A autoridade do professor na sociedade escolarizada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v32_i-esp/38850

Palavras-chave:

educação, autoridade, escolarização

Resumo

O presente artigo tem como finalidade examinar como a consolidação da mentalidade escolarizada articula-se ao fracasso da escola. Parte-se de uma breve caracterização do momento histórico de nascimento da escola, há aproximadamente oitocentos anos, até chegar-se à era da industrialização, há cerca de duzentos anos, quando começa a desenvolver-se o que se denomina, na literatura, de mentalidade escolarizada. Após caracterizar, brevemente, essa mentalidade, são apresentados argumentos visando demonstrar de que modo isso contribuiu para o fracasso da escola, minando a autoridade do professor e gerando a possibilidade de emergência da escola militarizada. Conclui-se que a perseverança no mito da escolarização por meio da difusão da ideia de que a crise da educação é de caráter técnico conduz a iniciativas de intensificação de formas de avaliação do processo de ensino-aprendizagem e à militarização das escolas como forma de conter a violência. O mito da escolarização é um aliado importante do ideal de controle social da aprendizagem.

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Biografia do Autor

Elizabeth Tunes, Universidade de Brasília, Brasília, DF

Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Brasília, mestrado e doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é pesquisador associado da Universidade de Brasília e professora do Centro Universitário de Brasília. Sua atividade de pesquisa focaliza, principalmente, os seguintes temas: conhecimento científico e conhecimento escolar, relação professor-aluno, aprendizagem e desenvolvimento, desenvolvimento psicológico atípico e deficiência mental, processos de escolarização e o significado social da escola.

Zoia Ribeiro Prestes, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ

Sou a Professora Zoia Prestes. Estou e sempre estarei ao lado daqueles que lutam pela justiça social no Brasil e no mundo, sou admiradora de Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, além de Lev Vigotski, é claro. Admiro a arte, gosto, em especial, de música e de cantar, principalmente, a Internacional. Sou filha de Luiz Carlos Prestes e de Maria Prestes, vivi exilada, durante a ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964, com meus pais na União Soviética e foi lá, em Moscou que me graduei e me tornei Mestre em Pedagogia e Psicologia Pré-Escolar pela Universidade Estatal de Pedagogia de Moscou. Tornei-me Doutora em Educação pela Universidade de Brasília, orientada pela Professora Elizabeth Tunes, que hoje é uma grande amiga. Trabalho como professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense e como professora colaboradora no curso de Pós-graduação em Psicologia do Centro Universitário de Brasília. Empreendo esforços para desenvolver pesquisas na área de Educação, Psicologia e Desenvolvimento da criança com base na teoria histórico-cultural. Traduzo do russo para o português e já publiquei no Brasil alguns livros e textos que são resultado desse trabalho.

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Publicado

2020-06-30

Como Citar

TUNES, E.; PRESTES, Z. R. A autoridade do professor na sociedade escolarizada. Fractal: Revista de Psicologia, v. 32, n. esp, p. 185-189, 30 jun. 2020.

Edição

Seção

Dossiê O professor sem voz: tensões na escola contemporânea e desafios para a psicologia

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