O lugar da Netflix no campo do poder: reflexões sobre o impacto da empresa no audiovisual africano a partir da Nigeria
DOI:
https://doi.org/10.22409/rmc.v17i2.57558Palavras-chave:
streaming, Netflix, cinemas africanos, Nigeria, NollywoodResumo
Neste artigo, tento problematizar a atuação da Netflix como agente do campo de poder que impacta as dinâmicas de funcionamento do campo de produção dos cinemas africanos, a partir da sua atuação na Nigéria. À luz de Bourdieu (1996), busco contextualizar o lugar da Netflix como uma instância de poder sobre os agentes criativos africanos, incentivando financeiramente seus projetos ao mesmo tempo em que impõem limites em termos temáticos, linguísticos e estéticos, além de manterem o controle sobre os modos de distribuição. Amparada no conceito de colonialidade do poder como discutida por Walter Mignolo (2020), interessa-me pensar a Netflix a partir dos supostos diferenciais que ela traz para essa relação: a participação ativa de agentes criativos do audiovisual africano e a promessa de alcance global, algo que nunca chegou a acontecer para os cinemas da África.
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