Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia https://periodicos.uff.br/antropolitica <p style="line-height: 20.95pt; background: white; margin: 16.75pt 0cm 16.75pt 0cm;"><span style="font-size: 11.5pt; font-family: 'Segoe UI','sans-serif';">A Antropolítica – Revista Contemporânea de Antropologia do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense é uma revista científica que tem como objetivo a publicação de artigos e resenhas relevantes para o campo da Antropologia e áreas afins, <span style="background: white;">qualificada como A2 pela Capes desde 2013</span></span>.<br /><strong><span style="font-size: 11.5pt; font-family: 'Segoe UI','sans-serif';">ISSN</span></strong><span style="font-size: 11.5pt; font-family: 'Segoe UI','sans-serif';">: 2179-7331</span></p> Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal Fluminense pt-BR Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia 1414-7378 <p>O conteúdo da revista Antropolítica, em sua totalidade, está licenciado sob uma Licença Creative Commons de atribuição CC-BY (<a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt">http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt</a>).</p> <p>De acordo com a licença os seguintes direitos são concedidos:</p> <ul> <li>Compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;</li> <li>Adaptar – remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial;</li> <li>O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.</li> </ul> <p>De acordo com os termos seguintes:</p> <ul> <li>Atribuição – Você deve informar o crédito adequado, fornecer um link para a licença e indicar se alterações foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer maneira razoável, mas de modo algo que sugira que o licenciante o apoia ou aprova seu uso;</li> <li>Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.</li> </ul> “El derecho de vivir en paz”: ações de uma antropologia cidadã em contextos de disputas entre projetos de desenvolvimento https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/55795 <p>Neste artigo abordaremos nossas práticas cidadãs em duas situações etnográficas, demarcadas pelos debates sobre a privatização e a privação dos frágeis (agro)ecossistemas brasileiros, da perspectiva da mercantilização da vida. Na primeira situação, serão abordadas as ações junto a pesquisadores(as) e populações tradicionais e locais no processo de elaboração de contranarrativas aos megaprojetos de mineração de metais pesados na Pampa brasileira. No segundo campo etnográfico, analisamos criticamente o encontro entre pesquisadores(as) institucionais de distintas áreas do conhecimento e as organizações de povos indígenas e tradicionais, no contexto das narrativas e das disputas pelo acesso aos recursos fitogenéticos no Brasil. A partir dessas etnografias, propomos refletir como tais experiências nos ensinam sobre fazer antropologia, enquanto uma ação científica por demanda e motivada pela prática cidadã. Concluímos que ambas as situações etnográficas indicam a importância de uma constante avaliação de nossas práticas dentro dos emaranhados de linhas que envolvem a luta pela ampliação dos direitos ao “bem conviver”.</p> Cristiane Tavares Feijó Daniel Vaz Lima Copyright (c) 2024 Cristiane Tavares Feijó, Daniel Vaz Lima https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-01-16 2024-01-16 10.22409/antropolitica.i.a55795 Infrapolítica no quilombo de Mumbuca, no Tocantins: negociação e resistência no processo de elaboração de um termo de ajustamento de conduta https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/55970 <p>O trabalho discute atuações de negociação e resistência no processo de elaboração de um termo de ajustamento de conduta (TAC) entre a comunidade quilombola de Mumbuca e entidades estaduais do governo do estado do Tocantins, Brasil. As conflitantes opiniões de quilombolas e representantes do Parque Estadual do Jalapão são apresentadas com o intuito de compreender melhor a negociação em curso. A pesquisa desenvolvida ao longo de quase uma década apresenta as perspectivas infrapolíticas de uma negociação. O trabalho traz ainda perspectivas ambientais, explora a legislação ambiental sobre a preservação do ecossistema em áreas de preservação integral e indica detalhes da complexidade e da morosidade dos processos de reconhecimento e demarcação das terras quilombolas, evidenciando a organização política e a resistência da comunidade quilombola de Mumbuca. Através das metodologias de observação participante e de pesquisa bibliográfica, o estudo apresenta uma perspectiva infrapolítica da negociação entre os mumbuquenses e representantes dos órgãos ambientais de proteção ao Parque Estadual do Jalapão e se propõe a discutir as opiniões das partes a partir de discursos públicos e ocultos.