RESPONSABILIZAÇÃO POR CRIMES CONTRA A HUMANIDADE NO BRASIL

IMPUNIDADE NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

Autores

  • Emilio Peluso Neder Meyer Meyer UFMG
  • Felipe Guimarãs Assis Tirado King's College London

DOI:

https://doi.org/10.22409/rcj.v0i0.676

Palavras-chave:

Crimes contra a humanidade, Ditadura brasileira, Direitos Humanos, Constituição de 1988. / Keywords, Crimes against humanity, Brazilian dictatorship, Humanrights, Constitution of 1988./ Palabras clave, Crímenes de lesa humanidad, Dictadura brasileña...

Resumo

Quase 30 anos depois da promulgação da Constituição Federal de 1988, ainda há manifestações claras do emprego do monopólio da violência contra a população civil, em patente violação aos direitos humanos. Sob um governo democrático, inserido no paradigma do Direito Internacional dos Direitos Humanos, práticas autoritárias ainda são repetidas cotidianamente. O presente artigo pretende retomar o debate acerca das graves violações de direitos humanos perpetradas por agentes da ditadura, compreendidas como crimes contra a humanidade, para, assim, demonstrar que a impunidade em relação a tais crimes contribui para a corrente prática de violações similares. A empreitada será efetivada por meio de uma retomada do conceito de crimes contra a humanidade, da apresentação do Relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) acerca da ditadura brasileira e de uma leitura acerca do papel de raízes pretéritas das violações contemporâneas no marco dos 30 anos da Constituição de 1988.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Emilio Peluso Neder Meyer Meyer, UFMG

Mestre e Doutor em Direito pela UFMG. Professor Adjunto de Direito Constitucional da UFMG (Graduação e Pós-Graduação). Estágio Pós-Doutoral no King's College Brazil Institute. Coordenador do Centro de Estudos sobre Justiça de Transição da UFMG. Coordenador da Secretaria Executiva da Rede Latino-Americana de Justiça de Transição (2016-2017).

Felipe Guimarãs Assis Tirado, King's College London

Bacharel e Mestre em Direito pela Faculdade de Direito da UFMG. LLM Candidate -King’s College London. Membro do CJT/UFMG. Pesquisador da RLAJT (2016-2017).

Referências

ABRÃO, Paulo. TORELLY, Marcelo D. ‘O programa de reparações como eixo estruturante da Justiça de Transição no Brasil”. In REÁTEGUI, Félix (ed.). Justiça de Transição: Manual para a América Latina. Brasília/Nova Iorque: Ministério da Justiça/ICTJ, 2011, p. 473-516.

ACQUAVIVA, Guido. ‘At the Origins of Crimes Against Humanity: Clues to a Proper Understanding of the Nullum Crimen in the Nuremberg Judgement”. 9 Journal of International Criminal Justice, 2011, p. 881-903.

ALESSI, Gil. ‘Sobrevivente do Carandiru: ‘Se a porta abrir, você vive. Se não, vou te executar””, El País, 20 jun. 2017, https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/14/politica/1497471277_080723.html (acesso 2 jun. 2018).

ALSTON, Philip. GOODMAN, Ryan. International Human Rights. 2nd ed. Oxford: Oxford University Press, 2012.

ANISTIA INTERNACIONAL. ‘Ação urgente! Exija uma resposta: quem matou Marielle?”, 2018, https://anistia.org.br/entre-em-acao/email/acao-urgente-justica-para-marielle/ (acesso 3 dez. 2018).

ANISTIA INTERNACIONAL. ‘Você matou meu filho: homicídios cometidos pela Polícia Militar na cidade do Rio de Janeiro”, 2015, https://anistia.org.br/wp-content/uploads/2015/07/Voce-matou-meu-filho_Anistia-Internacional-2015.pdf (acesso 3 dez. 2018).

BASSIOUNI, M. Cherif. ‘Searching for Peace and Achieving Justice: the Need for Accountability”. 59 Law and Contemporary Problems, n. 4, 1996, p. 9-28.

BARBOSA, Annina. ‘Mortes provocadas por policiais, e 10 casos de violência que chocaram o Rio”, O Globo, 6 jul. 2017,

http://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/mortes-provocadas-por-policiais-10-casos-de-violencia-que-chocaram-rio-19654901 (acesso 3 dez. 2018).

