes como uma complexa rede de história, poder e cultura. De modo complementar, valho-me também da ideia de “política do lugar” de Purnima Mankekar, explorando como pertencimento nacional, identidade e posicionamentos políticos influenciam o papel do pesquisador no cenário global da academia. A partir da minha própria trajetória, que vai de uma origem de classe trabalhadora no Brasil ao estudo da antropologia indiana na França, examino os desafios e potencialidades de uma carreira acadêmica internacionalizada para um pesquisador do Sul Global. Ao me engajar em uma autoanálise crítica, destaco as dinâmicas de poder, as representações culturais e as expectativas sociais que impactam a mobilidade acadêmica e a produção de conhecimento entre diferentes regiões, questionando as noções tradicionais de legitimidade e autoridade intelectual no mundo acadêmico globalizado. Argumento que fazer uma antropologia entre lugares envolve a construção para si de um conhecimento móvel e descentrado, baseado num constante e fértil tensionamento entre princípios teóricos e experiências subjetivas.</p>2024-10-01T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Vinicius Kauê Ferreirahttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57902O microcomércio doméstico de crack realizado por mulheres pobres, negras e idosas na Favela do Oitão Preto em Fortaleza, Ceará2023-04-26T11:05:27+00:00Maria Gomes Fernandes Escobarmaria.escobar@uece.brMaria Glaucíria Mota Brasilgmotabrasil@gmail.comMarcílio Dantas Brandãomarcilio.brandao@gmail.com<p>O artigo resulta de uma etnografia realizada na Favela do Oitão Preto em Fortaleza, Brasil, entre os anos de 2018 e 2019. Analisando o microcomércio de crack, evidenciamos a adesão de grupos anteriormente excluídos ou pouco participantes desse circuito. A partir dessa percepção, buscamos compreender a maneira como mulheres pobres, negras e idosas encontraram condições objetivas para aderir a uma prática microcomercial realizada dentro de suas casas e sem o uso de violência. A análise identificou sociabilidades existentes entre essas mulheres, seus clientes, outros vendedores e policiais, além da maior capilaridade que o comércio de drogas adquiriu nas comunidades e favelas, a partir do fortalecimento das facções criminosas nesses locais. Concluímos que esse microcomércio “doméstico” de crack no Oitão Preto está integrado à rotina diária de algumas mulheres que aderiram a tal prática pela necessidade de dinheiro, bem como devido ao fato de estarem excluídas do mercado formal de trabalho e à certeza da existência de uma clientela para a mercadoria que é o crack.</p>2024-08-28T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Maria Gomes Fernandes Escobar, Maria Glaucíria Mota Brasil, Marcílio Dantas Brandãohttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57938Passageiros que não pagam passagem: reflexões sobre conexões entre circulação urbana e privação de liberdade2023-05-15T15:47:42+00:00Luana Almeida Martinsluanamartins@hotmail.com.br<p>Os espaços de privação de liberdade têm sido pensados cada vez mais não só como instituições totais apartadas da vida urbana, mas também através de seus fluxos, da circulação ou da porosidade. Essas reflexões vão desde as relações entre pessoas que circulam entre o dentro e o fora da prisão até a maneira como a administração das unidades de privação de liberdade funciona. A partir de uma pesquisa etnográfica realizada em uma unidade socioeducativa de internação provisória, pude observar como essa porosidade pode ser pensada não só por suas dimensões estáticas, mas também pelo foco na circulação urbana, mais especificamente a partir do trajeto de um transporte público coletivo. Nesse sentido, neste artigo busco refletir sobre a relação entre a circulação urbana, a segurança pública e o sistema socioeducativo a partir de relatos de meus interlocutores sobre uma linha de ônibus específica que conecta a Zona Sul e a Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e por vezes acaba por criar outros pontos de conexão: a prisão para esses adolescentes que se representam como passageiros que não pagam a passagem. Assim, tratarei de questões que se relacionam não só com o controle social e o crime, mas também da circulação de determinados grupos pela cidade e sua relação com a privação de