Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia
https://periodicos.uff.br/antropolitica
<p style="line-height: 20.95pt; background: white; margin: 16.75pt 0cm 16.75pt 0cm;"><span style="font-size: 11.5pt; font-family: 'Segoe UI','sans-serif';">A Antropolítica – Revista Contemporânea de Antropologia do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense é uma revista científica que tem como objetivo a publicação e divulgação ampla de conhecimentos e debates advindos da produção de conhecimento científico e acadêmico na área das Ciências Humanas e Sociais.</span></p> <p><strong>ISSN: 2179-7331</strong></p> <p><strong>Qualis: A2</strong></p>Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal Fluminensept-BRAntropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia1414-7378<p>O conteúdo da revista Antropolítica, em sua totalidade, está licenciado sob uma Licença Creative Commons de atribuição CC-BY (<a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt">http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt</a>).</p> <p>De acordo com a licença os seguintes direitos são concedidos:</p> <ul> <li>Compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;</li> <li>Adaptar – remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial;</li> <li>O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.</li> </ul> <p>De acordo com os termos seguintes:</p> <ul> <li>Atribuição – Você deve informar o crédito adequado, fornecer um link para a licença e indicar se alterações foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer maneira razoável, mas de modo algo que sugira que o licenciante o apoia ou aprova seu uso;</li> <li>Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.</li> </ul>Não escalabilidade em sistemas de abastecimento de água na Ilha de Santa Catarina
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61406
<p>O abastecimento de água potável no Brasil é responsabilidade dos municípios, mas são companhias estatais que centralizam a maioria dos serviços concessionados de saneamento e abastecimento. Áreas residenciais não conectadas ou conectadas parcialmente a tais serviços dependem de soluções individuais ou de sistemas coletivos alternativos de abastecimento de água, como os que observamos em Florianópolis (Santa Catarina). São iniciativas de associações de moradores ou de companhias privadas, conectando residências a infraestruturas de abastecimento e mananciais locais. Tais redes alternativas de abastecimento de água constituem-se em fricção com a ampliação de outras infraestruturas como saneamento, transporte, energia, construção civil e com a ampla rede de subsistemas de abastecimento de água da companhia estatal concessionada, no processo de expansão e segregação do solo urbano. Neste artigo, analisamos aspectos de não escalabilidade no processo de tradução da água dos mananciais como recurso para o abastecimento, em água bruta captada, água tratada com padrões sanitários, água distribuída ou armazenada para a demanda de consumo, água consumida e água servida, quando volta às bacias hidrográficas. Refletimos sobre as práticas coletivas de tais sistemas alternativos de cuidar das águas, arrumar a água e plantar água, que revelam o conhecimento da dinâmica hídrica das paisagens de morros, lagoas, cachoeiras e planícies costeiras, distribuído pelas suas mangueiras, encanamentos, ponteiras, hidrômetros, caixas de água, planilhas e memórias.</p>Viviane VedanaRafael Victorino DevosPriscila Oliveira dos AnjosGabriel Luz Siqueira Aquino VieiraLuana Silva Ferraz
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2025-05-022025-05-0210.22409/antropolitica2025.v57.i1.a61406Etnografia genealógica de mortificações de corpos dissidentes no sul de Mato Grosso do Sul
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61537