</p> Alice Agnes Spíndola Mota Copyright (c) 2024 Alice Agnes Spíndola Mota https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-01-03 2024-01-03 10.22409/antropolitica.i.a55970 Morte e luta, silêncio e voz: o caso do assassinato do guardião indígena Paulo Paulino Guajajara, no Maranhão https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/56278 <p>O artigo objetiva analisar o caso do assassinato do indígena Paulo Paulino Guajajara, guardião da floresta na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, bem como seu contexto e seus desdobramentos na atuação do movimento indígena. Partimos do pensamento decolonial, relacionando-o aos conceitos de necropolítica e homo sacer, num cenário de estado de exceção. Além de discutirmos categorias, utilizamos técnicas da etnografia na recolha dos dados: observação, pesquisa de declarações públicas, documentos e arquivos digitais. O Maranhão se caracteriza como o espaço em que a colonialidade/modernidade desconsiderou as experiências e histórias locais de povos e comunidades – atingidas por tentativas de degradação, silenciamento e morte de sujeitos cuja humanidade fora desconsiderada. Nesse cenário, os indígenas, organizados em um movimento, articulam a luta por justiça e direitos. Assim, o assassinato de Paulo Paulino foi mobilizado pelo movimento indígena como instrumento de luta e enunciado como resistência à colonialidade. Atravessado por projetos de modernidade e pelo capital internacional, o Maranhão é também um espaço de decolonialidade, de enunciação de experiências que não têm lugar na lógica de modernidade lançada sobre esse espaço, seus recursos e povos.</p> Leandro Araújo da Silva Copyright (c) 2024 Leandro Araújo da Silva https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-01-05 2024-01-05 10.22409/antropolitica.i.a56278 “Eu te passo o que eu tenho, se você tiver estômago para ler”: reflexões sobre continuidades e disputas entre relatos e autos em um caso de violência doméstica https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/56282 <p>Neste artigo empreendo o esforço de realizar uma análise etnográfica de um caso de violência doméstica, conjugando relatos de minha interlocutora com uma observação atenta aos documentos produzidos na Delegacia de Mulheres, no Instituto Médico Legal e pelo Poder Judiciário em primeira instância – em outras palavras, certa leitura do Estado a respeito dos fatos vivenciados. Resguardadas as peculiaridades de um relato etnográfico e de uma etnografia documental, apresento duas versões sobre o mesmo acontecimento: a da vítima e a dos documentos. Proponho que ambas as versões sejam tomadas ora como complementares, ora como permeadas por tensões. Como resultado, trago como possibilidade o entendimento de que documentos do Estado, sempre mediados pelos agentes que os produzem, são imbuídos do poder de produção de verdades, as quais, por sua vez, operam nos cotidianos das pessoas envolvidas em casos de violência doméstica, especialmente das vítimas.</p> Débora Antonieta Silva Barcellos Teodoro Copyright (c) 2024 Débora Antonieta Silva Barcellos Teodoro https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-01-03 2024-01-03 10.22409/antropolitica.i.a56282 Entre o local e o global: as redes de parcerias e a constituição da visibilidade religiosa na Igreja da Comunidade Metropolitana do Rio de Janeiro (ICM-Rio) https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/56305 <p class="western" align="JUSTIFY">O presente artigo analisa a circulação de representantes religiosos, imagens e ideias ligadas à Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) nos EUA, com maior enfoque nas atividades desenvolvidas na filial carioca, no período de 2019. Busco mostrar etnograficamente a manutenção de relações transnacionais que possibilitam a criação de uma agenda de medidas e estratégias comuns de atuação religiosa. Inicialmente o intercâmbio entre o local e o global será mobilizado