liberdade. </p>2024-08-16T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Luana Almeida Martinshttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57949A produção do fluxo de justiça para o tráfico de drogas: o que “dizem” os autos criminais2023-05-10T11:25:50+00:00Rodrigo Figueiredo Suassunasuassuna.rodrigo@gmail.comLuisa Galvão Donatiluisagalva@gmail.com<p>Este artigo examina autos de ações criminais por tráfico de drogas que tramitaram no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte. O objetivo é compreender o que esses documentos são capazes de apontar a respeito das assimetrias entre os principais atores da justiça criminal – policiais, promotores e juízes – no fluxo dessas ações. A leitura e a análise dos autos de 204 ações criminais apontaram um fluxo de produção dos documentos que compõem cada processo. Nesse fluxo, o registro inicial, na forma de um auto de prisão em flagrante, desempenha papel fundamental, uma vez que seus aspectos centrais são reconstituídos pelos documentos produzidos em etapas posteriores, como a denúncia e a sentença. As narrativas policiais sobre o fato criminal e os vocabulários de motivos para a prisão em flagrante são reaproveitados nas fases seguintes, indicando que a produção documental da polícia civil tem mais relevância para o processo como um todo do que os documentos da fase judicial ou de instrução.</p>2024-08-28T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Rodrigo Figueiredo Suassuna, Luisa Galvão Donatihttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57950Povo de Israel: representações sobre acolhimento, extorsão, violência e humilhação em dois presídios da região metropolitana do Rio de Janeiro2023-05-30T12:17:45+00:00Jaider dos Santos Costajaider.scosta@gmail.comJosé Colaço Dias Netojosecolaco@id.uff.br<p>Este artigo objetiva apresentar as representações de ex-detentos que estiveram em dois presídios da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro acerca do surgimento, do conjunto de regras e moralidades do coletivo prisional denominado Povo de Israel (“Rael”), coletivo formado por presos que não foram aceitos pelos demais coletivos em razão dos crimes praticados (estupro, estelionato, entre outros) e/ou por aqueles que traíram e foram dissidentes de seu grupo de origem. A pesquisa se deu através de entrevistas com os interlocutores em situação de liberdade, algumas delas realizadas pelo WhatsApp, durante a pandemia. Os relatos evidenciaram diferentes representações da circulação de valores e da regulação de conflitos entre os presos do “Rael”. Assim, busca-se refletir sobre tais representações a partir da “caixinha” – que, para uns, consiste em uma espécie de fundo que aloca determinada quantia em dinheiro para ser revertida em favor dos próprios detentos, usada por novatos, por exemplo, na compra de itens de higiene pessoal e/ou produtos que serão revendidos no presídio ou mesmo com o objetivo de prover a aquisição de bens necessários ao uso comum em cada cela e, para outro, se trata de uma forma de extorsão – e a da prática da “solução” – que, para uns, seria um julgamento legítimo que ocorre entre os detentos e pode ter como pena um castigo físico e, para outro, configura “um espancamento brutal”. Por fim, esperamos produzir uma contribuição qualitativa para a discussão sobre o sistema prisional no contexto do Rio de Janeiro.</p>2024-08-28T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Jaider dos Santos Costa, José Colaço Dias Netohttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57976Espaços de rupturas e territórios de violência: notas sobre como a Palestina resiste às tragédias impostas por Israel2023-12-18T11:19:24+00:00Maiara Diana Amaral Pereiramaiaraamaral88@gmail.comMarina Rute Pachecomarinarutepacheco@iesp.uerj.br<p>A Palestina se tornou uma grande prisão a céu aberto a partir de diversos mecanismos colocados em ação pelo sionismo, dentre eles o muro da Cisjordânia, checkpoints e as próprias prisões. Este artigo tem como objetivo demonstrar de que, em toda relação de poder, existe espaço para rupturas e resistência, ainda que essas sejam reduzidas por determinadas condições, por exemplo, estar preso. E através de um levantamento bibliográfico e análise de imagens evidenciamos as violências que os palestinos são submetidos por Israel e sua ideologia sionista e de como lutam pela liberdade, soberania do seu povo e pelo seu território.E que a resistência é multifacetada e ocorre, por exemplo dessa com os desenhos feitos por Zuhdi Al Aduwi e Mohammed Roukwie, prisioneiros palestinos, na cadeia de Ashkelon na década de 1980, as greves de fome, as fugas de prisioneiros de cadeias e a luta da rede de apoio dos prisioneiros palestinos.