Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia https://periodicos.uff.br/antropolitica <p style="line-height: 20.95pt; background: white; margin: 16.75pt 0cm 16.75pt 0cm;"><span style="font-size: 11.5pt; font-family: 'Segoe UI','sans-serif';">A Antropolítica – Revista Contemporânea de Antropologia do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense é uma revista científica que tem como objetivo a publicação e divulgação ampla de conhecimentos e debates advindos da produção de conhecimento científico e acadêmico na área das Ciências Humanas e Sociais.</span></p> <p><strong>ISSN: 2179-7331</strong></p> <p><strong>Qualis: A2</strong></p> Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal Fluminense pt-BR Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia 1414-7378 <p>O conteúdo da revista Antropolítica, em sua totalidade, está licenciado sob uma Licença Creative Commons de atribuição CC-BY (<a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt">http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt</a>).</p> <p>De acordo com a licença os seguintes direitos são concedidos:</p> <ul> <li>Compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;</li> <li>Adaptar – remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial;</li> <li>O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.</li> </ul> <p>De acordo com os termos seguintes:</p> <ul> <li>Atribuição – Você deve informar o crédito adequado, fornecer um link para a licença e indicar se alterações foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer maneira razoável, mas de modo algo que sugira que o licenciante o apoia ou aprova seu uso;</li> <li>Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.</li> </ul> Por uma história da população parda brasileira https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/63759 <p>Esta resenha tem por finalidade fazer uma análise crítica da obra Pardos: a visão das pessoas pardas pelo Estado brasileiro (2021), trazendo percepções particulares sobre o tema do livro. A metodologia se baseia em leitura bibliográfica sobre o assunto e discussão em eventos acadêmicos das Ciências Sociais e entre os pares da Antropologia. A relevância do tema se mostra pela renovação necessária do olhar sobre o tema que pesquisadores/as pardos/as propõem em suas pesquisas e obras, defendendo uma perspectiva positiva sobre o ser pardo no Brasil. O livro traz uma contribuição ao debate das relações étnico-raciais, sobretudo ao tentar traçar uma história da população parda brasileira, sendo que essa história se deslinda em sua relação com o Estado. Denis Moura dos Santos dialoga com obras das Ciências Sociais, da História, do Direito, da Educação, bem como com legislação e notícias jornalísticas sobre o tema. Entre outras coisas, conclui-se que é necessário levar a sério a particularidade da população parda brasileira, sem vinculá-la a outro grupo racial, sendo fundamental pensar os pardos a partir dos pardos e de suas experiências de racialização e discriminação. Como desdobramento da discussão, vê-se a necessidade de falarmos de caboclos e pardos-indígenas, enfatizando a diversidade parda no Brasil.</p> Ozaias da Silva Rodrigues Copyright (c) 2024 Ozaias da Silva Rodrigues https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-11-01 2024-11-01 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a63759 Militância aguerrida em tempos catastróficos: o papel das ações coletivas do sindicato das trabalhadoras domésticas durante a pandemia https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62952 <p>A obra Os sindicatos das trabalhadoras domésticas em tempos de pandemia: memórias e resistências constrói, a muitas mãos, uma análise do papel do movimento sindical na pandemia, que conduz a uma reflexão acerca de sua amplitude e legado. Seu objetivo é refletir sobre a organização do trabalho doméstico e o papel central dos sindicatos das trabalhadoras domésticas na luta por direitos para as trabalhadoras domésticas. Devido à especificidade do trabalho doméstico, seu processo de sindicalização foi tardio, sendo legalizado apenas recentemente. A obra demonstra como esse feito foi possível por ser alicerçado coletivamente pela luta de diversas trabalhadoras domésticas e suas redes. Durante a pandemia o caráter coletivo não foi modificado, mas, foram elaboradas novas estratégias para adaptação ao “novo normal”, que objetivavam diminuir o impacto da vida de trabalhadoras que já sofriam precarizações antes mesmo desse contexto. O livro utiliza como metodologia a apresentação de dados quantitativos advindos de pesquisas elaboradas por distintas instituições e a construção de diálogos que destacam memórias e o legado de luta coletiva. Nesse sentido, a discussão apresentada ao longo dos oito capítulos apresenta as ações tomadas pelos sindicatos das trabalhadoras domésticas, que visavam protegê-las em tempos catastróficos, mas, também, acolhê-las, garantindo sua dignidade.