“Lá eu posso ser mulher”: cotidiano e sociabilidade travesti em trajetórias digitais

Autores

  • Alisson Machado Universidade Federal de Santa Maria
  • Sandra Rubia da Silva Universidade Federal de Santa Maria

DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v36i3.1030

Palavras-chave:

Consumo, Redes sociais digitais, Sociabilidade travesti.

Resumo

Amparado em uma pesquisa etnográfica para a internet (HINE, 2015), o artigo interpreta alguns elementos da sociabilidade travesti a partir de suas práticas de consumo e uso das tecnologias digitais. Observando as trajetórias digitais das participantes da pesquisa, através das interações na plataforma de rede social Facebook, demonstramos como a internet se incorpora à vida cotidiana e movimenta diferentes práticas de interação, como fofocas, truques e alfinetadas. Além disso, através do site, manifestam-se as noções de fidelidade consigo mesmas e as interações singularizadas pelo trabalho na prostituição, elementos centrais na compreensão de suas sociabilidades.

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Biografia do Autor

Alisson Machado, Universidade Federal de Santa Maria

Doutorando em Comunicação, pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação, da Universidade Federal de Santa Maria. Mestre em Comunicação e bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, pela mesma instituição.

Sandra Rubia da Silva, Universidade Federal de Santa Maria

Doutora em Antropologia Social, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora do Departamento de Ciências da Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, da Universidade Federal de Santa Maria.

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Publicado

2017-12-27