Quem não sonhou em ser um jogador de videogame?
Colonialidade, precariedade e trabalho de esperança em Free Fire
DOI:
https://doi.org/10.22409/contracampo.v40i3.50495Palavras-chave:
Esports, Colonialidade, Precariedade , Trabalho de Esperança, Free FireResumo
Este artigo busca compreender o modo como imagens e imaginários coloniais viajam pelos jogos, a partir de ações publicitárias ao seu redor, e criam condições maduras para a proliferação do trabalho gratuito baseado em esperança. O tema é enquadrado a partir de preceitos teórico-epistemológicos que problematizam a relação entre trabalho e lazer nos videogames, fenômeno que é melhor compreendido pela lente da colonialidade. O olhar se debruça sobre as estratégias publicitárias da Operação Chrono no Brasil, do jogo Free Fire, juntamente com campanhas de grandes anunciantes nos esports e no futebol. Identifica-se o reforço da ideologia neoliberal e a valorização lucrativa das formas de lazer e esperança de jogadores aspirantes, por meio da reprodução de retóricas que reiteram a matriz colonial, a precariedade, a exploração e assimetrias de poder na indústria e no ecossistema de esports.
Downloads
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
DARDOT, P.; LAVAL, C. La nouvelle raison du monde: essai sur la société néolibérale. Paris: La Découverte, 2009.
DIBBELL, J. Invisible Labor, Invisible Play: Online Gold Farming and the Boundary Between Jobs and Games. Vanderbilt Journal of Entertainment & Technology Law, v. 18, n. 3, p. 419-465, spring, 2016.
FALCÃO, T.; MARQUES, D.; MUSSA, I. #BOYCOTTBLIZZARD: capitalismo de plataforma e a colonização do jogo. Contracampo, v. 39, n. 2, p. 59-78, 2020.
FALCÃO, T. Esports in Brazil: Playing Against All Odds. 2021. [no prelo]
GASTALDO, E. Negros jogam, brancos torcem: a ritualização das relações raciais na publicidade da Copa do Mundo. Ilha Revista de Antropologia, v. 4, n. 2, p. 099-110, 2002.
GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, v. 80, n. 1, p. 115-147, 2008.
GUEDES, S. Subúrbio: celeiro de craques. In: R. Da Matta (org.), Universo do Futebol: esporte e sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1982. p. 59-74.
GUEDES, S. O Brasil no Campo de Futebol: estudos antropológicos sobre os significados do futebol brasileiro. Rio de Janeiro: EDUFF, 1998.
JOHNSON, M.; WOODCOCK, J. ‘It’s like the gold rush’: the lives and careers of professional video game streamers on Twitch.tv. Information, Communication and Society, v. 22, n. 3, p. 336-351, 2017.
KUEHN, K.; CORRIGAN, T. Hope Labor: The Role of Employment Prospects in Online Social Production. The Political Economy of Communication, v. 1, n. 1, p. 9-25, 2013.
MIGNOLO, W. La idea de América Latina. La herida colonial y la opción decolonial. Barcelona: Gedisa, 2007.
MIGNOLO, W. The Darker Side of Western Modernity: Global Futures, Decolonial Options. Durham & London: Duke University Press, 2011.
QUIJANO, A. Colonialidad y modernidad/racionalidade. Perú Indígena, v. 12, n. 29, p. 11-20, 1992.
QUIJANO, A. Colonialidad del poder y clasificación social. Journal of World-Systems Research, v. 6, n. 2, p. 342-38, 2000.
SOARES, A. Futebol, malandragem e identidade. Vitória: Secretaria de Produção e Difusão Cultural da UFES, 1994.
TERRANOVA, T. Free Labor: Producing Culture for the Digital Economy. Social Text, v. 18, n. 2, p. 33-58, 2000.
THOMPSON, J. Ideology and modern culture. Stanford: Stanford University Press, 2009.
VAN DIJCK, J.; POELL, T.; DE WAAL, M. The Platform Society: Public Values in a Connective World. New York: Oxford University Press, 2018.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Tarcízio Macedo, Gabriela Kurtz
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores retêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de publicar o seu trabalho pela primeira vez sob a licença Creative Commons (CC-BY), que permite o intercâmbio de obras e reconhecimento de autoria na revista.