</p> Adara Pereira da Silva Copyright (c) 2024 Adara Pereira da Silva https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-11-16 2024-11-16 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62952 O lugar do conhecimento antropológico: notas entre Brasil, França e Índia https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/64275 <p>Neste artigo, analiso minha trajetória intelectual como antropólogo formado entre Brasil, França e Índia a fim de discutir recentes transformações da antropologia global, especialmente no que tange à sua internacionalização. Recorro ao conceito de “lugar do conhecimento” de Gyan Prakash para pensar a dimensão situada do conhecimento antropológico para além de sua localização geográfica, caracterizando-o antes como uma complexa rede de história, poder e cultura. De modo complementar, valho-me também da ideia de “política do lugar” de Purnima Mankekar, explorando como pertencimento nacional, identidade e posicionamentos políticos influenciam o papel do pesquisador no cenário global da academia. A partir da minha própria trajetória, que vai de uma origem de classe trabalhadora no Brasil ao estudo da antropologia indiana na França, examino os desafios e potencialidades de uma carreira acadêmica internacionalizada para um pesquisador do Sul Global. Ao me engajar em uma autoanálise crítica, destaco as dinâmicas de poder, as representações culturais e as expectativas sociais que impactam a mobilidade acadêmica e a produção de conhecimento entre diferentes regiões, questionando as noções tradicionais de legitimidade e autoridade intelectual no mundo acadêmico globalizado. Argumento que fazer uma antropologia entre lugares envolve a construção para si de um conhecimento móvel e descentrado, baseado num constante e fértil tensionamento entre princípios teóricos e experiências subjetivas.</p> Vinicius Kauê Ferreira Copyright (c) 2024 Vinicius Kauê Ferreira https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-10-01 2024-10-01 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a64275 O microcomércio doméstico de crack realizado por mulheres pobres, negras e idosas na Favela do Oitão Preto em Fortaleza, Ceará https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57902 <p>O artigo resulta de uma etnografia realizada na Favela do Oitão Preto em Fortaleza, Brasil, entre os anos de 2018 e 2019. Analisando o microcomércio de crack, evidenciamos a adesão de grupos anteriormente excluídos ou pouco participantes desse circuito. A partir dessa percepção, buscamos compreender a maneira como mulheres pobres, negras e idosas encontraram condições objetivas para aderir a uma prática microcomercial realizada dentro de suas casas e sem o uso de violência. A análise identificou sociabilidades existentes entre essas mulheres, seus clientes, outros vendedores e policiais, além da maior capilaridade que o comércio de drogas adquiriu nas comunidades e favelas, a partir do fortalecimento das facções criminosas nesses locais. Concluímos que esse microcomércio “doméstico” de crack no Oitão Preto está integrado à rotina diária de algumas mulheres que aderiram a tal prática pela necessidade de dinheiro, bem como devido ao fato de estarem excluídas do mercado formal de trabalho e à certeza da existência de uma clientela para a mercadoria que é o crack.</p> Maria Gomes Fernandes Escobar Maria Glaucíria Mota Brasil Marcílio Dantas Brandão Copyright (c) 2024 Maria Gomes Fernandes Escobar, Maria Glaucíria Mota Brasil, Marcílio Dantas Brandão https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-28 2024-08-28 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a57902 Passageiros que não pagam passagem: reflexões sobre conexões entre circulação urbana e privação de liberdade https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57938 <p>Os espaços de privação de liberdade têm sido pensados cada vez mais não só como instituições totais apartadas da vida urbana, mas também através de seus fluxos, da circulação ou da porosidade. Essas reflexões vão desde as relações entre pessoas que circulam entre o dentro e o fora da prisão até a maneira como a administração das unidades de privação de liberdade funciona. A partir de uma pesquisa etnográfica realizada em uma unidade socioeducativa de internação provisória, pude observar como essa porosidade pode ser pensada não só por suas dimensões estáticas, mas também pelo foco na circulação urbana, mais especificamente a partir do trajeto de um transporte público coletivo. Nesse sentido, neste artigo busco refletir sobre a relação entre a circulação urbana, a segurança pública e o sistema socioeducativo a partir de relatos de meus interlocutores sobre uma linha de ônibus específica que conecta a Zona Sul e a Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e por vezes acaba por criar outros pontos de conexão: a prisão para esses adolescentes que se representam como passageiros que não pagam a passagem. Assim, tratarei de questões que se relacionam não só com o controle social e o crime, mas também da circulação de determinados grupos pela cidade e sua relação com a privação de liberdade. </p> Luana Almeida Martins Copyright (c) 2024 Luana Almeida Martins https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-16 2024-08-16 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a57938 A produção do fluxo de justiça para o tráfico de drogas: o que “dizem” os autos criminais https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57949 <p>Este artigo examina autos de ações criminais por tráfico de drogas que tramitaram no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte. O objetivo é compreender o que esses documentos são capazes de apontar a respeito das assimetrias entre os principais atores da justiça criminal – policiais, promotores e juízes – no fluxo dessas ações. A leitura e a análise dos autos de 204 ações criminais apontaram um fluxo de produção dos documentos que compõem cada processo. Nesse fluxo, o registro inicial, na forma de um auto de prisão em flagrante, desempenha papel fundamental, uma vez que seus aspectos centrais são reconstituídos pelos documentos produzidos em etapas posteriores, como a denúncia e a sentença. As narrativas policiais sobre o fato criminal e os vocabulários de motivos para a prisão em flagrante são reaproveitados nas fases seguintes, indicando que a produção documental da polícia civil tem mais relevância para o processo como um todo do que os documentos da fase judicial ou de instrução.