através da ida das lideranças da ICM-Rio de Janeiro à Conferência Geral da Universal Fellowship of Metropolitan Community Churches (UFMCC), sediada na Flórida (EUA). Em um segundo momento, abordarei a recepção da moderadora geral da UFMCC, cargo primaz da instituição religiosa, à ICM-Rio. Além desses eventos, os cultos dominicais, material digital e outras atividades também foram acionados para entender a constituição de uma trajetória institucional compartilhada entre a igreja local e as atuações e representações da ICM em nível global. Foi possível compreender um ativismo político na ICM-Rio atrelado às questões de gênero, sexualidade e étnico-raciais, através do enfrentamento ao HIV-Aids e de práticas antirracistas. Concluo que essa atuação local estabelece redes de parcerias que possibilitam a legitimidade e a visibilidade da instituição religiosa no espaço público.</p> Pedro Costa Azevedo Copyright (c) 2024 Pedro Costa Azevedo https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-01-16 2024-01-16 10.22409/antropolitica.i.a56305 (Re)traçar a teoria ator-rede: um ensaio teórico-epistêmico-metodológico sobre lacunas e limitações https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/56456 <p>Com ênfase na questão ontológica e na polarização discursiva entre as correntes de pensamento semiótica e estruturalista, neste artigo, peça de concepção teórico-metodológica do seu trabalho de doutorado, o autor problematiza a Teoria Ator-Rede (TAR) a partir de críticas globais de outros autores colocadas em diálogo com controvérsias emergentes em sua pesquisa de mestrado. À luz da filosofia deleuze-guattariana e da ontologia analítica são feitas reflexões sobre os modos de produção do conhecimento no mundo ocidentalizado, que levam autores da TAR a considerar simetria, hibridismo, complexidade e multiplicidade na prática interna de seus estudos, mas corroborar oposições dicotomizadas e barreiras epistemológicas no campo amplo das ciências sociais. Postulam-se, então, outros termos e formas exploratórias que visam à expansão da TAR, na vertente da performatividade, a um estudo antropológico pleno – etnografia, etnologia e antropologia social –, de modo que se possa analisar as produções do ser-devir das realidades em suas possíveis multiplicidades e prováveis regularidades, considerando o tempo cotidiano das práticas e o tempo histórico dos fundamentos relacionais.</p> André Guimarães Copyright (c) 2024 André Guimarães https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-01-05 2024-01-05 10.22409/antropolitica.i.a56456 O preço da estimação: um estudo de despesas veterinárias como elementos de valorização da existência de animais de companhia https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/56596 <p>O objetivo deste artigo é compreender a maneira como se efetiva o valor da existência dos chamados “animais de companhia” ou “de estimação” a partir da relação entre essa existência e o dinheiro. Com base na análise contrastiva de dois casos representativos de uma pesquisa sobre tratamentos veterinários considerados dispendiosos por “donos”, “tutores”, “humanos”, “pais” de “pets”, discutimos como despesas com a preservação da vida se tornam ao mesmo tempo índices da valorização dessas vidas e um desafio moral ligado a uma relação de hostilização com o econômico – por meio da transfiguração de valores quantitativos em signos qualitativos. Essa valorização passa por pensar os bichos de estimação mais do que como simplesmente vidas, vendo-os como “existências”, isto é, como vidas tratadas em termos de sua finitude, a serem valoradas e avaliadas na medida de suas singularidades, diferenças e igualdades e da evitação de seu sofrimento. Combinando uma antropologia das construções de valor dos animais não humanos com uma sociologia pragmática/pragmatista da moral atenta ao pluralismo de quadros de valor e às formas de efetivação de ações/situações, discutimos como comparecem na interrelação entre dinheiro e existência animal os três fenômenos da questão do valor como conferidor de sentido que nossos trabalhos têm mostrado primordiais, a valoração, a avaliação e a valorização.