Patriotas da BR-163: ressentimentos, nostalgia e a humilhação da lei na fronteira
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https://doi.org/10.22409/antropolitica2024.v56.i3.a62574Mots-clés:
Emoções, Moralidades, Confrontos Políticos, Extrema-Direita, Amazônia.Résumé
Este artigo discute a relação entre políticas de desenvolvimento, a produção de comunidades imaginadas e confrontos políticos, tendo como objeto de análise as dinâmicas emocionais presentes em relatos de habitantes da região da rodovia BR-163 (Pará, Amazônia Legal, Brasil) em situações de conflito com autoridades estatais. A análise se alicerça em dados etnográficos, publicações de relatos de habitantes da região, reportagens jornalísticas e entrevistas em profundidade com autodenominados pioneiros, colonos, produtores rurais, pequenos agricultores, comerciantes, empresários, garimpeiros e madeireiros. Com base no diálogo com teorias das Ciências Sociais sobre emoções, desenvolvimento e mobilizações sociais, descrevo como dinâmicas emocionais vinculadas ao imaginário de conquista da “fronteira” conformaram uma memória social marcada por nostalgia estrutural e ressentimentos. Esses eram entretecidos por sentimentos como: coragem daqueles identificados como pioneiros diante do medo do sertão e da esperança do progresso; humildade, orgulho, raiva e revolta do “povo” frente a variadas formas de abandono, covardia e humilhação do governo e da lei. Argumento que esses ressentimentos e nostalgias motivaram uma crescente adesão, por grupos sociais heterogêneos mais recentemente reunidos sob a categoria patriotas, à extrema-direita e a conflitos violentos contra normas e políticas públicas de regulamentação ambiental e de redistribuição de terras públicas. Logo, o objetivo do trabalho é contribuir para a compreensão de como os patriotas da BR-163 acreditam no que dizem e fazem, assim como suas motivações políticas. Defendo que emoções referidas a confrontos políticos violentos são ferramentas analíticas profícuas para a reflexividade antropológica acerca de nossos “outros repugnantes”.
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