</p> Rodrigo Figueiredo Suassuna Luisa Galvão Donati Copyright (c) 2024 Rodrigo Figueiredo Suassuna, Luisa Galvão Donati https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-28 2024-08-28 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a57949 Povo de Israel: representações sobre acolhimento, extorsão, violência e humilhação em dois presídios da região metropolitana do Rio de Janeiro https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57950 <p>Este artigo objetiva apresentar as representações de ex-detentos que estiveram em dois presídios da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro acerca do surgimento, do conjunto de regras e moralidades do coletivo prisional denominado Povo de Israel (“Rael”), coletivo formado por presos que não foram aceitos pelos demais coletivos em razão dos crimes praticados (estupro, estelionato, entre outros) e/ou por aqueles que traíram e foram dissidentes de seu grupo de origem. A pesquisa se deu através de entrevistas com os interlocutores em situação de liberdade, algumas delas realizadas pelo WhatsApp, durante a pandemia. Os relatos evidenciaram diferentes representações da circulação de valores e da regulação de conflitos entre os presos do “Rael”. Assim, busca-se refletir sobre tais representações a partir da “caixinha” – que, para uns, consiste em uma espécie de fundo que aloca determinada quantia em dinheiro para ser revertida em favor dos próprios detentos, usada por novatos, por exemplo, na compra de itens de higiene pessoal e/ou produtos que serão revendidos no presídio ou mesmo com o objetivo de prover a aquisição de bens necessários ao uso comum em cada cela e, para outro, se trata de uma forma de extorsão – e a da prática da “solução” – que, para uns, seria um julgamento legítimo que ocorre entre os detentos e pode ter como pena um castigo físico e, para outro, configura “um espancamento brutal”. Por fim, esperamos produzir uma contribuição qualitativa para a discussão sobre o sistema prisional no contexto do Rio de Janeiro.</p> Jaider dos Santos Costa José Colaço Dias Neto Copyright (c) 2024 Jaider dos Santos Costa, José Colaço Dias Neto https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-28 2024-08-28 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a57950 Espaços de rupturas e territórios de violência: notas sobre como a Palestina resiste às tragédias impostas por Israel https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/57976 <p>A Palestina se tornou uma grande prisão a céu aberto a partir de diversos mecanismos colocados em ação pelo sionismo, dentre eles o muro da Cisjordânia, checkpoints e as próprias prisões. Este artigo tem como objetivo demonstrar de que, em toda relação de poder, existe espaço para rupturas e resistência, ainda que essas sejam reduzidas por determinadas condições, por exemplo, estar preso. E através de um levantamento bibliográfico e análise de imagens evidenciamos as violências que os palestinos são submetidos por Israel e sua ideologia sionista e de como lutam pela liberdade, soberania do seu povo e pelo seu território.E que a resistência é multifacetada e ocorre, por exemplo dessa com os desenhos feitos por Zuhdi Al Aduwi e Mohammed Roukwie, prisioneiros palestinos, na cadeia de Ashkelon na década de 1980, as greves de fome, as fugas de prisioneiros de cadeias e a luta da rede de apoio dos prisioneiros palestinos.</p> Maiara Diana Amaral Pereira Marina Rute Pacheco Copyright (c) 2024 Maiara Diana Amaral Pereira, Marina Rute Pacheco https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-28 2024-08-28 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a57976 Moral consumption and fujoshi fetishism among boys love (BL) series fans in Brazil https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58194 <p>Boys love (BL) names a set of literary and audiovisual productions of male homoeroticism. Since the emergence of this genre (initially as fan texts and then as television series) there have been intense and tumultuous debates about the representation of gay men and consumption practices considered fetishistic and hypersexualizing. In the case of the Brazilian BL fandom, through the digital ethnographic method, with systematic and individual participant observation among fans, I will show that surveillance of other people’s consumption has become intrinsic to the consumption of BL series itself, a phenomenon that I call moral consumption, which involves other relations of distinction, specifically between fujoshi and non-fujoshi Brazilian fans. This differentiation produces a symbolic reductionism that is intrinsically associated with orientalist discourses and practices, which I name fujoshi fetishism, another concept that I will address in this article.