Matripotência e biointeração: princípios contracoloniais de defesa da vida
DOI:
https://doi.org/10.22409/resa2024.v17.a62349Palavras-chave:
matripotência, biointeração, interseccionalidade, colonialidade, contracolonialidadeResumo
O processo de colonização que construiu a Modernidade impôs a povos de todo o mundo estruturas dicotômicas de poder baseadas no par dominação-subordinação, que perpassam relações de raça, gênero, classe social, humanidade-natureza, dentre outras. Com Carla Akotirene e Nego Bispo, entendemos que na resistência à violência colonial é importante forjamos nossos próprios conceitos, a partir das cosmoperpepções dos povos afropindorâmicos. Sendo assim, trazemos aqui um pouco de como se articulam racismo e machismo a partir da dinâmica colonial, perpetuando múltiplas opressões e epistemicídios em relação aos saberes e modos de vida dos povos afropindorâmicos. No entanto, tais saberes estão vivos e potentes, organizando a vida nas comunidades contracoloniais e podem nos ajudar a romper com essencialismos e repensar nossa organização social, ao constituírem contraponto às estruturas de poder que determinam as relações no colonial-capitalismo. Nesse sentido, trazemos os conceitos de Biointeração, de Antônio Bispo dos Santos, e Matripotência, de Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí.
Downloads
Referências
ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária; Elefante, 2016.
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado em Educação)–Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Disponível em: https://repositorio.usp.br/single.php?_id=001465832. Acesso em: 5 out. 2019.
COLLINS, Patricia Hill. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 99-127, jan./abr. 2016. https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100006
FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.
GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 25-49, jan./abr. 2016. https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100003
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
NASCIMENTO, Abdias do. O quilombismo. Petrópolis: Vozes, 1980.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. Beatriz Nascimento, quilombola e intelectual: possibilidade nos dias de destruição. São Paulo: Filhos de África, 2018.
NASCIMENTO, Wanderson Flor do. A modernidade vista desde o Sul: perspectivas a partir das investigações acerca da colonialidade. Padê: estudos em filosofia, raça, gênero e direitos humanos, Brasília, v. 1, n. 1/2, p. 1-19, jan./dez. 2009. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/pade/article/view/1071. Acesso em: 7 jun. 2024.
NASCIMENTO, Wanderson Flor do. Os Yorùbás e a Invenção das Mulheres, por Oyèronkè Oyěwùmí. YouTube - Canal Pensar Africanamente, 2 jun. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bUesLz6h4og&feature=youtu.be&app=desktop. Acesso em: 18 jun. 2020.
NOGUEIRA, Regina (Kota Mulanji). O poder feminino nas tradições Banto, Fon e Yoruba. YouTube - Canal Pensar Africanamente, 1 jul. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EPCNKkNxHXk&t=4070s. Acesso em: 7 ago. 2020.
OLIVEIRA, Eduardo David de. Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da educação brasileira. 2005. 353f . Tese (Doutorado em Educação)_Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005. http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/36895
OXALÁ, Adilson de. Igbadu - a cabaça da existência: mitos nagôs revelados. Rio de Janeiro: Pallas, 2006.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónké. Conceituando o gênero: os fundamentos eurocêntricos dos conceitos feministas e o desafio das epistemologias africanas. Moodle da USP, 2004. Tradução de Juliana Araújo Lopes. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=4557576&forceview=1. Acesso em: 7 jun. 2024.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónké. Matripotência: Ìyá nos conceitos filosóficos e instituições sociopolíticas [iorubás]. Tradução de Wanderson Flor do Nascimento. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2016. cap. 3, p. 57-92. Disponível em: https://filosofia-africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/oy%C3%A8r%C3%B3nk%E1%BA%B9%CC%81_oy%C4%9Bw%C3%B9m%C3%AD_-_matripot%C3%AAncia.pdf. Acesso em: 18 jun. 2024.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Souza; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo, Cortez: 2010. p. 73-118.
SANTOS, Antônio Bispo dos. Colonização, quilombos: modos e significações. Brasília: UnB, 2015.
SANTOS, Antônio Bispo dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu; Piseagrama, 2023.
SANTOS, Deoscórades Maximiliano dos (Mestre Didi): porque Oxalá usa a ekodidé. Rio de Janeiro: Pallas, 1997.
SOMÉ, Sobonfu. O espírito da intimidade: ensinamentos ancestrais africanos sobre maneiras de se relacionar. São Paulo: Odysseus, 2003.
THEODORO, Helena. O negro no espelho: implicações para a moral social brasileira do ideal de pessoa humana na cultura negra. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1985.
WERNECK, Jurema. De Ialodês y feministas: reflexiones sobre la acción política de las mujeres negras en América Latina y el Caribe. Nouvelles Questions Féministes, v. 24, n. 2, p. 27-40, 2005. Disponível em: https://afrocubanas.wordpress.com/wp-content/uploads/2010/07/de-ialodes-y-feministas-reflexiones-por-jurema-werneck-fem-negro.pdf. Acesso em: 15 jun. 2024.
Downloads
Publicado
Versões
- 2024-06-24 (3)
- 2024-06-20 (2)
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Viviane Pereira da Silva
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores que publicam nesta Revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito da primeira publicação.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e da publicação inicial nesta revista.