Marina de Vasconcellos, pioneira da antropologia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i3.a65252Palavras-chave:
Marina de Vasconcellos, História da Antropologia, Mulheres, Ensino de Antropologia, Antropologia brasileira.Resumo
O artigo explora a trajetória de Marina de Vasconcellos, considerada a primeira antropóloga profissional do Brasil, destacando-se pelo pioneirismo em uma época em que a Antropologia ainda se consolidava como disciplina no país. O reconhecimento de Vasconcellos como primeira antropóloga profissional considera principalmente dois aspectos principais: a) sua formação acadêmica estrita na área de Antropologia; e b) sua atuação como docente de Antropologia no ensino superior. O estudo foca no desenvolvimento de sua carreira e no impacto que ela exerceu no campo da Antropologia brasileira, especialmente através de sua estreita colaboração com Arthur Ramos, uma figura central na Antropologia da época, com quem trabalhou como professora assistente por quase uma década. Além de sua atuação acadêmica, Vasconcellos desempenhou um papel significativo na institucionalização da Antropologia no Brasil. Ela não só lecionou na Faculdade Nacional de Filosofia, onde formou e influenciou uma nova geração de estudiosos da área, como também contribuiu ativamente em sociedades científicas. Sua participação em organizações como a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia e a Associação Brasileira de Antropologia foi essencial para a criação de espaços de diálogo e cooperação entre antropólogos, promovendo o desenvolvimento e a consolidação da disciplina. Em suma, o artigo destaca como Marina de Vasconcellos foi uma figura central na profissionalização e institucionalização da Antropologia no Brasil, pavimentando o caminho para futuras gerações de antropólogos.
Downloads
Referências
AZEREDO, Paulo Roberto. Antropólogos e Pioneiros: a história da sociedade brasileira de antropologia e etnologia. São Paulo: FFLCH/USP, 1986.
BARROS, Luitgarde Oliveira Cavalcanti. Arthur Ramos e as dinâmicas sociais de seu tempo. Maceió: Ufal, 2005.
BIRMAN, Patricia. Transas e transes: sexo e gênero nos cultos afro-brasileiros, um sobrevôo. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 13, p. 403-414, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ref/a/vCG4hq9qVzjwFc97gg8nTrz/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 2 nov. 2024.
BRASIL. Decreto-Lei nº 1.190, de 4 de abril de 1939. Dá organização à Faculdade Nacional de Filosofia. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 7929, 6 abr. 1939. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-1190-4-abril-1939-349241-norma-pe.html. Acesso em: 22 jan. 2025.
CAMPOS, Maria J. Luz e sombra na antropologia brasileira: uma versão da democracia racial no Brasil nas décadas de 1930 e 1940. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2004.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1988.
CHAGURI, Mariana Miggiolaro; PIRES, Bárbara Luisa. A carreira acadêmica como profissão de mulheres: algumas histórias a partir da FFCL-USP. Tempo Social, São Paulo, v. 36, n. 1, p. 111-131, 2024. Disponível em: https://revistas.usp.br/ts/article/view/220230. Acesso em: 2 nov. 2024.
CIACCHI, Andrea. Gioconda Mussolini: uma travessia bibliográfica. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 50, p. 181-223, 2007. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27260/29032. Acesso em: 4 nov. 2024.
CIACCHI, Andrea. Mestrança: Gioconda Mussolini e a antropologia em São Paulo (1938–1969). Tempos Históricos, Marechal Cândido Rondon, v. 19, n. 1, p. 153-186, 2015. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/temposhistoricos/article/view/11829. Acesso em: 2 nov. 2024.
CONNELL, Raewyn. A iminente revolução na teoria social. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 27, p. 9-20, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/ZZZqDf3h5FwNbfCMQ66jPqF/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 4 nov. 2024.
CORRÊA, Mariza. A natureza imaginária do gênero na história da antropologia. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 109-130, 1995. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1776. Acesso em: 4 nov. 2024.
CORRÊA, Mariza. Antropólogas & antropologia. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
CORRÊA, Mariza. As ilusões da liberdade: a escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2013.
FRY, Peter. Bacamarte em Pernambuco? René Ribeiro entre 60 xangozeiros de Recife. Bagoas – Estudos Gays: Gêneros e Sexualidades, Natal, v. 9, n. 12, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/8142. Acesso em: 4 nov. 2024.
GOMES, Janaina Damaceno. Os segredos de Virgínia: estudo de atitudes raciais em São Paulo (1945-1955). 2013. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.8.2013.tde-14032014-103244. Acesso em: 21 jan. 2025.
GUTMAN, Guilherme. Raça e psicanálise no Brasil. O ponto de origem: Arthur Ramos. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 10, p. 711-728, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlpf/a/395rCsW4SVxNBpdsYnQNbhB/. Acesso em: 4 nov. 2024.
MICELI, Sergio (org.). História das Ciências Sociais no Brasil Vol. 1. São Paulo: Idesp: 1989.