</p> Alexandre Werneck Ana Paula Perrota Copyright (c) 2024 Alexandre Werneck, Ana Paula Perrota https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-01-05 2024-01-05 10.22409/antropolitica.i.a56596 Mulheres, médicos, ativismo e Estado: a produção da violência obstétrica https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/56481 <p align="justify">O objetivo deste artigo visa aborda o modo como se dá a produção de um conceito que tem sido alvo de controvérsias que revelam os conflitos entre os campos médico, político, jurídico e das ativistas dos movimentos sociais em prol dos direitos reprodutivos das mulheres. Abordaremos essas controvérsias especificamente entre entidades médicas e ativistas do parto humanizado. O contexto histórico e político é o da gestão do presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), no qual os direitos humanos, entre eles o das mulheres e o dos direitos reprodutivos, foram seriamente abalados. Os dados apresentados aqui referem-se a entrevistas, observações de sessões clínicas e análise de documentos sobre o assunto que revelam os diferentes interesses desses campos, onde há uma disputa pela legitimidade dos atores diretamente envolvidos – obstetras e parturientes – como vítimas. Nossa compreensão é que a violência obstétrica, de difícil consenso entre entidades médicas e vítimas, deve ser amplamente discutida entre as partes de forma não competitiva e que as gestantes e parturientes conheçam e lutem por seus direitos. Da mesma forma, o Estado deve propiciar condições e infraestrutura adequada para o trabalho de obstetras para que a assistência ao parto se concretize de forma digna.</p> Jaqueline Ferreira Stephania Klujsza Copyright (c) 2024 Jaqueline Ferreira, Stephania Klujsza https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-01-16 2024-01-16 10.22409/antropolitica.i.a56481 Estado, aprendizado e subjetividade no “mundo dos concursos” https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61450 <p>O livro <em>Virando Estado: subjetividade, conhecimento e poder em concursos públicos no Brasil</em>, publicado em 2022, é resultado da tese de doutorado de Bóris Maia, que se dedicou a compreender o mundo dos concursos a partir de um trabalho de campo realizado em cursinhos preparatórios nas cidades de Niterói e do Rio de Janeiro. Maia descortinou as diferentes dimensões contidas nesse processo de aprendizado ao qual muitas pessoas dedicam anos de suas vidas, apontando que, para além do aprendizado técnico do modo como de alcançar a aprovação em tais provas, há também um aprendizado incidental de proposições sobre o serviço público e sobre ser servidor público, denominado pelo autor de “sujeição burocrática”. Compreender melhor esse mundo, portanto, é também compreender a maneira como o Estado brasileiro historicamente se forma e se reproduz. </p> Leonardo Francisco de Azevedo Copyright (c) 2024 Leonardo Francisco de Azevedo https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-02-01 2024-02-01 10.22409/antropolitica.i.a61450 Nota dos editores https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62449 Comitê Editorial Copyright (c) 2024 Comitê Editorial https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 Folha de rosto https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62448 Comitê Editorial Copyright (c) 2024 Comitê Editorial https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-03-30 2024-03-30 Apresentação: Dinâmicas, fluxos e representações do crime e da justiça penal: uma agenda de pesquisa https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62161 <p>Este dossiê é resultado de anos de trabalho coletivo, apresentado em fóruns de debate sobre o tema, tais como a Reunião Brasileira de Antropologia, a Reunião de Antropologia do Mercosul, os Congressos da Sociedade Brasileira de Sociologia e os Seminários do Instituto Nacional de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-IEEAC/UFF). Nesses fóruns, reunimos pesquisas empíricas nacionais e internacionais, fruto de produções acadêmicas que abordam institucionalidades, práticas, atores sociais e dimensões do controle do crime, da Justiça Penal e da seletividade penal. Os trabalhos abordam as instituições e os atores da Justiça Penal a partir da interpretação de práticas e concepções gerencialistas/punitivistas/garantistas, nas diferentes etapas do controle do crime, incluindo o uso, a legitimação e o controle de práticas de violência institucional. Além disso, os trabalhos tratam das narrativas morais a respeito dos infratores, do perfil sociodemográfico dos sujeitos encarcerados e de marcadores sociais de gênero, raça e classe social na seletividade penal. As formas de gestão dos policiamentos e da prisão são aspectos que revelam tipos de controle social e lógicas de administração de conflitos que permitem uma análise compreensiva da natureza dos modelos de controle social nas sociedades estudadas. Neste dossiê estão publicados alguns dos trabalhos apresentados e debatidos nesses espaços de debate, o que imaginamos ser uma contribuição para a sua divulgação e a consolidação do campo de estudos no qual estão inseridos.