MEDIAÇÃO DE CONFLITOS COMO PROMOTORA DE PACIFICAÇÃO SOCIAL – CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS PARA UMA REFLEXÃO
DOI:
https://doi.org/10.22409/conflu20i3.p577Palavras-chave:
Paz, Pacificação, Mediação de conflitosResumo
No âmbito jurídico, é corrente a ideia de que métodos autocompositivos, entre os quais a mediação de conflitos, promovem a pacificação social. Isso está presente em diversos autores, na Resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário, e também no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Contudo, não está claro o que significa essa pacificação, ou seja, qual a ideologia por trás das ações ou da defesa do termo. Nesse sentido, há uma falácia não verbal, ou seja, a simples repetição do senso comum. Diante disso, o objetivo geral do presente artigo é problematizar concepções de pacificação social possíveis para ações relacionadas à mediação de conflitos. Para tanto, ele se configura como uma revisão bibliográfica interdisciplinar construída dentro da perspectiva dos estudos para a paz. A conclusão expressa a necessidade de se realizar pesquisas empíricas sobre a temática.Downloads
Referências
ARENDT, Hanna. 2005 A condição humana. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
______________. 1989 As origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras.
______________. 2004 Da violência. S.L, 2004. Livro em formato digital. Disponível em <http://www.sabotagem.revolt.org>. Acesso em 30 abr. 2014.
______________. 2013 Entre o passado e o futuro. 7 ed. São Paulo: Perspectiva.
ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRATOS BRASILEIROS. 2014 O uso da justiça e o litígio no Brasil. Brasília, Disponível em: <http://jota.info/wp-content/uploads/2015/08/O-uso-da-Justi%C3%A7a-e-o-lit%C3%Adgio-no-Brasil.pdf>. Acesso em 27 out 2016.
AZEVEDO, André Gomma. 2015. “Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas: uma análise sob a perspectiva construtivista”. In: SOUZA, Luciane Moessa (org). Mediação de conflitos: novo paradigma de acesso à justiça, Santa Cruz do Sul: Essere nel Mondo.
BRASIL. 2005. Acesso à Justiça por Sistemas Alternativos de Administração de Conflitos: Mapeamento Nacional de Programas Públicos e Não Governamentais do Ministério da Justiça. Ministério da Justiça. Disponível em: <http://www.acessoajustica.gov.br/pub/_downloads/downloads_acesso_justica.pdf> Acesso em 27 out 2016.
______________. 2010a. Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Brasília: SEDH/PR.
______________. 2010. Resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010, que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário. Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2579>. Acesso em 27 out 2016.
CALMON, Petrônio. 2007. Fundamentos da mediação e da conciliação. Rio de Janeiro: Forense.
CASTORIADIS, Cornelius. 1982. A instituição imaginária da sociedade. 5ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. GRINOVER, Ada Pelegrini. DINAMARCO, Cândido R. Teoria Geral do Processo. 1997. 13 edição. São Paulo: Malheiros.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. 2011. 100 maiores litigantes. Brasília, março. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/images/pesquisas-judiciarias/pesquisa_100_maiores_litigantes.pdf>. Acesso em 27 out 2016.
DAHLET, Patrick. 2014. “Apagar as divisões, celebrar o consenso: a governança discursiva na era neoliberal”. Todas as letras W. São Paulo, v. 16, n. 1, p. 125-138, maio. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.15529/1980-6914/letras.v16n1p125-138>. Acesso em 27 out 2016.
DEUTSCH, Morton. 2004. “A resolução do conflito”. In: AZEVEDO, André G. (org). 2004. Estudos em arbitragem, mediação e negociação. Brasília: Ed. Grupos de Pesquisa, v. 3, p. 29 – 40.
DIETRICH, Wolfgang. 2006. “Una llhamada a muchas paces”. In: DIETRICH, Wolfrang; ALVAREZ, Josefina Echavarría; KOPPENSTEINER (org.). Schlüsseltexte der Friedensforschung. Key Texts of Peace Studies. Textos claves de la Investigación para la Paz. Berlim: Lit, p. 435-455.
DINIZ, Bárbara Silva. 2014. Avaliação da mediação de conflitos no contexto escolar: um estudo de caso no Distrito Federal. Dissertação (Mestrado em Direitos Humanos e Cidadania) Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/17843> Acesso em 27 out 2016.