BRUM. Eliane, ‘Meu “confronto’ com a polícia de Alckmin”, El País (Brasil), 10 jan. 2015, http://brasil.elpais.com/brasil/2015/01/10/opinion/1420896908_403524.html (acesso 18 mai. 2018).

CASSESE, Antonio. GAETA, Paola. Cassese’s International Criminal Law. 3rd ed. Oxford: Oxford University Press, 2013.

CECILIO, Filippo. ‘Entidades de defesa de vítimas da ditadura reclamam de falta de diálogo com Comissão da Verdade”, R7 Notícias, 10 mar. 2013, http://noticias.r7.com/brasil/entidades-de-defesa-de-vitimas-da-ditadura-reclamam-de-falta-de-dialogo-com-comissao-da-verdade-16032013, acesso 20 jun. 2018.

CLAPHAM, Andrew. Human Rights: A Very Short Introduction. 2a ed. Oxford: Oxford University Press, 2015.

COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE. Relatório. V. 1. Brasília: CNV, 2014a, http://www.cnv.gov.br (acesso 12 ago. 2018).

COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE. Relatório. V. 2, Brasília: CNV, 2014b, http://www.cnv.gov.br (acesso 22 jul. 2018).

COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Observações preliminares da visita in loco da CIDH ao Brasil, 2018, http://www.oas.org/es/cidh/prensa/comunicados/2018/238OPport.pdf (acesso 3 dez. 2018).

CORTE INTERAMERICA DE DIREITOS HUMANOS. Case of Gomes Lund et al. (‘Guerrilha do Araguaia”) v. Brazil, 2010, http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_ing.pdf (acesso 23 Jul. 2014).

DE GREIFF, Pablo, ‘Truth Telling and the Rule of Law”. In BORER, Tristan Anne (ed.). Truth Telling and Peace Building in Post-Conflict Societies. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 2006.

DE WET, Erika. ‘Jus cogens and obligations erga omnes”. In SHELTON, Dinah (ed.). The Oxford Handbook of International Human Rights Law. New York: Oxford University Press, 2013, p. 541-561.

EL PAÍS. ‘Marielle e Anderson: o que se sabe sobre o assassinato da vereadora e de seu motorista”, 17 mar. 2018,

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/15/politica/1521124512_120046.html?rel=str_articulo#1543531815714 (acesso 3 dez. 2018).

G1, ‘Justiça proíbe TV Globo de divulgar conteúdo do inquérito que apura os assassinatos de Marielle e Anderson”, 17 nov. 2018,

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/11/17/justica-proibe-tv-globo-de-divulgar-conteudo-do-inquerito-que-apura-os-assassinatos-de-marielle-e-anderson.ghtml (acesso 3 dez. 2018).

GARAPON, Antoine. Crimes que Não se Podem Punir nem Perdoar: Para uma Justiça Internacional. Trad. Pedro Henriques. Lisboa: Instituto Piaget, 2002.

GUERRA, Maria Pia. Polícia e ditadura: a arquitetura institucional da segurança pública de 1964 a 1988. Coleção LAB-MDH. Brasília: Ministério da Justiça e Cidadania, 2016.

HAYNER, Priscila B. Unspeakable Truths: Transitional Justice and the Challenge of Truth Commissions. 2nd ed. Londres: Routledge, 2010.

HENKIN, Louis. The Age of Rights. New York: Columbia University Press, 1990.

HUMAN RIGHTS WATCH. ‘Brasil: Violência Policial Continua Sem Freios”, 2017, https://www.hrw.org/pt/news/2018/01/18/313291 (acesso 3 dez. 2018).

JACKSON, Vicki C. Constitutional Engagement in a Transnational Era. New York: Oxford University Press, 2010.

KÉVORKIAN, Raymond. The Armenian Genocide: A Complete History. London: I. B. Tauris, 2011.

LÔBO, Cristiana. ‘'Militares precisam ter garantia para agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade', diz comandante do Exército”, 2018, http://www.comissaodaverdade.mg.gov.br/index.php/component/gmg/story/4412-militares-precisam-ter-garantia-para-agir-sem-o-risco-de-surgir-uma-nova-comissao-da-verdade-diz-comandante-do-exercito (acesso 3 dez. 2018).

LUBAN, David. ‘A Theory of Crimes Against Humanity”. 29 The Yale Journal of International Law, 2004, p. 85-167.

