Presságios da letra de uma carta de amor

Autores

  • Simone Ravizzini Centro Universitário La Salle, Niterói, RJ, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v32i3/5935

Palavras-chave:

amor, gozo, letra, psicanálise, contingência

Resumo

O presente artigo advém da necessidade de explicitar o tema da letra em seu uso na constituição do ser de fala e de sua correlação na instauração do amor. Um amor que se inscreve quando a letra convoca algo do ser para a literalidade, possibilitando, concomitantemente, um lugar para o sujeito bem como para um vazio que o constitui, permanentemente. Desde Freud podemos antever um flerte com a literatura e suas letras. Lacan amplia este percurso para outras artes delineando a imprescindível função da letra na constituição do sujeito de fala e do advento amoroso. A partir deste legado, almejo perpassar a questão do amor com o vazio que nunca se preenche a partir da inscrição promovida pela letra. Afirma-se neste artigo a importância de sustentar para o amor algo que sempre escapará à função significante, embora demande ser escrito para que possa existir. Desde esta perspectiva se abre um modo de sustentar um lugar para o amor onde a contingência do encontro não se desfaça e os sujeitos possam brincar com o fazer de suas letras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Simone Ravizzini, Centro Universitário La Salle, Niterói, RJ, Brasil

Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com a tese "A Concha Vazia do Amor: amor, contingência e semblante". (2016) Mestre, também pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a dissertação "O que não podem dizer as palavras: o limite da Interpretação". (2000) Possui especialização em A Psicanálise e a Clínica, pela Universidade Federal Fluminense (1996). Graduada em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (1995). Graduada em Comunicação Social - Publicidade, pela Pontifícia Universidade Católica - PUC-RJ (1988). Coordenadora e professora do curso de Pós-graduação A Clínica Psicanalítica na Contemporaneidade da Unilasalle, Niterói,RJ. (2019-dias atuais) Professora no curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá (2000-2017), em Niterói, RJ, onde lecionou matérias como Teorias e Sistemas II, Clínica Psicanalítica, Estágio Básico em Clínica I, dentre outras matérias com foco em Psicanálise e Clínica. Além disso, possui experiência como supervisora no Serviço de Psicologia Aplicada da mesma Universidade (2015 -2017). Orientação de grupos de estudos, sob o título Uma Leitura do Seminário 1, introdução à teoria e à clínica em Lacan, no consultório particular em Niterói. (2018) Psicanalista, atende adultos e adolescentes continuamente no consultório desde 1997 e supervisiona outros psicanalistas em seus casos clínicos (2015-2018).

Referências

BRODSKY, Graciela. O homem, a mulher e a lógica. Latusa: Revista da Escola Brasilera de Psicanálise, Rio de Janeiro, n. 13, p. 171-192, 2008.

FREUD, Sigmund. Os instintos e suas vicissitudes (1915). In: SALOMÃO, Jayme (Org.). Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v. 14, p. 129-162. Edição Standard Brasileira.

HILST, Hilda. Da poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

LACAN, Jacques. O Seminário: mais, ainda (1972-1973). Rio de Janeiro: J. Zahar, 1985. livro 20.

LACAN, Jacques. Seminário sobre “a carta roubada” (1956). In: ______. Escritos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1998. p. 13-68.

LACAN, Jacques. Lituraterra (1971). In: ______. Outros escritos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2003a. p. 15-28.

LACAN, Jacques. O aturdito (1973). In: ______. Outros escritos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2003b. p. 448-497.

LACAN, Jacques. O Seminário: de um discurso que não fosse semblante (1971). Rio de Janeiro: J. Zahar, 2009. livro 18.

MILLER, Jacques-Alain. Mulheres e semblantes. In: CALDAS, Heloisa; MURTA, Alberto; MURTA, Claudia. (Org.). O feminino que acontece no corpo: a prática da psicanálise nos confins do simbólico. Belo Horizonte: Scriptum, EBP, 2011. p. 49-89.

O LIVRO de cabeceira (The Pillow Book). Direção: Peter Greenaway. Produção: Kees Kasander. Roteiro de Peter Greenaway, adaptado da obra Makura no Sôchi, de Sei Shônagon. Reino Unido: Centurion, 1996. 1 DVD (126 min), son., color.

PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1969.

PLATÃO. Diálogos I: Mênon, Banquete, Fedro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

POE, Edgar Allan. A carta furtada (1844). In: ______. Ficção completa, poesia & ensaios. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1981. p. 171-198.

ROSTAND, Edmond. Cyrano de Bergerac (1897). São Paulo: Nova Cultural, 2002.

SOLER, Colette. As cartas de amor. In: ABRAMOVITCH, Sheila; BORGES, Sonia (Org.). O amor e suas letras. Rio de Janeiro: 7Letras, 2011. p. 11-20.

VICENS. Antoni. Traço e repetição em O avesso da psicanálise. Latusa: Revista da Escola Brasilera de Psicanálise, Rio de Janeiro, n. 13, p. 137-152, 2008.

Downloads

Publicado

2020-11-30 — Atualizado em 2021-01-05

Versões

Como Citar

RAVIZZINI, S. Presságios da letra de uma carta de amor. Fractal: Revista de Psicologia, v. 32, n. 3, p. 298-305, 5 jan. 2021.

Edição

Seção

Artigos