</p> Igor Leonardo de Santana Torres Copyright (c) 2024 Igor Leonardo de Santana Torres https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-16 2024-08-16 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a58194 Três campanhas e uma representação: a infância pré-moderna no bolsonarismo https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58456 <p class="Normal1" style="text-align: justify;">Este artigo realiza uma análise antropológica de imagens e palavras de Jair Messias Bolsonaro, enfocando especificamente seu conteúdo relacionado a crianças e divulgado amplamente na mídia de 2018 a 2022. Problematiza sociologicamente o termo “campanha”, ao investigar três campanhas promovidas pelo bolsonarismo de forma interconectada e interdependente: a promoção do militarismo, a defesa do trabalho infantil e a oposição à vacinação infantil contra a Covid-19. O artigo propõe o contraste entre a representação bolsonarista da infância e as noções de provisão, proteção e participação infantil, segundo delineadas na legislação sobre a infância do século XX. A conclusão central do estudo é que o bolsonarismo promove uma representação das crianças como pequenos adultos, em uma abordagem que sugere um retorno a uma perspectiva pré-moderna da infância.</p> Fernanda Müller Emilene Leite de Sousa Copyright (c) 2024 Fernanda Müller, Emilene Leite de Sousa https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-09-02 2024-09-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a58456 Uma “captura” comercial em forma de análise sensorial: investigando o “regime de engajamento na atenção” nos marcos das relações de consumo de café especial https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/58585 <p>A partir de um estudo etnográfico de cafeterias de café especial e de um evento de degustação de cafés na cidade do Rio de Janeiro, o presente artigo argumenta que as relações de consumo no mercado de café especial se pautam pelo que se propõe chamar aqui de “regime de engajamento na atenção”, alargando-se a perspectiva sociológica convencionalista iniciada pelo francês Laurent Thévenot. Para isso, em um primeiro momento, o artigo destaca a premência da degustação no desenvolvimento histórico de um nicho de comercialização do café, denominado de café especial. Depois, apresenta-se a perspectiva teórica dos “regimes de engajamento”, finalizando-se a discussão com a proposição de uma nova modalidade desses regimes, construída a partir da análise das relações de consumo no mercado de cafés especiais, em que o exercício coordenado de identificação de alguma experiência modeliza uma percepção comum sobre ele que engaja socialmente os atores em suas ações.</p> Igor Perrut Copyright (c) 2024 Igor Perrut https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-09-02 2024-09-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a58585 Folha de rosto https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/65755 Comitê Editorial Copyright (c) 2024 Antropolítica - Assistente Editorial; Comitê Editorial https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-16 2024-12-16 Nota dos editores https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/65756 Comitê Editorial Copyright (c) 2024 Antropolítica - Assistente Editorial; Comitê Editorial https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-16 2024-12-16 Apresentação: Teorizar o emocional: antropologia e emoção no cruzamento entre a violência e a política https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/65241 <p>A história da constituição das emoções como um objeto das Ciências Sociais é atravessada por um desafio: sua associação, pelo senso comum ocidental, ao polo “excluído” de suas oposições fundadoras. É assim em sua vinculação ao indivíduo (versus a sociedade) ou à natureza (versus a cultura). Essa associação se desdobrou também, no início da formação do campo, em uma inclinação pela formulação de objetos de estudo vinculados à “vida privada” – o corpo, a sexualidade, a saúde/doença. Nas últimas décadas, o campo da Antropologia das Emoções apresentou um conjunto de novas questões voltadas para a compreensão do lugar dos sentimentos, das sensibilidades e das emoções na chamada “vida pública”. Este dossiê aprofunda o debate sobre a emoção como ferramenta de análise em áreas de pesquisa ligadas a essa esfera, como o ativismo, as políticas públicas – ambientais, humanitárias, de saúde – e as burocracias penais e judiciais. O foco está nessa linha temática, com especial atenção para o trabalho pontual das emoções em fenômenos situados no cruzamento entre a(s) violência(s) e o político, de modo a analisar o potencial do emotivo na administração de identidades, memórias, significados e relações que são tanto políticas como institucionais no contexto de diversos grupos e áreas de pesquisa.</p> Maria Claudia Coelho Mariana Sirimarco Copyright (c) 2024 Maria Claudia Coelho, Mariana Sirimarco https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-02 2024-12-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a65241 Entre amor, vergonha e culpa: uma análise política das emoções no contexto familiar de homens trans https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62276 <p>Este artigo analisa os discursos emocionais e emocionados ligados às experiências de familiares de homens trans durante o processo de transição de gênero. A discussão trata dos resultados de uma pesquisa etnográfica que utilizou diferentes estratégias metodológicas em três cidades do nordeste brasileiro, sendo duas capitais e uma cidade do interior, entre 2020 e 2023. Inicialmente o artigo aborda os sentimentos, relatados pelos parentes dos homens trans, de vergonha e culpa associados a transgeneridade, frente às hierarquias de gênero e ao papel hegemônico que se espera que uma “boa mãe” performe. Em seguida, a análise explora como esses sentimentos “negativos” dão