Foucault e o dispositivo proibicionista: subjetivações em foco
DOI:
https://doi.org/10.22409/1984-0292/2025/v37/66001Palavras-chave:
Foucault, proibicionismo, drogas, subjetivação, dispositivoResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar, à luz da filosofia foucaultiana, alguns dos saberes, poderes e, principalmente, formas subjetivas relacionadas ao proibicionismo. Para tanto, em um primeiro momento, alguns pressupostos fundamentais para o método analítico de Michel Foucault são apresentados a partir das três fases teórico-investigativas do pensador (arqueologia, genealogia e ética). Em seguida, o conceito-ferramenta de dispositivo serve como instrumento de análise para a compreensão sobre como - através de discursos, instituições, normas, leis e práticas - se produz um conjunto de verdades e fatos que constroem a naturalização e legitimação da guerra às drogas. Por fim, algumas nuances dos processos de produção de subjetividades que partem da lógica proibicionista são discutidas a partir da consideração do quanto a fabricação de uma norma subjetiva é fundamental para a sustentação e a viabilização dos regimes de verdade e dos poderes correspondentes. A conclusão aponta para a relevância de se pensar as políticas de subjetivação e as subjetividades produzidas não apenas como efeitos das relações de saber-poder, mas também como constitutivas da realidade proibicionista.
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