https://periodicos.uff.br/antropolitica/issue/feed Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia 2025-01-02T12:36:50+00:00 Lucía Eilbaum (editora-chefe) antropoliticauff@gmail.com Open Journal Systems <p style="line-height: 20.95pt; background: white; margin: 16.75pt 0cm 16.75pt 0cm;"><span style="font-size: 11.5pt; font-family: 'Segoe UI','sans-serif';">A Antropolítica – Revista Contemporânea de Antropologia do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense é uma revista científica que tem como objetivo a publicação e divulgação ampla de conhecimentos e debates advindos da produção de conhecimento científico e acadêmico na área das Ciências Humanas e Sociais.</span></p> <p><strong>ISSN: 2179-7331</strong></p> <p><strong>Qualis: A2</strong></p> https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58818 Matica: migrantes venezuelanos e redes migratórias em Boa Vista Roraima 2023-09-15T12:33:10+00:00 Germano Lopes Ângelo lopesgermano33@hotmail.com Olendina de Carvalho Cavalcante dcavalcante@hotmail.com <p>Migração é um fenômeno contemporâneo no Brasil. O mais acentuado é a dos venezuelanos que entram ao território brasileiro a partir da cidade de Pacaraima que faz fronteira com a Venezuela. Esta cidade está localizada no Estado de Roraima. A maioria teve como destino em um primeiro momento a capital deste Estado A migração é um fenômeno contemporâneo no Brasil, destacando-se especialmente a dos venezuelanos que entram no território brasileiro pela cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Esta cidade está localizada no Estado de Roraima, e a maioria dos migrantes tem como destino inicial a capital deste Estado. O presente artigo possui dois objetivos. Primeiramente, compreender a construção das redes migratórias em três espaços de sociabilidade dos migrantes venezuelanos. Em segundo lugar, analisar o papel dessas redes no processo migratório venezuelano em Boa Vista, Roraima. Para atingir esses objetivos, descrevemos a organização e a dinâmica de três espaços de sociabilidade chamados de maticas. Esses espaços estão localizados no perímetro urbano da capital do estado de Roraima. Os migrantes venezuelanos utilizam esses espaços para oferecer sua força de trabalho de maneira informal, uma vez que não têm interesse no trabalho formal, devido a estratégias de sobrevivência. Nossa metodologia incluiu pesquisa bibliográfica sobre a migração venezuelana e a realização de etnografia participante, na qual ouvimos as narrativas de três migrantes venezuelanos, os integrantes mais antigos de cada espaço. Seguindo a abordagem de Clifford Geertz (1989), buscamos interpretar em segunda ou terceira mão a cultura dos migrantes que interagem nesses espaços. As maticas funcionam como redes de acolhimento migratório tanto em âmbito nacional quanto internacional. Nesses espaços, são construídas redes pessoais, sociais e migratórias, permitindo que os migrantes enfrentem a exclusão a que são submetidos por meio da interiorização da Operação Acolhida, conforme relatado por nossos interlocutores.</p> 2025-01-02T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2024 Germano Lopes Ângelo, Olendina de Carvalho Cavalcante https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58826 Uma análise dos discursos conservadores sobre “ideologia de gênero” a partir dos estudos queer e do feminismo negro decolonial 2023-07-07T12:39:12+00:00 Pablo Ornelas Rosa pablorosa13@gmail.com Jésio Zamboni zambonijesio@gmail.com Breno Buxton dos Reis Vieira brenobuxton@yahoo.com <p>A intensificação de conflitos envolvendo direitos sexuais e reprodutivos tem sido tratada por distintos segmentos conservadores da sociedade brasileira como um ataque às tradições coloniais hierarquicamente consolidadas no Ocidente a partir de discursos encontrados em perspectivas teóricas orientadas tanto pelo pensamento escolástico, quanto pela psicologia evolutiva, difundida por figuras que só puderam se aproximar por meio da influência direta de Olavo de Carvalho, assim como de seus alunos e alunas, a exemplo de Ana Caroline Campagnolo. É por meio do reconhecimento desse embate abarcando perspectivas antagônicas sobre gênero e sexualidade que este artigo propõe uma análise genealógica sobre o uso da noção “ideologia de gênero”, tomando os estudos queer e o feminismo negro decolonial