lugar ao amor, nas falas das nossas interlocutoras. A descrição sobre o amor emerge nos discursos familiares como justificativa para aceitar e apoiar a transição de gênero, tornando-se parte constitutiva das relações de parentesco. Além disso, o amor é utilizado como estratégia de mobilização política em um grupo ativista composto majoritariamente por mães de filhos e filhas LGBTQIAPN+. A análise dessas retóricas políticas da emoção demonstra que as concepções hegemônicas sobre a maternidade, ligadas ao amor e ao cuidado, abrem a possibilidade para que essas pessoas possam agir frente às normas de gênero e sexualidade. O artigo contribui, portanto, para compreender a maneira como as emoções são acionadas como elementos constitutivos dos meios e dos limites da agência individual e coletiva, conforme colocado por Saba Mahmood (2019), demonstrando a complexidade do potencial político das emoções frente às relações normativas de subordinação e poder.</p> Anne Alencar Monteiro Cecilia Anne McCallum Copyright (c) 2024 Anne Alencar Monteiro, Cecilia Anne McCallum https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-02 2024-12-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62276 Patriotas da BR-163: ressentimentos, nostalgia e a humilhação da lei na fronteira https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62574 <p>Este artigo discute a relação entre políticas de desenvolvimento, a produção de comunidades imaginadas e confrontos políticos, tendo como objeto de análise as dinâmicas emocionais presentes em relatos de habitantes da região da rodovia BR-163 (Pará, Amazônia Legal, Brasil) em situações de conflito com autoridades estatais. A análise se alicerça em dados etnográficos, publicações de relatos de habitantes da região, reportagens jornalísticas e entrevistas em profundidade com autodenominados pioneiros, colonos, produtores rurais, pequenos agricultores, comerciantes, empresários, garimpeiros e madeireiros. Com base no diálogo com teorias das Ciências Sociais sobre emoções, desenvolvimento e mobilizações sociais, descrevo como dinâmicas emocionais vinculadas ao imaginário de conquista da “fronteira” conformaram uma memória social marcada por nostalgia estrutural e ressentimentos. Esses eram entretecidos por sentimentos como: coragem daqueles identificados como pioneiros diante do medo do sertão e da esperança do progresso; humildade, orgulho, raiva e revolta do “povo” frente a variadas formas de abandono, covardia e humilhação do governo e da lei. Argumento que esses ressentimentos e nostalgias motivaram uma crescente adesão, por grupos sociais heterogêneos mais recentemente reunidos sob a categoria patriotas, à extrema-direita e a conflitos violentos contra normas e políticas públicas de regulamentação ambiental e de redistribuição de terras públicas. Logo, o objetivo do trabalho é contribuir para a compreensão de como os patriotas da BR-163 acreditam no que dizem e fazem, assim como suas motivações políticas. Defendo que emoções referidas a confrontos políticos violentos são ferramentas analíticas profícuas para a reflexividade antropológica acerca de nossos “outros repugnantes”.</p> Renata Barbosa Lacerda Copyright (c) 2024 Renata Barbosa Lacerda https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-02 2024-12-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62574 Onde impera o medo: socioeducação, violência e afetos hostis no Rio de Janeiro https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62595 <p>A proposta do presente artigo é refletir sobre o modo pelo qual a violência no cotidiano de uma instituição de internação socioeducativa é exercida por meio de afetos hostis. Esses afetos expressam relações de poder que separam, hierarquizam e diferenciam determinados atores institucionais, bem como são elementos garantidores de humanidade. Para tanto, apresenta-se uma etnografia realizada em uma unidade de internação socioeducativa masculina do Rio de Janeiro, o Centro de Socioeducação Dom Bosco, analisando a partir do corpo de mulher branca da pesquisadora, entendido como “fora de lugar” nesta instituição, as condições de entrada e circulação no espaço. Serão examinados ainda os modos de habitar essa instituição e as possibilidades e limites de relação com cada ator institucional, especialmente os jovens internos e os agentes socioeducativos. No percurso etnográfico, ficam evidentes as formas de violência sutil exercidas na instituição por meio de afetos hostis, seja na construção de uma atmosfera de medo, nojo e/ou desprezo. Afetos esses experimentados tanto nas relações entre os diversos sujeitos que transitam pela internação quanto destes com o espaço de privação de liberdade. Desse modo, revela-se como tais afetos participam e são instrumentos de uma gestão de fluxos, própria às dinâmicas das instituições de confinamento.