“Meu prazer agora é risco”: sentidos sobre sexualidade entre jovens de um grupo sobre saúde

Autores

  • João Paulo Pereira Barros Universidade Federal do Ceará (UFC)
  • Veriana de Fátima Rodrigues Colaço Universidade Federal do Ceará (UFC)

Palavras-chave:

sexualidade, juventudes, risco

Resumo

A sexualidade assumiu a condição de centralidade subjetiva pelo entrecruzamento de diversos demarcadores da Modernidade, como a legitimação do saber-verdade da ciência, a afirmação da individualidade e a institucionalização dos segmentos infanto-juvenis. Partindo dessa premissa, este artigo analisa sentidos produzidos por jovens sobre “sexualidade” em um grupo de discussão sobre saúde, com base em uma pesquisa-intervenção operacionalizada por observações-participantes e pela formação de oficinas sobre saúde, em uma escola pública de Fortaleza. Acerca dos sentidos sobre “sexualidade”, as articulações entre “sexualidade” e “risco” se sobressaíram em relação às conexões entre “sexualidade” e “prazer”. Isso sugere a força de um viés educativo baseado na scientia sexualis, aludido por Michael Foucault, operando com uma visão normativa-prescritiva da sexualidade, reiterando-a, mediante o signo da “prevenção”, como tecnologia de governo. Usando como ferramenta o conceito de biopolítica, aponta-se que tais questões remetem à instalação de um paradigma de “gestão do risco” na contemporaneidade.

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Biografia do Autor

João Paulo Pereira Barros, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Psicólogo, Mestre em Psicologia e Doutorando em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Especialista em Saúde Mental pela Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Veriana de Fátima Rodrigues Colaço, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Doutorado em educação pela UFRGS. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFC.

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Publicado

2013-04-30

Como Citar

BARROS, J. P. P.; COLAÇO, V. DE F. R. “Meu prazer agora é risco”: sentidos sobre sexualidade entre jovens de um grupo sobre saúde. Fractal: Revista de Psicologia, v. 25, n. 1, p. 59-80, 30 abr. 2013.

Edição

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