</p>2024-08-28T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Maiara Diana Amaral Pereira, Marina Rute Pachecohttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58194Moral consumption and fujoshi fetishism among boys love (BL) series fans in Brazil2023-08-09T14:09:21+00:00Igor Leonardo de Santana Torrestorres.igorsantana@gmail.com<p>Boys love (BL) names a set of literary and audiovisual productions of male homoeroticism. Since the emergence of this genre (initially as fan texts and then as television series) there have been intense and tumultuous debates about the representation of gay men and consumption practices considered fetishistic and hypersexualizing. In the case of the Brazilian BL fandom, through the digital ethnographic method, with systematic and individual participant observation among fans, I will show that surveillance of other people’s consumption has become intrinsic to the consumption of BL series itself, a phenomenon that I call moral consumption, which involves other relations of distinction, specifically between fujoshi and non-fujoshi Brazilian fans. This differentiation produces a symbolic reductionism that is intrinsically associated with orientalist discourses and practices, which I name fujoshi fetishism, another concept that I will address in this article.</p>2024-08-16T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Igor Leonardo de Santana Torreshttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58456Três campanhas e uma representação: a infância pré-moderna no bolsonarismo2023-09-14T18:28:53+00:00Fernanda Müllerfernanda.muller@gmail.comEmilene Leite de Sousaemilenesousa@yahoo.com.br<p class="Normal1" style="text-align: justify;">Este artigo realiza uma análise antropológica de imagens e palavras de Jair Messias Bolsonaro, enfocando especificamente seu conteúdo relacionado a crianças e divulgado amplamente na mídia de 2018 a 2022. Problematiza sociologicamente o termo “campanha”, ao investigar três campanhas promovidas pelo bolsonarismo de forma interconectada e interdependente: a promoção do militarismo, a defesa do trabalho infantil e a oposição à vacinação infantil contra a Covid-19. O artigo propõe o contraste entre a representação bolsonarista da infância e as noções de provisão, proteção e participação infantil, segundo delineadas na legislação sobre a infância do século XX. A conclusão central do estudo é que o bolsonarismo promove uma representação das crianças como pequenos adultos, em uma abordagem que sugere um retorno a uma perspectiva pré-moderna da infância.</p>2024-09-02T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Fernanda Müller, Emilene Leite de Sousahttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58585Uma “captura” comercial em forma de análise sensorial: investigando o “regime de engajamento na atenção” nos marcos das relações de consumo de café especial2023-06-14T13:17:34+00:00Igor Perrutigor_perrut@hotmail.com<p>A partir de um estudo etnográfico de cafeterias de café especial e de um evento de degustação de cafés na cidade do Rio de Janeiro, o presente artigo argumenta que as relações de consumo no mercado de café especial se pautam pelo que se propõe chamar aqui de “regime de engajamento na atenção”, alargando-se a perspectiva sociológica convencionalista iniciada pelo francês Laurent Thévenot. Para isso, em um primeiro momento, o artigo destaca a premência da degustação no desenvolvimento histórico de um nicho de comercialização do café, denominado de café especial. Depois, apresenta-se a perspectiva teórica dos “regimes de engajamento”, finalizando-se a discussão com a proposição de uma nova modalidade desses regimes, construída a partir da análise das relações de consumo no mercado de cafés especiais, em que o exercício coordenado de identificação de alguma experiência modeliza uma percepção comum sobre ele que engaja socialmente os atores em suas ações.</p>2024-09-02T00:00:00+00:00Copyright (c) 2024 Igor Perrut