Foucault e o dispositivo proibicionista: subjetivações em foco

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DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/2025/v37/66001

Parole chiave:

Foucault, proibicionismo, drogas, subjetivação, dispositivo

Abstract

O presente artigo tem como objetivo analisar, à luz da filosofia foucaultiana, alguns dos saberes, poderes e, principalmente, formas subjetivas relacionadas ao proibicionismo. Para tanto, em um primeiro momento, alguns pressupostos fundamentais para o método analítico de Michel Foucault são apresentados a partir das três fases teórico-investigativas do pensador (arqueologia, genealogia e ética). Em seguida, o conceito-ferramenta de dispositivo serve como instrumento de análise para a compreensão sobre como - através de discursos, instituições, normas, leis e práticas - se produz um conjunto de verdades e fatos que constroem a naturalização e legitimação da guerra às drogas. Por fim, algumas nuances dos processos de produção de subjetividades que partem da lógica proibicionista são discutidas a partir da consideração do quanto a fabricação de uma norma subjetiva é fundamental para a sustentação e a viabilização dos regimes de verdade e dos poderes correspondentes. A conclusão aponta para a relevância de se pensar as políticas de subjetivação e as subjetividades produzidas não apenas como efeitos das relações de saber-poder, mas também como constitutivas da realidade proibicionista.

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Biografie autore

  • Clécio José Morandi de Assis Lemos, Centro Universitário do Espírito Santo, Colatina, ES, Brasil

    Possui pós-doutorado em Direito pela Columbia University (EUA). Doutor em Direito pela PUC-Rio com período sanduíche na Università degli Studi di Padova (Itália). Mestre em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor do Centro Universitário do Espírito Santo (UNESC). Coordenador dos cursos de Direito da Doctum Serra/ES e Vila Velha/ES.

  • Vitória Barbosa Mancini, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil

    Psicóloga, mestra em Psicologia Institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) na linha Políticas Públicas, Trabalho e Processos Formativo-Educacionais. Professora substituta da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e professora da Faculdade Estácio de Sá de Vitória/ES e Vila Velha/ES.

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Pubblicato

2025-08-04

Fascicolo

Sezione

Dossiê V Colóquio Michel Foucault - a judicialização da vida

Come citare

Foucault e o dispositivo proibicionista: subjetivações em foco. Fractal: Revista de Psicologia, Rio de Janeiro, Brasil, v. 37, p. Publicado em 04/08/2025, 2025. DOI: 10.22409/1984-0292/2025/v37/66001. Disponível em: https://periodicos.uff.br/fractal/article/view/66001. Acesso em: 5 dec. 2025.