Abate humanitário e bem-estar animal: a incorporação das contestações em torno da vida e morte de “animais que sentem” nos frigoríficos industriais
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2016.0i41.a41833Palavras-chave:
Sociologia do consumo, consumo alimentar, contestação, direito dos animais.Resumo
O modelo de abate bovino industrial nas sociedades contemporâneas possui uma forma de organização inédita. Os aspectos técnicos e econômicos, e a concepção acerca da relação entre humanos e animais foram transformados. O método de abate deixou de ser artesanal e se tornou mecanizado e massivo. Desde os anos 1950, esse comportamento por parte dos agentes econômicos tem recebido contestações de cientistas e movimentos políticos em favor dos animais. A denúncia feita é a de que a transformação dos animais em “mera matéria-prima”, e o “isolamento físico e moral” do processo de abate produziram uma “insensibilidade” e “invisibilidade” que contribuíram para que os animais fossem tratados de forma “cruel” e “violenta”. Em vista disso, esse trabalho discutirá como a rede produção da carne, organizada por uma lógica econômica e utilitarista é pressionada a incorporar uma dimensão afetiva de “cuidado” e “respeito” aos animais, por meio das normatizações em torno do abate humanitário e bem-estar animal. A partir de uma discussão teórica e de dados recolhidos durante trabalho de campo em uma cidade Nordeste, com funcionários e ex-funcionários do frigorífico JBS, discutiremos como os agentes econômicos incorporam tais normatizações em sua lógica racionalizada e pautada pelo primor técnico e econômico.
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