MARTIN, Claudia. ‘Catching Up with the Past: Recent Decisions of the Inter-American Court of Human Rights Addressing Gross Human Rights Violations Perpetrated During the 1970–1980s”, 7 Human Rights Law Review, 2007, p. 774-792.

MARTINS, Helena et al. ‘Commission responds to Armed Forces over Torture”, EBC Agência Brasil, 3 jul. 2014, http://agenciabrasil.ebc.com.br/en/direitos-humanos/noticia/2014-07/commission-responds-armed-forces-over-torture-dictatorship (acesso 22 de jul. 2014).

MAY, Larry. Crimes Against Humanity: A Normative Account. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

AUTOR, 2015a, p. 208-242.

AUTOR, 2012.

AUTOR, 2018.

AUTOR, 2015b, p. 5-20.

AUTORES, 2018a.

AUTORES, 2018b.

O’BOYLE, Michael. LAFFERTY, Michelle. ‘General Principles and Constitutions as Sources of Human Rights Law”. In SHELTON, Dinah (ed.). The Oxford Handbook of International Human Rights Law. New York: Oxford University Press, 2013, p. 194-221.

PATRUS, Rafael Dilly. Articulação Constitucional e Justiça de Transição. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2016.

PIOVESAN, Flávia. ‘Direito Internacional dos Direitos Humanos e Lei de Anistia: o caso brasileiro”. Revista Anistia Política e Justiça de Transição, n. 2, jul./dez. 2009

ROHT-ARRIAZA, Naomi. The Pinochet Effect: Transnational Justice in the Age of Human Rights. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2004.

SAVELSBERG. Joachim. ‘Violações de direito humanos, lei e memória coletiva”. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, v. 19, n. 2, nov. 2007.

SCHNEIDER, Nina. ‘Impunity in Post-authoritarian Brazil: The Supreme Court’s Recent Verdict on the Amnesty Law”, European Review of Latin American and Caribbean Studies 90, 2011, p. 39-54.

SHAW, Malcolm N. International Law. 6th ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

SILVA FILHO, José Carlos Moreira da. ‘Dever da memória e a construção da história viva: a atuação da Comissão de Anistia do Brasil na concretização do direito à memória e à verdade”. In SANTOS, Boaventura de Souza et al. (orgs.). Repressão e memória política no contexto ibero-brasileiro: estudos sobre Brasil, Guatemala, Moçambique, Peru e Portugal. Brasília: Ministério da Justiça, Comissão de Anistia; Portugal: Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais, 2010.

SILVA FILHO, José Carlos Moreira da. ‘Dever da memória e a construção da história viva: a atuação da Comissão de Anistia do Brasil na concretização do direito à memória e à verdade”. In SANTOS, Boaventura de Souza et al. (orgs.). Repressão e memória política no contexto ibero-brasileiro: estudos sobre Brasil, Guatemala, Moçambique, Peru e Portugal. Brasília: Ministério da Justiça, Comissão de Anistia; Portugal: Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais, 2010.

SPEKTOR, Matias. ‘Volta dos militares à política abre feridas do passado”, Folha de S. Paulo, 17 mai. 2018, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/matiasspektor/2018/05/volta-dos-militares-a-politica-abre-as-feridas-do-passado.shtml (acesso 18 mai. 2018).

TEITEL, Ruti G. Humanity’s Law. New York: Oxford University Press, 2011.

TEITEL, Ruti G. Transitional Justice. Nova Iorque: Oxford University Press, 2000.

TEITEL, Ruti G. ‘Transitional Justice Genealogy”. Harvard Human Rights Journal, v. 16, 2003, p. 69-94.

AUTOR, 2018.

TORELLY, Marcelo. Governança Transversal dos Direitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.

UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL. The Rule of Law and Transitional Justice in Conflict and Post-conflict Societies: Report of the Secretary-General, S/2004/616, 2004, https://www.civcap.info/fileadmin/user_upload/UN/S_2004_616.pdf (acesso 25 mar. 2015).

VALENTE, Rubens. ‘Geisel quis controlar repressão, dizem EUA”, Folha de S. Paulo, 16 mai. 2018, https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/05/geisel-quis-controlar-repressao-dizem-eua.shtml (acesso 18 mai. 2018).

Downloads

Publicado

2019-02-26 — Atualizado em 2021-04-01

Versões