Bioética
perda da autonomia como consequência do paternalismo no processo do envelhecimento
Palavras-chave:
Paternalismo, Envelhecimento, BioéticaResumo
A autonomia é essencial para o processo de envelhecimento e resulta de decisões tomadas ao longo da vida que devem ser equilibradas buscando benefícios e preservando a dignidade humana e a vida. Considerando tais premissas, o objetivo do presente estudo foi verificar como ocorre o processo do paternalismo, analisando o reconhecimento do idoso sobre a autonomia de sua saúde até o paternalismo total de cuidado. Para tal, foi realizada uma revisão da literatura, com a pretensão de reunir conhecimentos e fundamentos desta temática. Os idosos geralmente experimentam maior independência e, com isso, uma maior probabilidade de terem seus interesses e valores reconhecidos. No que tange aos cuidados especializados, sejam em clínicas, hospitais ou instituições de longa permanência, o principal mecanismo para respeitar a autonomia do idoso é por meio do consentimento. Baseado nos achados científicos, cabe ressaltar que a Bioética tem um papel fundamental na formação da reflexão acerca da autonomia do idoso. Destaca-se que o paternalismo é o oposto do cuidado centrado na pessoa ou, melhor ainda, cuidado direcionado à pessoa.
Downloads
Referências
ALBERT, Marilyn S.; KILLIANY, Ronald J. Age-related cognitive change and brain-behavior relationships. Handbook of the Psychology of Aging, v. 5, p. 161-178, 2001.
ALMEIDA, Aline Branco Amorim; AGUIAR, Maria Geralda Gomes. O cuidado do enfermeiro ao idoso hospitalizado: uma abordagem bioética. Revista bioética, v. 19, n. 1, p. 197 – 217, 2011.
ANDRADE, Cristiani Garrido; COSTA, Solange Fátima Geraldo; LOPES, Maria Emília Limeira. Cuidados paliativos: a comunicação como estratégia de cuidado para o paciente em fase terminal. Ciências: Saúde Coletiva, v. 18, n. 9, p. 2523-2530, 2013.
BARBOSA, Keylla Talitha Fernandes; OLIVEIRA, Fabiana Maria Rodrigues Lopes; FERNANDES, Maria das Graças Melo. Vulnerabilidade do idoso: uma análise conceitual. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 72, p. 337–344, 2019.
BEAUCHAMP, Tom L. Paternalism. In: REICH, Warren T. The encyclopedia of bioethics. Nova York: Macmillan, 1978. p. 1194-1201.
BEAUCHAMP, Tom L; CHILDRESS, James F. Principles of biomedical ethics. 6. ed. New York: Oxford University Press, 2009.
BOLLIG Georg; ROSALAND, Jan Henrik; GJENGEDAL, Eva; SCHMIST, Gerda; MAY, Arnd T; HELLER, Andreas. A European multicenter study on systematic ethics work in nursing homes. Scandinavian Journal Caring Sciences, v. 31, p. 587-601, 2016.
BUCHANAN, David R. Autonomy, paternalism, and justice: ethical priorities in public health. American Journal of Public Health, v. 98, n. 1, p. 15-21, 2008.
BUCKNER Randy L. Memory and executive function in aging and AD: multiple factors that cause decline and reserve factors that compensate. Neuron, v. 44, p. 195-208, 2004.
CAMPBELL, Debra Frances; MACHADO, Afonso A. Ensuring quality in qualitative inquiry: using key concepts as guidelines. Motriz: Revista de Educação Física, v. 19, n. 3, p. 572-579, 2013.
COUTO, Maria Clara P. de Paula; KOLLER, Silvia Helena; NOVO, Rosa; SOARES, Pedro Sanchez. Avaliação de discriminação contra idosos em contexto brasileiro - ageismo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 25, p. 509-518, 2009.
CUNHA, Juliana Xavier Pinheiro; OLIVEIRA, Jussiara Barros; NERY, Valéria Alves Silva; SENA, Edite Lago da Silva; BOERY, Rita Narriman Silva de Oliveira; YARID, Sergio Donha. Autonomia do idoso e suas implicações éticas na assistência de enfermagem. Saúde Debate, v. 36, n. 95, p. 657-664, 2012.