</p> Clara Camatta Laura Lowenkron Fábio Mallart Copyright (c) 2024 Clara Camatta, Laura Lowenkron, Fábio Mallart https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-02 2024-12-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62595 “Você no sabe o que es se sentir humilhada asi”: humilhação, afetos hostis e outras regularidades afetivas do governo do refúgio https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62588 <p>O objetivo deste artigo é investigar a humilhação como uma regularidade afetiva do governo do refúgio e defender a centralidade dos afetos na análise desse governo. O texto baseia-se na pesquisa de doutorado da autora, que está em andamento. A pesquisa consiste na construção de uma etnografia, resultante da dupla atuação da autora como pesquisadora e gestora na LGBT+ Movimento, uma organização voltada para o público migrante e refugiado LGBTI+. A partir desse enfoque metodológico, o estudo foca na experiência de algumas mulheres trans e lésbicas acompanhadas pela organização entre 2020 e 2022. Na primeira parte deste artigo, examina-se como uma série de reconfigurações administrativas, provocadas pelo crescimento e formalização da organização, desafiam o modelo de gestão pela intimidade, gerando conflitos. Na segunda parte, destaca-se que os afetos não são elementos novos no campo dos estudos migratórios e humanitários; no entanto, argumenta-se que o espectro de afetos se amplia quando se considera as experiências dos sujeitos no encontro com os aparatos administrativos. Na última parte, apresenta-se o caso de Maritza, uma mulher trans venezuelana, e analisam-se as dimensões micropolíticas das emoções ligadas à humilhação, a fim de evidenciar como esse afeto passa a funcionar como um mecanismo de governo, participando de maneira regular da vida dos sujeitos migrantes e refugiados. Por fim, sugere-se que as regularidades afetivas vivenciadas por Maritza e outros migrantes e refugiados estão conectadas a algumas tradições administrativas historicamente presentes nos programas destinados a essa população no Brasil.</p> Nathalia Antonucci Fonseca Copyright (c) 2024 Nathalia Antonucci Fonseca https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-02 2024-12-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62588 Compaixão, saúde e comunidade na esfera pública https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62305 <p>O presente artigo discute o discurso da compaixão na literatura contemporânea da saúde, com ênfase em textos sobre o lugar da compaixão nas práticas de saúde e textos sobre a abordagem de saúde pública chamada “comunidades compassivas”. O objetivo é identificar e caracterizar uma política da compassividade e do sofrimento a partir desses discursos. Os textos são selecionados a partir de buscas nas bases Latin American and Caribbean Health Sciences Literature e PubMed e interpretados de acordo com as questões propostas pelo artigo, isto é, a relação entre compaixão, saúde e esfera pública. No primeiro conjunto de textos, destacam-se formas de categorização e mensuração da compaixão na assistência em saúde, e uma terapêutica compassiva. Em confluência com tendências de medicalização e profissionalização, argumenta-se que a compaixão pode ser um novo modo de definição de problemas como do domínio da “saúde” e, portanto, facilita a aparição das especialidades da saúde na esfera pública. Notam-se tentativas de tornar a compaixão um índice mensurável e inteligível do ponto de vista científico, especialmente de acordo com padrões metodológicos das ciências da saúde. Então, desenha-se uma “terapêutica da compaixão” na qual esta parece ser o ingrediente faltante e a possível solução para uma série de problemas sociais além da doença. No segundo conjunto de textos, destaca-se a articulação entre compaixão e comunidade, por meio da qual generaliza-se uma política de compassividade centrada na perda e na morte como experiências universais. Aqui, a terapêutica da compaixão se generaliza e se articula com uma constelação de ideias relativas ao “comunitário” como nível de intervenção em saúde e de organização sociopolítica. Por fim, discute-se as ambiguidades e tensões internas em uma possível política de compaixão e comunidade diante do sofrimento.</p> Lucas Faial Soneghet Copyright (c) 2024 Lucas Faial Soneghet https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-02 2024-12-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62305 Entre a provocação injusta e a violenta emoção: a produção de gênero nos júris populares de feminicídio https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62606 <p>Este artigo se insere no debate do recurso às emoções como aspecto central da construção da narrativa jurídica do feminicídio. Dessa forma, o objetivo é discutir como o comportamento violento, especificamente a violência interpessoal cometida contra mulheres em âmbito doméstico, é associado pelos operadores do direito a estados emocionais específicos ligados a marcadores da diferença de gênero na cultura. Partimos de um recorte composto pelas sustentações de acusação e defesa a respeito de dois casos de feminicídio, ambos julgados em setembro de 2021 nas varas criminais do júri do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, caracterizados como “clássicos”, ou seja, tipos ideais. Em ambos havia relação íntima e uso excessivo da força no curso do ato violento (overkill), tendo o “ciúmes” ou o desejo de deixar a relação como motivos apresentados no júri. Sendo assim, analisamos como os discursos dos operadores do direito fornecem chaves interpretativas para a compreensão e a produção do “feminino” e do “masculino” na constituição da verdade jurídica. A abordagem penal centra-se nas emoções, atribuindo às mulheres o papel de vítimas passivas e justificando os crimes como rupturas momentâneas de racionalidade nos homens. Essa perspectiva dissimula o caráter estrutural da violência de gênero, reduzindo-a a histórias singulares que não refletem a complexidade do feminicídio.