______________. 2016. “Concepções de paz para uma educação para a paz”. In: MATOS, Kelma Socorro Lopes de (org). 2016. Cultura de paz, educação e espiritualidade. Fortaleza: EdUECE; Imprece, p. 320 - 335.
DURKHEIM, Émile. 1999. Da divisão do trabalho social. 2ª edição. São Paulo: Martins Fontes.
EBERHARD, Christoph. 2001 Opening up Spaces for Peace: A Dialogical and Transmodern Approach. Disponível em: <http://www.dhdi.free.fr/recherches/droithomme/articles/eberopeningpeace.pdf>. Acesso em 9 jan de 2017.
FOCAULT, Michel. 1984. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal.
______________. 1999. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes.
FURTADO, Celso. 1974. O mito do desenvolvimento econômico. 3 ed. São Paulo: Paz e Terra.
GABBAY, Daniela Monteiro. 2013. Mediação & Judiciário no Brasil e nos EUA: condições, desafios e limites para a institucionalização da mediação no judiciário. Brasília: Gazeta Jurídica.
GALTUNG, Johan. 1990. “Cultural Violence”. Journal of Peace Research, vol. 27, n. 3, ago. p. 291-305.
______________. 1969. “Violence, Peace and Peace Research”. Journal of Peace Research, vol. 06, no. 3, set. p.167 – 191.
ILLICH, Ivan. 2006. “Desvincular Paz y Desarollo”. In: DIETRICH, Wolfrang; ALVAREZ, Josefina Echavarría; KOPPENSTEINER (org.). 2006. Schlüsseltexte der Friedensforschung. Key Texts of Peace Studies. Textos claves de la Investigación para la Paz. Berlim: Lit, p. 315-324.
JAKOBS, Gunther. MELIÁ, Manuel Cancio. 2007. Direito penal do inimigo – noções e críticas. 2ª edição. Porto Alegre: Livraria do Advogado.
KONZEN, Afonso Armando. 2015. “Parâmetros de Segurança no atendimento socioeducativo”. Curso Núcleo Básico. Brasília: Escola nacional de Socioeducação - SINASE. Disponível em: < http://ens.sinase.sdh.gov.br/ens2/images/Biblioteca/modulos_dos_cursos/Nucleo_Basico_2015/Eixo_6/EixoVI.pdf >. Acesso em 15 mai. 2017.
LEFORT, Claude. 1991. Pensando o político: ensaios sobre democracia, revolução e liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
MENDONÇA, Rafael. 2006. (Trans)modernidade e mediação de conflitos: pensando paradigmas, devires e seus laços com um método de resolução de conflitos. Florianópolis: Hábitus.
MOREIRA, Rafaela Sele. FRAGALE FILHO, Roberto. 2015. “Administração de conflitos e democracia: uma análise da página eletrônica do Conselho Nacional de Justiça”. Revista Debates, Porto Alegre, 9, n. 2, mai.-ago, p. 185-203.
MOURA, Tatiana. 2005. “Novíssimas guerras, novíssimas pazes: desafios conceptuais e políticos”. Revista Crítica de Ciências Social. Centro de Estudos Sociais. Universidade de Coimbra, n. 71, junho, p. 77 – 96. Disponível em: < http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/ficheiros/214.pdf>. Acesso em 26 mar. 2013.
MUÑOZ, Francisco. 2006. “La Paz Imperfecta”. In: DIETRICH, Wolfrang; ALVAREZ, Josefina Echavarría; KOPPENSTEINER (org.). 2006. Schlüsseltexte der Friedensforschung. Key Texts of Peace Studies. Textos claves de la Investigación para la Paz. Berlim: Lit, p. 392-434.
ONU (Organização das Nações Unidas). 1999. Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz. Resolução aprovada pela Assembleia Geral [sem remissão prévia a uma Comissão Principal A/RES/53/243, 6 de outubro de 1999. Disponível em: <http://www.comitepaz.org.br/download/Declara%C3%A7%C3%A3o%20e%20Programa%20de%20A%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20uma%20Cultura%20de%20Paz%20-%20ONU.pdf> Acesso em 27 out 2016.