<p>Localizado na região Centro-Oeste brasileira, o estado do Mato Grosso do Sul, torna-se há tempos um dos epicentros da necrobiopolítica no país. As pessoas negras, os povos indígenas, as populações LGBTQIAPN+, as crianças, ou seja, os corpos dissidentes são alvos certeiros da carnificina sul-mato-grossense. A cidade de Dourados, localizada na porção sul do estado, é um dos casos mais bem sucedidos da implementação de políticas de mortes no país em desfavor dos devires minoritários, especialmente quando analisados aspectos da criação do estado de Mato Grosso do Sul, da “Nova Dourados”, bem como das reservas de “confinamento” indígenas Kaiowá, Guarani e Terena inventadas em meio a muitas violências na região sul do até então estado de Mato Grosso. Nesse contexto, a partir da metodologia etnográfica, inspirados em Michel Foucault e nas releituras de suas obras a partir de intelectualidades negras e de monografias com as quais dialogamos, buscamos confrontar a história pautada na linearidade do tempo, mais especificamente com a ferramenta da genealogia do poder, trazendo à superfície as (des)continuidades dos dispositivos estatais, com destaque para a compreensão de aspectos da urbanização da cidade sul-mato-grossense de Dourados. Por fim, conclui-se que as (des)continuidades dos dispositivos do Estado podem ser capazes de disparar sujeições às existências abjetas que resistem aos enunciados do desenvolvimentismo e do progresso na cidade de Dourados, no Estado do Mato Grosso do Sul.</p>Simone Becker Andrei Domingos Fonseca
Copyright (c) 2025 Simone Becker , Andrei Domingos Fonseca
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2025-05-022025-05-0210.22409/antropolitica2025.v57.i1.a61537Reticulações para um melhor possível: antropologia especulativa das emoções humanas e mais que humanas
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61696
<p>Este artigo se volta para a descentralização de uma antropologia das emoções fundada e fadada no dilema razão x emoção/paixões/biografias/temperamentos humanos que circunscreve esse campo. Buscamos instigar a construção de uma antropologia especulativa das emoções não restrita às emoções humanas, mas no fazer o emocional da assistência por humanos e mais que humanos (no nosso caso, mobília e psicotrópicos) em um Centro de Atenção Psicossocial. Fugimos, portanto, da separação brutal entre aquilo que nunca teve história na antropologia das emoções – o emocional das materialidades – e aquilo que nunca deixa a história da antropologia das emoções: a centralidade nas emoções/paixões/temperamentos humanos. Estamos longe de uma antropologia das emoções que se confunde com uma espécie de antropologia psicológica das emoções, sem perceber que a psicologia é sua própria crise. Estamos longe ainda de uma antropologia das emoções que faz do conceito de alteridade algo exclusivo entre humanos. A metodologia empregada é a etnografia da relação humano e materialidades no Centro de Atenção Psicossocial da cidade de Guanambi (Bahia), no sudoeste baiano. Para tanto, foram etnografadas as metáforas e as percepções dos profissionais de saúde e dos usuários ao apontarem como a mobília e os psicotrópicos transformam a assistência naquele Centro em algo aconchegante (o melhor possível). Como resultado deste trabalho, uma outra antropologia das emoções possível. Uma mais especulativa, repleta de emoções materiais-espirituais de humanos e mais que humanos e bem distante da orientação egóica de uma antropologia partindo de biografias.</p>Paulo Rogers Ferreira Marlúcia Malheiros Souza
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2025-05-022025-05-0210.22409/antropolitica2025.v57.i1.a61696“Uma belíssima flor que nasceu do brejo”: tradição e reconhecimento no congo da Barra do Jucu, Vila Velha (ES)
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62045
<p>Analisa os processos e relações socioambientais das Bandas de Congo do bairro da Barra do Jucu em Vila Velha, no Espírito Santo, a partir da concepção do reconhecimento como realização. No decorrer das mudanças resultantes do processo de modernização econômica do município de Vila Velha, o Congo, uma das referências da cultura popular do Espírito Santo, se manteve presente como reafirmação da identidade local no bairro da Barra do Jucu. A partir da perspectiva da Ecologia Política, esta pesquisa realiza um estudo pautado pela correlação entre cultura e a questão do reconhecimento. Para tanto, se apoia nos preceitos da Teoria do Reconhecimento para compreender os processos de “institucionalização” da tradição e seus reflexos na autorrealização dos integrantes das Bandas de Congo. Em sua abordagem metodológica qualitativa, em um campo com observação participante, descreve a produção simbólica bem como os sentidos culturais atribuídos pelos grupos que mantêm viva essa tradição, utilizando-se para isto de entrevistas discursivas. Assim, elenca os elementos que demonstram o bairro Barra do Jucu tem como principal elemento de identidade das Bandas de Congo, tidas como prática cultural de forma a compreender em que medida tal manifestação se caracteriza como estratégia para o reconhecimento social dos seus praticantes perante a comunidade local.