</p> Isadora Vianna Sento-Sé Eduardo Moura Pereira Oliveira Copyright (c) 2024 Isadora Vianna Sento-Sé, Eduardo Moura Pereira Oliveira https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-02 2024-12-02 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62606 Apresentação: Carisma: poder, autoridade e devoção no Oriente Médio e Norte da África https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/65709 <p>Desde a publicação do trabalho fundante de Max Weber sobre a conceitualização do carisma, o conceito tem sido objeto de uma vasta gama de interpretações, muitas vezes marcadas por contradições. Reconhecendo a natureza fragmentária do modelo teórico proposto por Weber, este dossiê examina o conceito de carisma a partir de uma perspetiva antropológica e visa explorar as diversas formas e manifestações através das quais o carisma é criado e legitimado. Etnografias realizadas em contextos religiosos no Oriente Médio e Norte de África lançaram luz sobre as várias configurações de comunidades, movimentos e relações carismáticas que produzem múltiplas formas de expressão emocional e de experiência religiosa. Com o objetivo de contribuir para o debate antropológico sobre a aplicabilidade do conceito de Weber a diferentes formas de carisma, este dossiê apresenta cinco relatos etnográficos a partir de trabalhos de campo na Turquia, Marrocos, Líbano e Iraque. Estes estudos exploram os processos pelos quais carisma é construído, mantido e transmitido em diferentes contextos religiosos, políticos e institucionais. Ao integrar a teoria weberiana com perspectivas etnográficas, este dossiê procura avançar a nossa compreensão do carisma como um fenômeno dinâmico, relacional e culturalmente enraizado. As contribuições que seguem aprofundam a nossa compreensão das diversas formas de engajamento religioso e político, de pertencimento e de ligação emocional a um líder religioso, comunidade ou movimento, promovendo um diálogo produtivo entre diferentes perspectivas analíticas e contextos etnográficos.</p> Gisele Fonseca Chagas Liza Dumovich Copyright (c) 2024 Gisele Fonseca Chagas, Liza Dumovich https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-12 2024-12-12 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a65709 Carisma, personificação e revelação contínua: ampliando o conceito de Islã https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/65199 <p>Este artigo tem o objetivo de ampliar e pluralizar nossa abordagem do Islã como uma tradição discursiva. Ele formula uma intervenção no debate acadêmico sobre a conceituação do Islã como uma tradição discursiva proposta por Talal Asad. Essa conceituação foi criticada por conter um certo viés sunita em sua noção de ortodoxia, notadamente por Shahab Ahmed e Zeynep Oktay. Esta última, com base em seu trabalho sobre o alevismo, argumentou a favor da autoridade carismática como um element importante na conceituação dos nós da normatividade islâmica. Dando continuidade a essas intervenções, este artigo sustenta que o reconhecimento do papel central do carisma, que é a ênfase na devoção à sacralidade corporificada nos santos, a corporificação do divino em locais e coisas sagradas e as dimensões afetivas da devoção (no contexto de paisagens sonoras e formações estéticas específicas) pode ajudar a descentralizar pontos de referência logocêntricos e leais às escrituras na conceituação do Islã. O artigo argumenta que a pluralização dos pontos de referência centrais na conceituação do Islã está alinhada a uma perspectiva genealógica, que deve ser cética em relação a conceituações do Islã que se sobrepõem a hegemonias estabelecidas e tomam como axiomática a centralidade das escrituras na devoção islâmica.</p> Markus Dressler Liza Dumovich Copyright (c) 2024 Markus Dressler; Liza Dumovich https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-12 2024-12-12 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a65199 Arenas of charisma: memory and devotion to Abūnā Bshara Abou Mourad in the construction of the Greek Catholic community in Lebanon https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/62482 <p>This article examines the production and mobilization of the charisma of the Greek Catholic monk-priest Bshara Abou Mourad within the Lebanese context. Known as Abūnā (Father) Bshara, this monk plays a central role in the Greek Catholic community, particularly due to his ongoing canonization process in the Vatican, which, if successful, would make him the only saintly representative of this confession. The study investigates the transmission of his charismatic memory and devotional practices in the Lebanese localities associated with his ecclesiastical journey: Joun, Zahle, and Dayr al-Qamar. Drawing on a Weberian concept of charisma, focused on the individual’s extraordinary qualities, but expanding this approach to include its embodiment in objects, images, and its territorial diffusion, the article argues that, in various spaces within these municipalities—designated as “arenas of charisma”—the spiritual power of Abūnā Bshara plays a crucial role in shaping the Greek Catholic community in Lebanon. This phenomenon not only manifests within these arenas but also extends to a national and even regional scale, functioning as a symbol of identity for the confession in contrast to other communities in Lebanon’s multiconfessional and sectarian landscape. Thus, by analyzing charisma across multiple scales (local, national, and regional) and through various perspectives (memorial, devotional, and sectarian), this article contributes to the theory of charisma and its broader implications.