</p> Jacqueline Sinhoretto Kátia Sento Sé Mello Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo Copyright (c) 2024 Jacqueline Sinhoretto, Kátia Sento Sé Mello, Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a62161 Policiais e bolsonarismo: a expressão de discursos discriminatórios em redes sociais abertas e fechadas https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57753 <p>Qual é o alcance dos riscos que as instituições democráticas correm com a politização da polícia produzida pelo bolsonarismo no Brasil? O artigo visa a apresentar alguns elementos de resposta ao analisar a evolução da interação entre policiais militares de São Paulo em redes sociais digitais. Os dados coletados e as observações realizadas em redes sociais de policiais militares demonstram escolhas individuais e institucionais de práticas e políticas que podem opor grupos de policiais ao regime democrático. Os resultados apontam que a adesão bolsonarista de policiais produziu um deslocamento do eixo do debate público sobre segurança, com recuo das propostas reformistas e reforço da militarização do controle do crime.</p> Jacqueline Sinhoretto André Cedro Henrique Macedo Copyright (c) 2024 Jacqueline Sinhoretto, André Cedro, Henrique Macedo https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a57753 Administração de conflitos entre moradores da periferia paulista: o caso do condomínio Tangará em Guarulhos durante a pandemia de Covid-19 https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57947 <p>Este artigo discute a administração de conflitos e o acesso à justiça nas periferias paulistas a partir do caso de um condomínio situado em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo. Construído pelo Programa Minha Casa Minha Vida, foi um dos territórios estudados em duas edições da pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sobre os impactos da pandemia de covid-19 nas periferias paulistas, realizadas em 2020 e 2022. A metodologia utilizada nas duas edições da pesquisa envolveu entrevistas com moradores, observação participante e a elaboração de diários de campo discutidos pela equipe em reuniões periódicas, além do emprego de instrumentos quantitativos. Durante o trabalho de campo, a administração de conflitos entre os moradores do conjunto habitacional tornou-se um tema em evidência, especialmente devido a mudanças observadas na atuação da síndica entre 2020 e 2022 e à localização da “biqueira”, que passou a funcionar em um local mais visível em 2022. A presença incontornável da “biqueira” e os conflitos de vizinhança e familiares formaram um emaranhado de tensões latentes que atravessaram o cotidiano dos moradores e, vez ou outra, eclodiram em ameaças verbais e violência física. Contudo, não encontramos mecanismos de administração de conflito mais duradouros, fossem eles de autocomposição, fossem do PCC, fossem estatais, à exceção de incursões pontuais da polícia, da Justiça do Trabalho e da prisão, que compõe simbolicamente o dia a dia dos moradores, pois são, em boa medida, familiares, vizinhos ou conhecidos de pessoas presas.</p> Liana de Paula Wesley Lima dos Santos Copyright (c) 2024 Liana de Paula, Wesley Lima dos Santos https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a57947 A execução penal como labirinto moral: repertórios prisionais no Rio de Janeiro https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57953 <p>Com base em uma pesquisa realizada entre 2014 e 2019 com uma série de atores do mundo penal fluminense (magistrados da execução penal, técnicos, policiais penais, defensores públicos, promotores e egressos da prisão), trarei alguns elementos importantes para compreender as tensões constitutivas da execução penal, especialmente no que diz respeito ao afrouxamento das penas no regime fechado. O principal objetivo do artigo é tornar mais evidente o caráter moralmente heterogêneo e conflituoso da execução penal, explorando sobretudo os conflitos em torno do exame criminológico.