A atualidade do Maio de 68
DOI:
https://doi.org/10.22409/re.v15i0.43005Palavras-chave:
Maio de 68, Expressão (apreensão), Sindicatos, Burocracia, Salários, Igualdade.Resumo
Em 68, a consciência social começou a ser reconstruída, tanto por meio da apreensão da expressão autônoma como através da ação. O exemplo do Centre d’Études Nucléaires de Saclay ilustra as batalhas de Maio. Estas reluzem alguns aspectos fundamentais da sociedade à época, aspectos que se mostram ainda mais marcadamente vigentes em nosso mundo capitalista presente: sua tendência totalitária, a destruição de todos os laços, a de todas as relações verdadeiramente vividas, do próprio significado da vida em sociedade. E, por outro lado, o intenso convívio, a transgressão de barreiras e de papeis no Maio. Em Saclay, vimos o quão rápido a contestation deslocou-se do meio estudantil para o meio heterogêneo, o quão espontaneamente se iniciou e se desenvolveu, testemunhamos sua natureza sistematizada e abrangente. Demanda-se o controle do trabalho coletivo, junto a seu corolário necessário, a liberdade de expressão (concebida como um pré-requisito para a verdadeira democracia). Como dito por Michel de Certeau, a expressão foi apreendida diretamente e de modo igualitário. Onde houvesse um surto da “contestation”, contestando tudo, incluindo-se partidos e sindicatos, era a burocracia a denunciada, acima de tudo. O que se reivindica é a responsabilidade; a igualdade entre indivíduos é traduzida em solidariedade prática. As demandas por salários mais altos perderam terreno, e os acordos Grenelle com seus 10% de aumento soaram como um insulto. A ação teve um poder revelador, conforme visto nas práticas do movimento 22 de Março, sobretudo a provocação, com vistas a que seus oponentes traíssem sua natureza reacionária, e a que a ação exemplar mostrasse a possibilidade de ação positiva imediata. Assim, a política se haveria tornado significativa novamente.Downloads
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