como ponto de partida, em contraposição aos discursos conservadores. Este texto encontra-se dividido em três partes: na primeira, serão apresentados os seus antecedentes e os consequentes eventos conservadores utilizados na legitimação de seus discursos; na segunda, será realizada uma análise sobre os principais referenciais teóricos mobilizados por autores que adotam uma postura reativa em relação aos estudos sobre gênero e sexualidade no Brasil; e por fim, na derradeira parte, evidenciaremos como que a crença na existência de uma natureza humana e sexual inata universalmente diferenciada entre homens e mulheres não se sustenta, quando tomamos como referência diversificadas pesquisas hodiernas orientadas pelos estudos queer e feminismo negro decolonial.</p> 2025-01-02T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2024 Pablo Ornelas Rosa, Jésio Zamboni, Breno Buxton dos Reis Vieira https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58881 Relações de contato na Terra Indígena Mãe Maria (PA): O mito Hàkti mẽ Kuhỳ (Gavião real e Fogo) 2023-12-21T14:30:12+00:00 Jerônimo da Silva e Silva jeronimosilva@unifesspa.edu.br Rodrigo da Costa Caetano profrodrigo@uenf.br <p>Durante a segunda metade do século XX, a Amazônia foi palco da intensificação das ditas políticas de colonização do Estado brasileiro. Esse processo teve como consequência o deslocamento compulsório do povo indígena Gavião (Kỳikatêjê, Parkatêjê e Akrãtikatêjê) para a Terra Indígena Mãe Maria, localizada no sudeste do Pará. O artigo analisa como as lideranças indígenas pensam o mito Hàkti mẽ Kuhỳ (Gavião real e Fogo) enquanto discurso cuja interpretação é mobilizada à luz das vicissitudes do contexto das tratativas das relações com a mineradora Vale S/A, situa as articulações internas das alianças intergrupais, as estratégias discursivas e certas compreensões nos usos de sua própria língua e da língua portuguesa e na defesa dos interesses territoriais. A orientação metodológica da pesquisa de campo antropológica, se situa no acompanhamento das relações entre os Gavião e a Vale S/A entre 2018 e 2022 no âmbito das políticas de renovação de convênio, no registro das reuniões, encontros dos caciques e das implicações dos saberes tradicionais em situações de conflito. A conjuntura das lutas e formas de organização Gavião nos últimos anos, sublinhando rapidamente a complexidade da vida indígena na Terra Indígena Mãe Maria são articuladas ao mito referenciado como parte do próprio processo de transformação da sociedade e da cultura, sendo, portanto, chave de leitura significativa no intento de perceber como os termos próprios do pensamento indígena Gavião são pensados a partir do contato com a presença não indígena.</p> 2025-01-02T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2024 Jerônimo da Silva e Silva, Rodrigo Costa Caetano https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/59337 Decisões eleitorais e a “aceitação” da diversidade sexual e de gênero na família: conflitos e conciliações entre “pessoas trans” e seus familiares nas eleições de 2018 para a presidência do Brasil 2023-08-28T13:41:54+00:00 Arthur Leonardo Costa Novo arthurleocn@gmail.com <p>Este artigo discute os dilemas, tensionamentos e embates vividos por “pessoas trans”, travestis e transexuais, e suas famílias de origem durante a campanha eleitoral de 2018 para a Presidência da República. O objetivo é compreender como as disputas na arena política envolvendo moralidades sexuais, concepções de gênero e sexualidade e valores familiares foram experienciadas no cotidiano dos sujeitos com suas famílias. A problemática é relevante porque evidencia a permeabilidade da política à vida íntima, contribuindo para entender em que medida relações com familiares trans ou homossexuais têm ou não reflexo nas preferências de eleitores por candidatos considerados progressistas ou conservadores nas pautas relacionadas à diversidade sexual e de gênero. Os dados resultam de pesquisa de campo etnográfica realizada ao longo de 14 meses, entre 2018 e 2019, em João Pessoa (PB), em um ambulatório do “Processo Transexualizador” do Sistema Único de Saúde (SUS), em centros de políticas públicas para homossexuais, travestis e transexuais e em atividades de ativismo de uma organização de famílias de “filhos LGBT+”. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas, em profundidade, com 21 homens trans, mulheres trans e travestis e com 14 familiares de sujeitos transexuais. A pesquisa evidenciou como conflitos no campo da diversidade sexual e de gênero que ganharam relevo no debate público durante as eleições produziram efeitos variados nos arranjos de “aceitação” que preservavam as relações familiares, mobilizando decisões de voto e adesão às candidaturas identificadas como contrárias ou favoráveis aos direitos de minorias sexuais e de gênero.</p> 2025-01-02T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2024 Arthur Leonardo Costa Novo https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/59566 O ethos dos territórios periféricos do mundo colonial: um pensar a partir dos corpos, do poder e da subjetivação 2023-10-04T23:25:07+00:00 Artur Mamed Cândido mamed.artur@gmail.com Marianna Holanda marianna.holanda@gmail.com <p>Partindo de uma abordagem transdisciplinar, este ensaio filosófico versa sobre os processos de subjetivação configurados nos territórios periféricos do mundo colonial. Propõe-se uma leitura compreensiva sobre o legado moral das relações coloniais-escravistas, no que se refere à constituição do ethos ainda vigente nesses territórios. Está pautado nas contribuições de pensadores associados a campos como os da Teoria do Reconhecimento, da Análise do Discurso, da Analítica do Biopoder e dos Estudos Coloniais e Decoloniais, para descrever e conceitualizar formas normativas histórica e politicamente constituídas por meio das quais o pleno reconhecimento da humanidade — enunciada conforme os parâmetros normativos europeus — foi e segue sendo negado aos corpos que habitam as periferias do mundo colonial. Afirma que o perfil ético e valorativo configurado nas periferias do mundo colonial é atualizado, desde o nascimento da Era Moderna, pela instituição de discursos e práticas reiteradas que operam reduzir o status moral de incontáveis corpos, remetendo-os à condição de não pessoas. Assim, lança mão da noção de corpos periféricos para descrever um modo de subjetivação que pode recair sobre incontáveis corporalidades e vivências marcadas pela experiência da violência colonial. Trata-se de imaginar uma categoria de inteligibilidade ético-política que inscreve todos os corpos historicamente marcados pelo domínio moderno-colonial, mesmo que esses já não habitem os territórios periféricos do mundo. De tal modo,a constituição do ethos dos territórios coloniais passa a ser lido enquanto um processo coletivo de produção dos sujeitos sociais acionados por dispositivos caracteristicamente modernos de subjetivação, como os dispositivos da raça, da classe, da capacidade e do gênero, que reproduzem e atualizam incessantemente as configurações de um biopoder colonial.</p> 2025-01-02T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2024 Artur Mamed Cândido, Marianna Holanda https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/60080 “Pele alvo”: o suspeito natural. Considerações sobre a prisão injusta do músico Luiz Justino 2023-12-04T14:13:51+00:00 Beatriz Fernandes Coelho Gomes beatrizcoelho@id.uff.br Felipe Berocan Veiga fbveiga@yahoo.com <p>Este artigo analisará um patente paradoxo: a mesma sociedade que apoia e investe em programas e projetos de inclusão social e que pretende, com muitas dessas ações, discutir e reparar historicamente o lugar atribuído à população negra em nossa sociedade é aquela que, sem titubear, ceifa qualquer possibilidade de ascensão e de representatividade dessa mesma população quando posta à prova, como foi o caso de Luiz Justino. Músico integrante da Orquestra de Cordas da Grota – projeto social de ensino de música erudita localizado na Grota do Surucucu, uma “comunidade” da Zona Sul de Niterói, Rio de Janeiro –, Luiz, jovem e negro, sofreu uma injustificável abordagem no centro de Niterói no dia 2 de setembro de 2020 e imediatamente foi conduzido à delegacia, onde ficou detido até ser transferido no dia seguinte para o presídio de Benfica. Em virtude da grande mobilização dos integrantes da Orquestra junto à mídia e aos movimentos sociais comprometidos com o antirracismo, o m úsico teve sua prisão revogada no dia 6 de setembro de 2020 e foi absolvido do processo no dia 9 de junho de 2021. A etnografia que dá base a este artigo foi realizada por meio da observação direta ao acompanhar os ensaios e apresentações da Orquestra, através de entrevistas com os interlocutores do campo e da análise da repercussão do caso na mídia, uma vez que a prisão do músico e seus desdobramentos foram acompanhados por todo o espectro da mídia, configurando-se como um “caso de repercussão”.