</p> Cesar Pinheiro Teixeira Copyright (c) 2024 Cesar Pinheiro Teixeira https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a57953 O papel dos desembargadores do estado do Rio Grande do Sul nas incriminações por tráfico privilegiado https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57890 <p>Este trabalho pretende compreender a maneira como os desembargadores do estado do Rio Grande do Sul aplicam o benefício representado no art. 33, §4ª, da Lei nº 11.343/06, que constitui a conduta do tráfico privilegiado e prevê uma possibilidade de redução de um sexto a dois terços do apenamento. Para isso, foi realizada a análise de 420 acórdãos referentes a recursos de apelação protocolados no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, interpostos com o fim de aplicar a privilegiadora e julgados pelas três primeiras câmaras criminais durante o ano de 2019. A metodologia adotada para a apreciação dos dados foi quantitativa, a partir da análise de diversas variáveis. Acerca do problema de pesquisa, questiona-se se estariam os julgadores de segundo grau atuando de forma punitivista e negando o direito ao benefício da privilegiadora, como fazem os juízes de primeiro grau, ou se, em segundo grau, existe uma ruptura dessas atuações dos magistrados. Como resultado é apurado que embora a legislação determine quatro condicionantes para o reconhecimento do tráfico privilegiado – ser réu primário, com bons antecedentes, não dedicado a atividades criminosas nem integrante de organização criminal – os desembargadores da primeira e segunda câmaras fizeram uso de 21 motivos extralegais para indeferir o benefício à privilegiadora, enquanto a Terceira utilizou apenas dois. Isso demonstra a distinção entre o entendimento das câmaras de como a lei deve ser aplicada, evidenciando as disputas internas no campo do Judiciário e a insegurança jurídica na qual recaem os acusados por tráfico privilegiado.</p> Laura Girardi Hypolito Copyright (c) 2024 Laura Girardi Hypolito https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a57890 “Nenhum juiz admitiria isso”: reflexões sobre a prevenção à tortura nas audiências de custódia a partir de uma audiência do Conselho Nacional de Justiça https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57956 <p>Neste artigo proponho uma discussão a respeito das representações e dos discursos de diferentes atores do sistema de justiça sobre as audiências de custódia, seus objetivos e finalidades. A discussão parte da observação da audiência realizada no dia 24 de novembro de 2020 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para deliberar sobre a possibilidade de realização de audiências de custódia por videoconferência durante a pandemia de covid-19. A partir dos votos dos conselheiros e das falas dos amici curiae – representantes de instituições que participam da audiência fornecendo subsídios acerca de um determinado tema para as decisões dos tribunais – e da deliberação de seus membros a respeito da possibilidade da realização do ritual das audiências por meio virtual, busco refletir sobre a compreensão que os atores do Judiciário têm da prevenção à tortura, apontada como um dos principais objetivos das audiências de custódia, assim como sobre as moralidades mobilizadas por tais compreensões.</p> Natália Barroso Brandão Copyright (c) 2024 Natália Barroso Brandão https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a57956 De compromisos y aversiones: sentidos políticos de la universidad en la cárcel https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58008 <p>En el presente texto exploro de qué manera las relaciones que involucran a agentes universitarios con trabajadores penitenciarios y personas privadas de libertad están atravesadas por connotaciones morales. Encarar esta cuestión conlleva necesariamente el ejercicio de indagar sobre el lugar que ocupan las fronteras morales obturando/posibilitando cursos particulares de acción. ¿Qué hacemos cuando hacemos extensión universitaria en cárceles? ¿Quién “merece” recibir educación superior en estos contextos y cómo opera la “vulnerabilidad” cuando pensamos la administración de la pena sobre ciertos sujetos? ¿Qué significa tener “compromiso” en estos