</p>Diana Corrêa da Silva CostaAugusto Cesar Salomão Mozine
Copyright (c) 2025 Diana Corrêa da Silva Costa, Augusto Cesar Salomão Mozine
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2025-05-022025-05-0210.22409/antropolitica2025.v57.i1.a62045Entre o welatparestî e o natewparestî: as formas antagônicas da autonomia curda
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62113
<p>Baseado em trabalho etnográfico no Curdistão Iraquiano e entre a diáspora curda na Europa, este artigo discorre sobre a construção curda como um povo que tem na busca pela autonomia uma das principais características de sua identidade. Essa autonomia, porém, não se constrói de forma unitária, mas toma forma em dois grandes projetos de libertação curda, um welatparest e outro natewparest: o primeiro uma autonomia contra o Estado, materializada no projeto do Confederalismo Democrático e liderada pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão, e o segundo uma autonomia dependendo do Estado, concretizada no projeto do Governo Regional Curdo no Iraque e liderada principalmente pelo clã Barzani. O artigo mostra ainda como ambos os projetos refletem interesses de classes antagônicos da sociedade curda e disputam a identidade curda em si, além dos caminhos do movimento da autodeterminação do Curdistão, tanto no território quanto na diáspora. O artigo ainda mostra como a indigenização do movimento de libertação curdo levou a uma intersecção de lutas, resultando paradoxalmente na sua internacionalização. Ao reivindicar uma autonomia que se contrapõe ao modelo estatal e ao nacionalismo convencional, o campo welatparest encontrou ressonância em movimentos indígenas, autonomistas e anticoloniais ao redor do mundo. Esse processo permitiu que o Confederalismo Democrático se tornasse não apenas uma proposta local, mas uma referência transnacional para lutas contra o Estado e o capitalismo, articulando alianças que vão além das fronteiras curdas e ampliando o escopo da sua reivindicação de autodeterminação.</p>José Vicente Mertz
Copyright (c) 2025 José Vicente Mertz
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2025-05-022025-05-0210.22409/antropolitica2025.v57.i1.a62113Remoção e reassentamento de pessoas catadoras em Porto Alegre: reconfigurações das dinâmicas de trabalho, território e mobilidade
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62181
<p>Este artigo discorre sobre os impactos que a remoção e o reassentamento da Vila Nazaré, comunidade existente há mais de 50 anos na Zona Norte da cidade de Porto Alegre, tiveram sobre as dinâmicas de trabalho e convívio social de catadores de materiais recicláveis reassentados no Loteamento Irmãos Maristas. A remoção da comunidade se deu em função da ampliação da pista de pouso e decolagem do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, facilitada pela concessão do aeroporto. O artigo analisa o modo como políticas públicas urbano-habitacionais reconfiguram as dinâmicas de trabalho, de território e de mobilidade de sujeitos removidos ou em situação de remoção, no caso, trabalhadores da catação. É possível constatar que as pessoas catadoras lidaram com um processo de inviabilização das suas práticas de trabalho e de vida durante e após a remoção A metodologia inclui a participação em diferentes situações em campo e a realização de entrevistas semiestruturadas com pessoas catadoras removidas. As análises apresentam os atores, as ações, as táticas e as estratégias presentes no processo de remoção e de reassentamento das pessoas catadoras. Ao serem levados para o Loteamento Irmãos Maristas, essas pessoas perderam sua fonte de renda, pois não fora permitida a prática da catação e da reciclagem. Entretanto, após muita reivindicação, elas conseguiram a construção de um galpão de reciclagem como contrapartida das obras de ampliação do aeroporto.</p>Alexandre MagalhãesGiovana Lazzarin
