Distopia, angústia de aniquilamento e a radical poética das relações
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v26i55.47368Resumo
O presente artigo pensa a distopia sob a égide da angústia de aniquilamento (Mbembe, 2016), e busca refletir como tal noção desafia o surgimento de poéticas da relação (Glissant, 1990) como modo de criação dos espaços literário (Blanchot, 1955), utópico e heterotópico (Foucault, 2009) em sociedades cujo passado colonial, e as incursões de cunho autoritário, perpetraram-se ao longo de séculos, como é o caso da sociedade brasileira. A hipótese primordial é a de que, nesses contextos, os espaços de distopia se estabelecem como o início, e não como o fim de tudo, vindo a ser um dos operadores fundacionais de um lugar (utópico ou heterotópico?) inventado pelo outro, o colonizador. A angústia de aniquilamento é a ferramenta primordial para a construção desse lugar e dessa cena (que a literatura irá propagar), e dos laços sociais e os efeitos de divisão espacial (social) e discursiva subsequentes. O artigo buscará, nesse sentido, colocar em questão a noção contemporânea de distopia – muito presente nas narrativas sobre o fim do mundo e na aparição dos messianismos negativos da contemporaneidade no contexto especifico da formação das sociedades coloniais, mas não sem deixar de observar alguns estratos estético-políticos onde uma poética da relação burla esse desenho nas sociedades pós-coloniais.
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