</p> Rodrigo Ayupe Bueno da Cruz Copyright (c) 2024 Rodrigo Ayupe Bueno da Cruz https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-12 2024-12-12 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62482 “Renovando relações para inventar tradições”: autoridade e legitimidade no sufismo marroquino https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61042 <p class="Default" style="text-align: justify; line-height: 150%; tab-stops: 1.0cm;">Este texto visa indagar os fluxos de dominação desenvolvidos por adeptos do sufismo marroquino. Para tal, procuro compreender a reestruturação do centro ritual da confraria sufi Hamdouchiya, localizada na cidade de Safi, no litoral sul do Marrocos. Esse processo de reorganização é examinado por meio das ações de três indivíduos que desempenham funções específicas dentro da confraria. Esta pesquisa se baseia na análise de dados etnográficos produzidos no Marrocos entre 2016 e 2017. O centro ritual, ao criar um tipo de arranjo particular, estabeleceu um fluxo criativo que se diferencia do modelo clássico de autoridade e legitimidade centrado na figura do mestre, um elemento fundamental na caracterização das dinâmicas do sufismo de maneira geral. Assim, ao analisar o caso etnográfico proposto, sugere-se que outros fatores estão em jogo tais como o grau de interação e a natureza das afinidades exercidas entre os agentes. Essa combinação de elementos ou características de dominação pode ser útil para evidenciar o significado dos projetos realizados na zawiya de Safi. A convergência entre saberes consolidados (dominação tradicional) e a adesão afetiva (dominação carismática) em torno de lideranças locais especializadas era essencial para organizar um campo de relações que, inicialmente, poderia competir por certa proeminência ou monopólio.</p> Bruno Ferraz Bartel Copyright (c) 2024 Bruno Ferraz Bartel https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-12 2024-12-12 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a61042 The content of Ayatollah Sistani’s charismatic authority: the affective bond https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/61528 <p>Historically, Ayatollah Sistani’s calls to action have mobilised hundreds of thousands and even millions of his followers into different forms of political mobilisation in the post-2003 Iraqi context (e.g. voting, demonstrations, and armed jihad). A fundamental reason for this is his charismatic authority. Pre-existing literature on Sistani’s charisma has salient shortcomings in providing a conceptually coherent framework to capture how the Ayatollah inspires Weberian ‘absolute trust’ in his religio-political leadership. The present research seeks to compensate for this by offering an alternative approach to understanding Sistani’s charisma, which is informed by 40 semi-structured interviews conducted in 2022 with his followers and other seminary and academic personalities in Iraq. The content of his charismatic authority is referred to as the ‘affective bond’, which is a cognitive-emotional connection between the followers and Sistani premised on the former’s recognition of him as a symbol of legitimacy, hope, and authenticity. These perceptions confirm the ‘absolute trust’ that followers have in Sistani, which becomes the cognitive basis of their emotional willingness to answer his calls to action. In undertaking the mission of this paper, the intimate interplay between narratives, history, culture, rituals, practices, history, storytelling, and the perceptions that produce Sistani’s charismatic authority, will come to light.</p> Ali Alsayegh Copyright (c) 2024 Ali Alsayegh https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-12 2024-12-12 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a61528 De l’agression coloniale à l’État islamique: aux origines des rivalités charismatiques dans l’Irak post-Baathiste (1991-2019) https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/64962 <p>Cet article étudie la formation du discours religieux au sein des luttes pour le charisme politico-religieux qui ont suivi l’effondrement de l’État irakien après l’invasion de 1991 lors de la guerre du Golfe. Il retrace l’évolution de ces discours sous l’effet des transformations sociales provoquées par les guerres successives liées aux interventions américaines. L’hypothèse centrale de l’article soutient que, contrairement à la stabilisation politique sous le baathisme, fondée sur le monopole du charisme national à l’origine de l’État-nation irakien moderne, la rivalité autour du charisme religieux, nourrie par la confessionnalisation et la fragmentation, a échoué à rétablir une union nationale après l’invasion. Cette impasse s’explique principalement par la polarisation extrême des discours religieux chiite et sunnite en temps de guerre, exacerbée par la destruction de l’appareil séculier qui régulait l’ordre intercommunautaire, affaibli depuis 1991 par l’invasion coloniale et l’embargo. L’article montre que c’est la guerre elle-même, et non un clivage inhérent à la religion, qui a favorisé l’émergence de nouveaux charismes religieux. En analysant les transformations au sein du parti Baath et dans les discours de Saddam Hussein, il met en lumière le rôle de l’agression coloniale dans l’aggravation du confessionnalisme en Irak, remettant en question la lecture orientaliste de la division idéologique et religieuse.</p> Montassir Sakhi Copyright (c) 2024 Montassir Sakhi https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-12-12 2024-12-12 10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a64962