Copyright (c) 2025 Alexandre Magalhães, Giovana Lazzarin
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2025-05-022025-05-0210.22409/antropolitica2025.v57.i1.a62181Ceilândia: do direito à cidade ao fazer-cidade
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62279
<p>Este estudo analisa a formação de Ceilândia à luz dos conceitos de “direito à cidade” e “fazer-cidade”. Explorando a construção de Brasília (DF) e suas então chamadas “cidades-satélites” (e hoje conhecidas como regiões administrativas), revela-se a dissonância entre o ideal modernista e a realidade segregadora. Os construtores da capital federal tornaram-se moradores excluídos, mobilizando-se pela luta por moradia. Essa luta transformou-os em agentes urbanos, transcendendo o planejamento oficial e expandindo o conceito de “direito à cidade”. O artigo aborda aspectos importantes do planejamento e da criação de Brasília, contextualizando o surgimento das cidades-satélites e, em especial, da região administrativa de Ceilândia. São discutidos os processos históricos que levaram à ocupação e à organização desse território, bem como a expansão urbana nos tempos atuais. A análise se detém sobre os agentes sociais envolvidos na construção de Ceilândia, destacando a dinâmica entre o direito à cidade e o fazer-cidade, demonstrando como seus habitantes se apropriaram do espaço e moldaram sua própria realidade. O estudo, ancorado em uma análise da antropologia em diálogo com a sociologia, geografia, arquitetura, filosofia, história e planejamento urbano, também discute a interação entre normativas urbanísticas e a prática cotidiana dos moradores na transformação desse território, abordando questões relacionadas à sua expansão contemporânea e ao papel dos diferentes atores sociais no processo de construção da cidade. A região administrativa de Ceilândia exemplifica essa dinâmica, onde os habitantes se apropriaram do espaço e moldaram sua própria realidade, demonstrando a vitalidade do fazer-cidade para além das estruturas institucionais.</p>Thais Nogueira Brayner
Copyright (c) 2025 Thais Nogueira Brayner
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2025-05-022025-05-0210.22409/antropolitica2025.v57.i1.a62279Ressurgência multiespécie: carroceiros e cavalos na cidade do século XXI
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62456
<p>Desde o início dos anos 2000, movimentos em defesa dos animais têm pressionado pela proibição do uso de carroças em Belo Horizonte, associando esses veículos ao atraso cultural e à crueldade com animais. Partindo do trabalho etnográfico conduzido com carroceiros da região de Venda Nova, pretendo mostrar como a chave da exploração usada pelo movimento animalista parece insuficiente para compreender a complexidade das relações estabelecidas por meio do trabalho de carroça. Argumento que, em meio a uma ampla rede multiespécie, humanos e cavalos constroem um modo de vida singular na cidade, em territórios que despontam como zonas de ressurgência em meio à perturbação (Tsing, 2019). O artigo recupera a atuação histórica desses agentes humanos e não humanos em Belo Horizonte, mostrando como as preocupações com o bem-estar animal se manifestavam nas políticas municipais por meio do Projeto Carroceiros e por parte dos próprios carroceiros. A partir daí, analiso as estratégias do movimento animal abolicionista para se contrapor a essas práticas e pressionar pelo fim da tração animal. Mostro que, ao lançar mão da retórica do progresso – assim como suas vertentes classistas e racistas – os ativistas atualizam discursos e práticas que, desde o final do século XIX, procuram expulsar carroceiros, carroças e animais de trabalho das cidades brasileiras.</p>Marina Abreu Torres
Copyright (c) 2025 Marina Abreu Torres
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2025-05-022025-05-0210.22409/antropolitica2025.v57.i1.a62456