territorios y qué sentir “aversión” ante determinadas personas detenidas? ¿Y si la “aversión” se dirige hacia trabajadoras del Servicio Penitenciario qué sustancia nutre el “compromiso” de derechos humanos que asume la universidad? Me interesa indagar sobre las asimetrías generadas en torno al “compromiso” y la “aversión” con sus respectivos procesos de sujeción/subjetivación que convierten a algunas personas privadas de la libertad en presos “apreciados” y a otros en “despreciados”. Las reflexiones giran en torno a algunos acontecimientos observados durante el trabajo de campo: escenas etnográficas, análisis de documentos y programas de gobierno en los que se busca examinar cómo los derechos humanos son impregnados moralmente.</p> Nahuel Blazquez Copyright (c) 2024 Nahuel Blazquez https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a58008 Apresentação: “Entre a tradição e a inovação”: tensões e negociações entre as categorias religião, secular e patrimônio em contextos lusófonos https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62098 <p>A estrutura do dossiê foi modelada com base em estudos nos quais práticas religiosas e seculares são abordadas de maneira interligada, evitando sua análise isolada ou encará-los como termos descritivos neutros. Em vez disso, foram tratadas como elementos intrínsecos ao próprio objeto de investigação ou como ferramentas analíticas que se conectam a outras categorias relevantes, como patrimônio, modernidade e nação. Nosso objetivo era compilar etnografias que destacassem as novas dinâmicas em que “sacralidade e secularidade se informam, reforçam e transbordam uma para a outra”, especialmente nos processos de “patrimonialização do sagrado” e “sacralização do patrimônio”. Partimos do conceito de “sagrado secular”, que abrange os processos entrelaçados de secularização e sacralização. Nesse contexto, ideias, sentimentos, emoções, motivações, experiências, percepções sobre pessoas, objetos, imagens, representações ou lugares se entrelaçam, se fundem e, por vezes, entram em conflito. Essa abordagem foi inspirada no insight de Talal Asad e Saba Mahmood de que o regime secular não se opõe necessariamente à religião. A base dessa perspectiva reside na compreensão da religião como um processo de construção social complexo, que entrelaça história e poder. Isso permite identificar múltiplos agentes sociais competindo na construção de suas fontes de autoridade, reivindicando a “herança” por meio de discursos e práticas. Portanto nosso enfoque não se volta para a separação entre categorias tais como religião e secular, mas sim para o modo como elas participam dos processos de sacralização e dessacralização dos empreendimentos patrimoniais.</p> Bruno Ferraz Bartel Clara Saraiva Copyright (c) 2024 Bruno Ferraz Bartel, Clara Saraiva https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a62098 As distintas sacralizações do patrimônio em Sintra, Portugal: as manifestações do Sagrado Secular no espaço público https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57955 <p>O artigo propõe-se a abordar as tensões em torno do uso do espaço público em Sintra por diferentes indivíduos, especialmente por grupos marginalizados, como os afro-brasileiros, que o consideram sagrado. Trata-se de uma etnografia realizada entre 2016 e 2017 na vila e na serra de Sintra que utiliza a noção de sagrado secular como um referencial teórico e metodológico para demonstrar o modo como a redefinição das fronteiras entre o sagrado e o secular pode permitir que os grupos marginalizados marquem sua existência no espaço público em meio à diversidade que tem caracterizado Portugal nas últimas décadas. Conclui-se que o sagrado secular se manifesta em uma dinâmica na qual, às vezes, mantém a continuidade e a estabilidade da ordem social sem desafiar as configurações espaciais e religiosas que o processo patrimonial ajudou a consolidar, em outras vezes desafiando as relações dominantes existentes criando usos e sentidos dos patrimônios como uma forma de garantir a sua existência no presente e no futuro. </p> Roberta Machado Boniolo Copyright (c) 2024 Roberta Machado Boniolo https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a57955 Reconfigurando a noção de tradição na Europa: uma introdução ao tema https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61948 <div class="content-node