“Meu prazer agora é risco”: sentidos sobre sexualidade entre jovens de um grupo sobre saúde
Palavras-chave:
sexualidade, juventudes, riscoResumo
A sexualidade assumiu a condição de centralidade subjetiva pelo entrecruzamento de diversos demarcadores da Modernidade, como a legitimação do saber-verdade da ciência, a afirmação da individualidade e a institucionalização dos segmentos infanto-juvenis. Partindo dessa premissa, este artigo analisa sentidos produzidos por jovens sobre “sexualidade” em um grupo de discussão sobre saúde, com base em uma pesquisa-intervenção operacionalizada por observações-participantes e pela formação de oficinas sobre saúde, em uma escola pública de Fortaleza. Acerca dos sentidos sobre “sexualidade”, as articulações entre “sexualidade” e “risco” se sobressaíram em relação às conexões entre “sexualidade” e “prazer”. Isso sugere a força de um viés educativo baseado na scientia sexualis, aludido por Michael Foucault, operando com uma visão normativa-prescritiva da sexualidade, reiterando-a, mediante o signo da “prevenção”, como tecnologia de governo. Usando como ferramenta o conceito de biopolítica, aponta-se que tais questões remetem à instalação de um paradigma de “gestão do risco” na contemporaneidade.
Downloads
Referências
ABRAMO, H. W. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO, H. W.; BRANCO, P. P. M. (Org.). Retratos da Juventude Brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Perseu Abramo, 2008. p. 37-72.
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G.; SILVA, L. B. Juventude e sexualidade. Brasília: UNESCO Brasil, 2004.
AGUIAR, K. F; ROCHA, M. L. Micropolítica e o exercício da pesquisa-intervenção: referências e dispositivos em análise. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 27, n. 4, p. 648-663, 2007.
ALTEMANN, H. A sexualidade adolescente como foco de investimento político-social. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 43, p. 287-310, 2007.
ARIÉS, P. História social da criança e da família. Rio de janeiro: LTC, 1981.
BECK, U. La sociedad del riesgo global: hacia una nueva modernidad. Barcelona: Paidós, 1998.
CALAZANS, G. J. Os jovens falam sobre sua sexualidade e saúde reprodutiva: elementos para a reflexão. In: ABRAMO, H.W.; BRANCO, P. P. M. (Org.). Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Perseu Abramo, 2008. p. 215-243.
CASTEL, R. A gestão dos riscos: da antipsiquiatria à pós-psicanálise. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.
FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
FOUCAULT, M. História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988. v. 1.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: Curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FOUCAULT, M. História da sexualidade: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 2007a. v. 2.
FOUCAULT, M. História da sexualidade: o cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal, 2007b. v. 3.
FOUCAULT, M. Segurança, território, população: Curso no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, H; RABINOW, P. (Ed.). Michel Foucault: uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010. p. 231-249.
FURLANI, J. Educação Sexual: possibilidades didáticas. In: LOURO, G. L.; NECKEL, J. F.; GOELLNER, S. V. (Org.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 66-81.
GIDDENS, A. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2002.
GÓES, M. C. R. A abordagem microgenética na matriz histórico-cultural: uma perspectiva para o estudo da constituição da subjetividade. Cadernos CEDES, Campinas, v. 20, n. 50, p. 9-25, 2000.
HACKING, I. The emergence of probability: a philosophical study of early ideas about probability induction and statistical inference. 2. ed. Cambridge: Cambridge University, 2006.
HEILBORN, M. L. et al. Aproximações sócio-antropológicas sobre a gravidez na adolescência. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 8, n. 17, p. 13-44, 2002.
KAHHALE, E. M. S. P. Gravidez na adolescência: orientação materna no pré-natal. In: OZELLA, S. Adolescências construídas: a visão da psicologia sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2003. p. 91-101.
KEHL, M. R. A juventude como sintoma da cultura. In: NOVAES, R; VANNUCHI, P. (Org.). Juventude e Sociedade: trabalho, educação, cultura e participação. São Paulo: Perseu Abramo, 2004. p. 89-114.
LACERDA, M. A. Adolescentes falando “daquilo”: um estudo qualitativo das fontes de informação sobre sexualidade e saúde reprodutiva em duas escolas municipais de Betim, MG. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 14., 2004, Caxambu. Anais... Caxambu, MG: ABEP, 2004. Disponível em: <http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_799.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2012.
LOURAU, R. Análise Institucional e Prática de Pesquisa. In: RODRIGUES, H. B. C. (Org.). René Lourau na UERJ. Rio de Janeiro: UERJ, 1993. p. 7-114.
MENEZES, J. A; ARCOVERDE, L. R; LIBARDI, S. S. A pesquisa-intervenção com adolescentes: oficina como contexto narrativo sobre igualdade e diferença. In: CASTRO, L. R. D; BESSET, V. L (Org.). Pesquisa-intervenção na infância e juventude. Rio de Janeiro: Trarepa/FAPERJ, 2008. p. 205-223.
MENINAS. Direção: Sandra Werneck. Montagem: Fernanda Rondon. Edição de som e mixagem: Denílson Campos. Música tema: José Miguel Wisnik & Paulo Neves. Finalização de Imagem: Fábio Souza. Brasil: 2005. 71 minutos, Dolby Digital, 35 mm.
MEYER, D. Saúde e sexualidade na escola. Porto Alegre: Mediação, 1998.
MIRANDA, L. L. et al. Juventude, sexualidade e mídia: aspectos analisados no município de Fortaleza. In: COLAÇO, V. F. R. (Org.). Adolescência e juventude: estudo sobre situações de risco e redes de proteção em fortaleza. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013. p. 10-30.
OLIVEIRA, D. L. Sexo e saúde na escola: isto não é coisa de médico? In: MEYER, D. (Org.). Saúde e sexualidade na escola. Porto Alegre: Mediação, 1998. p. 97-110.
PONTES, A. K. Juventude e risco: problematizando o sentido construído por jovens sobre esta relação. 2011. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, 2011.
RABINOW, P.; ROSE, N. O conceito de biopoder hoje. Política & Trabalho: Revista de Ciências Sociais, João Pessoa, n. 24, abr. 2006. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/56285092/O-Conceito-de-Biopoder-Hoje-Rabinow-Paul-Rose-Nikolas>. Acesso em: 29 ago. 2011.
ROSISTOLATO, R. Sexualidade e escola: uma análise de implantação de políticas públicas de orientação sexual. 2003. Mestrado (Dissertação) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.
SPINK, M. J. Trópicos do discurso sobre risco: risco-aventura como metáfora na modernidade tardia. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 17, n. 6, dez. 2001.
SPINK, M. J.; FREZZA, R. M. Práticas Discursivas e produção de sentidos: a perspectiva da Psicologia Social. In: SPINK, M. J (Org.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2004. p. 17-40.
VEIGA-NETO, A; LOPES, M. C. Inclusão e governamentalidade. Educação e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 947-963, out. 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Na medida do possível segundo a lei, a Fractal: Revista de Psicologia renunciou a todos os direitos autorais e direitos conexos às Listas de referência em artigos de pesquisa. Este trabalho é publicado em: Brasil.
To the extent possible under law, Fractal: Revista de Psicologia has waived all copyright and related or neighboring rights to Reference lists in research articles. This work is published from: Brasil.