PASQUINO, Gianfranco. 1995. “Conflito”. In: BOBBIO, Norberto et all. 1995. Dicionário de Política. 8a. Edição. Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, p. 225 – 230.
PUREZA, José Manuel. 2011. “O desafio crítico dos estudados para a paz”. Relações Internacionais. Dezembro, n. 32, p. 005-022.
SADER, Emir. 2000. Século XX uma biografia não autorizada. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.
SALES, Lilia Maia de Morais. 2004. Justiça e mediação de conflitos. Belo Horizonte.
SANTOS, Boaventura de Sousa. AVRITZER, Leonardo. 2002. “Para ampliar o cânone democrático”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (org). Democraciatizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p. 39- 72.
______________. 2004. “Por uma concepção multicultural dos direitos humanos”. In: BALDI, Cesar (org.): Direitos Humanos na Sociedade Cosmopolita. Rio de Janeiro, São Paulo e Recife: Editora RENOVAR, p. 239 a 277.
SEN, Amartya Kumar. 2000. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras.
SILVA, Anderson Marques da. MELO, Marlene Catarina de Oliveira Lopes. LOPES, Ana Lúcia Magri Lopes. 2014. “Relações de poder em unidades de internação para adolescentes em conflito com a lei – estudo de caso”. XXIV Jornadas Luso Espanholas de Gestão Científica. Leiria, 6,7,8 fevereiro. Disponível em: <http://www.unihorizontes.br/mestrado2/wp-content/uploads/2013/08/teXTO-3-MCOLM.pdf >. Acesso em 05 mai. 2017.
SIX, Jean François. 2001. Dinâmica da mediação. Belo Horizonte: Del Rey.
SOARES, Fabio Montavão. 2011. “Uma experiência de intervenção em um projeto cultural: o psicólogo e a defesa dos direitos humanos nas instituições socioeducativas”. Fractal: Revista de Psicologia, v. 23, n. 1, Rio de Janeiro: Universidade Fluminense, jan. - abr. 2011, p. 171-190. Disponível em: < http://www.uff.br/periodicoshumanas/index.php/Fractal/article/view/401/504 >. Acesso em 05 mai. 2017.
SOUZA, Luciane Moessa de. 2015. Mediação, acesso à justiça e desenvolvimento institucional: análise histórico-crítica da legislação brasileira sobre mediação. In: Mediação de conflitos: novo paradigma de acesso à justiça, Santa Cruz do Sul: Essere nel Mondo.
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Cultura e Desenvolvimento). 2000. Manifesto 2000 para uma Cultura de Paz. Disponível em: < http://www.dhnet.org.br/direitos/bibpaz /textos/m2000.htm>. Acesso em 28 out. 2016.
VESTENA, Carolina Alves. BORGES, Rosa Maria Zaia. 2009. “A problemática do local e do global na mediação: a perspectiva emancipatória e a agenda do Banco Mundial para as reformas dos judiciários periféricos”. Direito & Justiça. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul v. 35, n. 2, jul./dez. p. 126-136. Acesso em 28 out 2016. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fadir/article/viewFile/8516/6234>
VEZZULLA, Juan Carlos. 2004. A mediação de conflitos com adolescentes autores de ato infracional. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social) Centro Sócio-econômico. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: < http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/86868>. Acesso em 20 mai. 2017.
VINYAMATA, Eduard. 2015. “Conflictología”. Revista de Paz y Conflictos. Granada, ES, vol. 08, n. 01, p. 9 – 24. Disponível em: <http://revistaseug.ugr.es/index.php/revpaz/article/view/2717/3176>. Acesso em 23 ago 2016.
WARAT, Luis Alberto. 2004. Surfando na pororoca: ofício do mediador. Florianópolis: Fundação Boiteux.
______________. 1984. “Técnicas argumentativas na prática judicial”. Revista Sequencia n.º 9, Universidade Federal de São Carlos. Curso de Pós-Graduação em Direito, Junho, p. 35-56. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/t%C3%A9cnicas-argumentativas-na-pr%C3%A1tica-judicial>. Acesso em 03 de setembro de 2016.
WIEVIORKA, Michel. 1997. “O novo paradigma da violência”. Tempo social. São Paulo: USP, n. 9(1), maio, p. 5 - 41.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. Têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. Possuem permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.