</p> 2025-01-02T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2024 Beatriz Fernandes Coelho Gomes, Felipe Berocan Veiga https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61348 Laudos antropológicos em contextos quilombolas: breve ensaio bibliográfico sobre a produção brasileira 2024-02-06T12:07:49+00:00 Rosânia Oliveira do Nascimento rosaniaoliveira01@gmail.com <p>Neste texto, temos por objetivo apresentar a revisão bibliográfica sobre a produção antropológica referente a produção de laudos antropológicos em contextos quilombolas no Brasil. Em termos metodológicos, empreendemos buscas em publicações da Associação Brasileira de Antropologia, especialmente as referências recorrentes em documentos e na produção científica de integrantes do Comitê Quilombos. Dessa forma, adotamos os seguintes descritores nas buscas: “direitos humanos”, “terras de preto”, “territorialidades quilombolas”, “comunidades negras rurais”, “quilombos”, “conflitos socioambientais”, “laudos/perícias” e “ética” e, em uma segunda etapa, selecionamos os principais livros e coletâneas. Assim, em uma terceira etapa, foram realizadas buscas de artigos científicos usando os descritores anteriores em plataformas como a Scielo, Academia Edu, OasisBr. e Google Acadêmico. Ao final do texto, consideramos que o artigo 68 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988 foi um marco na trajetória de luta do movimento nacional quilombola, mas impôs nos anos seguintes a necessidade de sua implementação no âmbito governamental. Nesse imbróglio, identificamos uma trama de sujeitos envolvidos como a sociedade civil organizada, a Associação Brasileira de Antropologia, Ministério Público Federal, Instituto Nacional de Reforma Agrária, Fundação Cultural Palmares, pesquisadores/as, acadêmicos/as. No entanto, ainda que tenhamos percebido o avanço de políticas públicas na esfera governamental, a titulação dos territórios quilombolas não tem sido efetivada pelo Estado brasileiro.</p> 2025-01-02T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2024 Rosânia Oliveira do Nascimento https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61344 Entre a rua e aldeias: mobilidade, memória e retomada Pankaxuri (AL) 2024-03-25T16:15:17+00:00 Claudia Mura cld.mura@gmail.com Wemerson Ferreira da Silva wemersonbranquinha@gmail.com <p>O artigo aborda a mobilidade e a elaboração da memória de uma família indígena Pankaxuri no processo de retomada da Cachoeira do Tamanduá, uma área localizada no agreste alagoano, Nordeste do Brasil. Desde uma abordagem etnográfica, analisa as atuais disputas entre diferentes atores sociais e instituições, além da heterogeneidade de trajetórias das famílias indígenas que habitam a região e que, em diferentes situações históricas, foram e são diversamente impactadas pela ação de Estado. O trabalho busca demonstrar que a mobilidade propiciou o convívio entre famílias que, compartilhando a condição de desaldeadas e o mesmo contexto experiencial, caracterizado por uma posição de desigualdade em relação a outras famílias indígenas, refletem sobre a própria condição, articulam-se e engajam-se na luta pela terra. O agenciamento de memórias, entidades e conhecimentos que essa reivindicação territorial impulsiona, delineia específicos territórios que desafiam as fronteiras físicas e administrativas das Terras Indígenas, viabilizando tanto a continuação das formas organizativas indígenas, quanto a atualização de coletivos étnicos. A elaboração da memória pelos/as membros da atual comunidade Pankaxuri é atrelada à restauração de sua reputação moral cuja demonstração pública, realizada por meio do discurso emocional, vem permitindo a ressignificação das perdas e dos traumas gerados por repetidas experiências de expulsões e deslocamentos, aglutinando famílias indígenas que se engajam em um projeto coletivo de vida entre parentes.</p> 2025-01-02T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2024 Claudia Mura, Wemerson Ferreira da Silva