paragraph" data-id="paragraph_4"> <div class="content"> <div class="content-node text" data-id="text_4"> <div class="content">“Tradição” tem sido um conceito chave e objeto da etnologia europeia desde a fundação da disciplina até as políticas de patrimônio cultural imaterial hoje em dia. O foco tem recaído sobre as circulações culturais e sociais e as permutações que afetam os fatos tradicionais, mostrando a plasticidade das “tradições” diante das condições sociais em constante mudança. Entendidas como “usos do passado”, essas compreensões principalmente políticas e sociológicas da “tradição” precisam ser complementadas por uma visão sobre os aspectos emocionais dessa maneira peculiarmente humana de imaginar e experimentar o mundo. Este texto introduz três noções que destacam a dimensão experiencial da tradição: reencantamento, ritualização e criação de patrimônio. Espera-se que novos caminhos se abram para a exploração de todas as dimensões “tradicionais” e suas dinâmicas culturais.</div> </div> </div> </div> Cyril Isnart Alessando Testa Bruno Ferraz Bartel Copyright (c) 2024 Cyril Isnart, Alessando Testa; Bruno Ferraz Bartel https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a61948 Concorrências religiosas em Cabo Verde: como o Islã questiona o papel da religião no espaço público? https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61950 <p>O texto examina o impacto do ressurgimento das religiões como uma das principais conclusões do final do século XX. Iniciado na virada dos anos 1990, esse fenômeno deu pleno significado ao termo “globalização”. Em decorrência de uma transformação generalizada, praticamente todas as sociedades do mundo experimentaram uma proliferação de movimentos missionários transnacionais de diversas religiões globais, muitas vezes competindo por pequenas parcelas de território. Diante desse aumento na competição das “religiões independentes” – aquelas não vinculadas aos Estados e distintas das tradições religiosas estabelecidas – os governos frequentemente se viram surpreendidos, sendo forçados a improvisar.</p> Christophe Pons Clara Saraiva Copyright (c) 2024 Christophe Pons; Clara Saraiva https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-04-01 2024-04-01 10.22409/antropolitica.i.a61950 Metamorfosis de la autoridad y ‘gobierno por estándares’: aportes de la sociología pragmática de las grandezas, las convenciones y los involucramientos https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62097 <p>El artículo desmonta el funcionamiento de un nuevo modelo transnacional de “gobierno por estándares”, cuya autoridad va más allá de los Estados-nación y se extiende a los campos más diversos, desde el agro-ambiente al desarrollo urbano, la educación y la política. El análisis empírico se basa, en particular, en una encuesta internacional a gran escala dedicada a la certificación mundial del aceite de palma “sostenible”. El marco teórico adoptado para analizar esta metamorfosis contemporánea de la autoridad es el de la sociología pragmática de las convenciones comunes y los involucramientos personales. El análisis distingue entre formas más o menos instituidas de convenciones comunes, que revisten de autoridad a los seres humanos, y sus dependencias medioambientales que las ponen en valor. Este enfoque sobre la autoridad se introduce y discute a través del comentario de un cuento que tiene múltiples orígenes culturales, “Las nuevas vestimentas del emperador”. En él aparece la duda radical sobre las formas convencionales (“el rey está desnudo”) que se encuentra en el centro de la crítica contemporánea. El gobierno por estándares, muestra el artículo, amplía la gramática liberal acerca de lo común, que se basa en el formato de individuos autónomos que eligen entre opciones conocidas por todos. Este gobierno pretende integrar una amplia gama de bienes políticos y morales mediante la certificación de las opciones ofrecidas para la elección. El resultado de nuestro análisis es ampliar el dominio de la crítica exponiendo las diversas opresiones que este gobierno y sus formas investidas imponen sobre los involucramientos personales y las construcciones de lo común.</p> Laurent Thévenot Gabriel Nardacchione Copyright (c) 2024 Laurent Thévenot, Gabriel Nardacchione https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-03-01 2024-03-01 10.22409/antropolitica.i.a62097