Matripotência e biointeração: princípios contracoloniais de defesa da vida

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/resa2024.v17.a62349

Palavras-chave:

matripotência, biointeração, interseccionalidade, colonialidade, contracolonialidade

Resumo

O processo de colonização que construiu a Modernidade impôs a povos de todo o mundo estruturas dicotômicas de poder baseadas no par dominação-subordinação, que perpassam relações de raça, gênero, classe social, humanidade-natureza, dentre outras. Com Carla Akotirene e Nego Bispo, entendemos que na resistência à violência colonial é importante forjamos nossos próprios conceitos, a partir das cosmoperpepções dos povos afropindorâmicos. Sendo assim, trazemos aqui um pouco de como se articulam racismo e machismo a partir da dinâmica colonial, perpetuando múltiplas opressões e epistemicídios em relação aos saberes e modos de vida dos povos afropindorâmicos. No entanto, tais saberes estão vivos e potentes, organizando a vida nas comunidades contracoloniais e podem nos ajudar a romper com essencialismos e repensar nossa organização social, ao constituírem contraponto às estruturas de poder que determinam as relações no colonial-capitalismo. Nesse sentido, trazemos os conceitos de Biointeração, de Antônio Bispo dos Santos, e Matripotência, de Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí.

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Biografia do Autor

Viviane Pereira da Silva, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil

Graduação em Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/2005). Especialização em Psicanálise e Saúde Mental (UERJ/2007). Mestrado no Programa de Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH/UERJ/2015). Doutorado no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense (PPGP/UFF/2021). Experiência como psicóloga clínica em Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e ambulatório. Experiência como psicóloga escolar no Programa Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (PROINAPE), da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Atualmente realiza Estágio Pós-doutoral no Kitembo - Laboratório de Estudos da Subjetividade e Cultura Afro-Indígena-Brasileira -, coordenado pelo prof. Dr. Abrahão de Oliveira Santos e vinculado ao PPGP/UFF, onde contribui como pesquisadora na produção de uma psicologia afroindígena, antirracista, contracolonial e aterrada. Temas de interesse: relações raciais, relações de gênero, interseccionalidades, colonialidade, práticas de cura e cuidado em comunidades de matrizes africanas e indígenas, racismo religioso. 

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Publicado

2024-06-18 — Atualizado em 2024-06-24

Versões

Como Citar

Silva, V. P. da. (2024). Matripotência e biointeração: princípios contracoloniais de defesa da vida. Ensino, Saúde E Ambiente, 17, Publicado em 18/06/2024. https://doi.org/10.22409/resa2024.v17.a62349 (Original work published 20º de junho de 2024)

Edição

Seção

Dossiê Interseccionalidades