MIGLIEVICH-RIBEIRO, Adelia. Heloísa Alberto Torres e Marina de Vasconcelos: Pioneiras na Formação das Ciências Sociais no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ, 2015.
OLIVEIRA, Amurabi. Arthur Ramos (1903-1949): chefe do Departamento de Ciências Sociais da Unesco. Antropolítica: revista contemporânea de antropologia, Niterói, n. 47, p. 1-20, 2019a. Disponível: https://doi.org/10.22409/antropolitica2019.0i47.a42068. Acesso em: 14 abr. 2025.
OLIVEIRA, Amurabi. Arthur Ramos e a rotinização da Antropologia através de seu ensino. Civitas – Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v.19, p. 659-674, 2019b. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/civitas/article/view/28480. Acesso em: 4 nov. 2024.
OLIVEIRA, Amurabi. Ruth Landes (1908-1991) and her understanding of Brazil in the City of Women. Asian Journal of Latin American Studies, Seul, v. 32, n. 3, p. 29-41, 2019c. Disponível em: https://doi.org/10.22945/ajlas.2019.32.3.29. Acesso em: 14 abr. 2025.
OLIVEIRA, Amurabi. Afro-Brazilian Studies from Psychoanalysis to Cultural Anthropology: An Intellectual Portrait of Arthur Ramos, In: Bérose: Encyclopédie internationale des histoires de l’anthropologie, Paris. 2021. Disponível em: https://www.berose.fr/article2327.html?lang=fr. Acesso em: 14 abr. 2025.
OLIVEIRA, Amurabi. Um antropólogo brasileiro nos Estados Unidos: Arthur Ramos e o curso sobre Raças e Culturas no Brasil. Antropolítica: revista contemporânea de antropologia, Niterói, v. 55, p. 1-26, 2023a. Disponivel em: https://doi.org/10.22409/antropolitica.i.a53957. Acesso em: 14 abr. 2025.
OLIVEIRA, Amurabi. Social Sciences in Brazil: From a Broad Interdisciplinarity to a Restricted Interdisciplinarity. Global Perspectives, Oakland, v. 4, n. 1, p. 1-10, 2023b. Disponível em: https://doi.org/10.1525/gp.2023.87794. Acesso em: 14 abr. 2025.
PINHEIRO, Dimitri. Jogo de damas: trajetórias de mulheres nas ciências sociais paulistas (1934-1969). Cadernos Pagu, Campinas, n. 46, p. 165-196, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cpa/a/x78LDJKdhGVZQbHvsgzj3rc/abstract/?lang=pt. Acesso em: 21 jan. 2025.
POURCHET, Maria Julia. Brasil. Primeira reunião Brasileira de Antropologia. Boletín de Antropología Americana, Cidade do México, v. 15, n. 1, p. 74, 1952. Disponível em: https://www.jstor.org/journal/boleantramer. Acesso em: 4 nov. 2024.
RAMOS, Arthur. [Correspondência]. Destinatário: Heloísa Alberto Torres. Rio de Janeiro, 4 ago. 1949.
SANSONE, Lívio. Estação etnográfica Bahia: a construção transnacional dos estudos afro-brasileiros (1935-1967). Campinas: Unicamp, 2023.
SOUZA, Candice Vidal. Professoras de Antropologia em Minas Gerais: notas sobre a condição da margem. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 24, p. 499-520, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/44598. Acesso em: 4 nov. 2024.
TORRES, Heloísa Alberto. [Correspondência]. Destinatário: Arthur Ramos. Rio de Janeiro, 3 ago. 1949.
VASCONCELLOS, Marina de São Paulo. [Correspondência]. Destinatário: Arthur Ramos. Rio de Janeiro, 6 jan. 1940a.
VASCONCELLOS, Marina de São Paulo. [Correspondência]. Destinatário: Arthur Ramos. Rio de Janeiro, 20 out. 1940b.
VASCONCELLOS, Marina de São Paulo. [Correspondência]. Destinatário: Arthur Ramos. Rio de Janeiro, 21 nov. 1940c.
VASCONCELLOS, Marina de São Paulo. [Correspondência]. Destinatário: Arthur Ramos. Rio de Janeiro, 12 mar. 1941.
VASCONCELLOS, Marina de São Paulo. Alguns movimentos contra-aculturativos do nordeste. 1949. Tese (Concurso à livre-docência da cadeira de Antropologia e Etnografia) – Faculdade Nacional de Filosofia, Rio de Janeiro, 1949.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Amurabi Oliveira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O conteúdo da revista Antropolítica, em sua totalidade, está licenciado sob uma Licença Creative Commons de atribuição CC-BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
De acordo com a licença os seguintes direitos são concedidos:
- Compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;
- Adaptar – remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial;
- O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição – Você deve informar o crédito adequado, fornecer um link para a licença e indicar se alterações foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer maneira razoável, mas de modo algo que sugira que o licenciante o apoia ou aprova seu uso;
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.