Relação entre acompanhante e acompanhado: reflexões acerca do dispositivo amizade-clínica.

Autores

  • Ricardo Wagner Machado da Silveira Instituto de Psicologia - Universidade Federal de Uberlândia-MG

Palavras-chave:

amizade, clínica, política, acompanhamento terapêutico.

Resumo

Este trabalho é baseado em uma tese de doutorado que pretende refletir sobre a relação terapêutica entre acompanhante e acompanhado e suas possíveis aproximações com a relação de amizade. Utilizamos como intercessores, por um lado, o conceito de amizade dos filósofos Nietzsche, Montaigne e Blanchot e a técnica da análise mútua desenvolvida pelo psicanalista Sándor Ferenczi, para problematizar os movimentos de proximidade e distância que ocorrem no acompanhamento terapêutico. Por outro lado, dialogamos com os conceitos de políticas de amizade em Foucault, agir político em Arendt e especialmente conceitos como o Fora, o devir, a transversalidade e outros criados por Deleuze e Guattari, fundamentais para a reflexão sobre a dimensão ética, estética e política da clínica do Acompanhamento Terapêutico.

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Biografia do Autor

Ricardo Wagner Machado da Silveira, Instituto de Psicologia - Universidade Federal de Uberlândia-MG

Professor de Psicologia Clínica e Social, experiência em: Acompanhamento Terapêutico na rede pública de saúde mental / clínica da drogadicção com enfase na Redução de Danos e Supervisão clínico-institucional de CAPSad / Esquizoanálise e Análise Institucional

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Publicado

2017-02-11

Como Citar

SILVEIRA, R. W. M. DA. Relação entre acompanhante e acompanhado: reflexões acerca do dispositivo amizade-clínica. Fractal: Revista de Psicologia, v. 28, n. 3, p. 333-340, 11 fev. 2017.

Edição

Seção

Artigos