Das perseguições à oficialização do Cristianismo no Império Romano
os relatos de Cipriano de Cartago e de Eusébio de Cesareia
Palavras-chave:
Cristãos, Perserguição, Império RomanoResumo
O presente artigo tem como objetivo, em um primeiro momento, discorrer acerca das perseguições sofridas pelos grupos cristãos no primeiro século do Império Romano. Nesse sentido, na segunda parte, analisaremos, durante o período da Anarquia Militar (235-284), as Cartas de Cipriano de Cartago, nas quais o bispo relata as perseguições empenhadas pelo imperador Décio (249-251) e a História Eclesiástica, de Eusébio de Cesareia, em que ocorre igual situação, pela retratação das perseguições impostas por Valeriano (253-260). Posteriormente, investigaremos a atuação de Constantino (272-337) e Teodósio (347-395) em prol dos Cristianismos. Como resultado dessa análise, os cristãos foram perseguidos localmente em um primeiro momento, inicialmente confundidos como vertentes judaicas, em que somente podemos falar de uma perseguição sistematizada e institucionalizada mediante o governo de Décio. Ademais, com Constantino percebemos aos primeiros passos dados pelos grupos cristãos rumo à oficialização, que acontecerá com Teodósio. Portanto, concluímos que as trajetórias cristãs nos limiares do Império Romano foram conturbadas, marcadas por diversos embates, como explícitos por Cipriano de Cartago e Eusébio de Cesareia. É somente com Constantino e Teodósio que os grupos cristãos fortalecem a aliança Igreja/Estado, garantindo aos mesmos significativos direitos, como a prática do culto livre.
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