DAVIDSON, W. Metaphors of health and aging: Geriatrics as metaphors. In: KENYON, Gari M; BIRREN, James E; SCHROOTS, Johannes J F. (Eds.), Metaphors of aging in science and the humanities. New York: Springer Publishing Company, 1991.
DEY, Ian; FRASER, Neil. Age-based rationing in the allocation of health care. Journal of Aging and Health, v. 12, p. 511-537, 2000.
ELLIOTT, Ann Christy. Health care ethics: cultural relativity of autonomy. Journal of Transcultural Nursing, v. 12, n. 4, p. 326-330, 2001.
FALKUM, Erik; FORDE, Reidun. Paternalism, patient autonomy, and moral deliberation in the physician–patient relationship: attitudes among Norwegian physicians. Social Science & Medicine, v. 52, n. 2, p. 239-248, 2001.
FERNANDES, Maria Garcia Melo; GARCIA, Loreley Gomes. O corpo envelhecido: percepção e vivência de mulheres idosas. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, v.14, n. 35, p. 879-890, 2010.
FERNANDES-ELOI, Juliana; DIAS, Marina Duarte Ferreira; NUNES, Tainara Rodrigues Teixeira; SILVA, Angélica Maria de Sousa. Afetos e percepções de idosos universitários acerca do mercado de trabalho na velhice. Revista Kairós: Gerontologia, v. 22, n. 1, p. 249-271, 2019.
FONSECA, Maria das Graças Uchôa Penido; FIRMO, Josélia Oliveira Araújo; LOYOLA FILHO, Antônio Ignácio; UCHÔA, Elizabeth. Papel da autonomia na auto-avaliação da saúde do idoso. Revista de Saúde Pública, v. 44, n. 1, p. 159-165, 2010.
FLORES, Gisela Cataldi; BORGES, Zulmira Newlands; DENARDIN-BUDÓ, Maria de Lourdes; MATTIONI, Fernanda Carlise. Cuidado intergeracional com o idoso: autonomia do idoso e presença do cuidador. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 31, n. 3, p. 467-74, 2010.
GLISKY, Elizabeth L. Changes in cognitive function in human aging. Brain Aging: models, methods, and mechanisms. Boca Raton (FL): CRC Press/Taylor & Francis; 2007. Chapter 1. p. 3-20.
GOLANT, Stephen M. Commentary: Irrational Exuberance for the Aging in Place of Vulnerable Low-income Older Homeowners. Journal of Aging and Social Policy, v. 20, n. 4, p. 379–397, 2008.
GOODMAN, Benny. Erving Goffman and the 'Total Institution' Nurse Education Today, v. 33, p. 81-82, 2013.
GOZZO, Débora; LIGIERA, Wilson Ricardo. Bioética e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2012.
GRACIA, Diego. The historical setting of Latin American bioethics. The Journal of Medicine and Philosophy, v. 21, n. 6, p. 593-609, 1996.
GUERRA, Ana Carolina Lima Cavaletti. Dificuldades e recompensas no processo de envelhecimento: a percepção do sujeito idoso. Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, n. 6, p. 2931-2940, 2010.
HAUSMANN, Daniel M. Valuing health: well-being, freedom, and suffering. Oxford University Press, 2015.
INTLEKOFER, Karlie A.; COTMAN, Carl W. Exercise counteracts declining hippocampal function in aging and Alzheimer's disease. Neurobiology of disease, v. 57, p. 47-55, 2013.
JECKER Nancy S. Aging and ethics: philosophical problems in gerontology. Nova York: Springer, 1991.
JUNGES, José Roque. Bioética: perspectivas e desafios. São Leopoldo: Unisinos; 1999.
KITWOOD, Tom. Dementia reconsidered: The person comes first. Buckingham: Open University Press, 1997.
KOMRAD, Mark S. A defense of medical paternalism: maximizing patients’ autonomy. Journal of Medicine Ethics, v. 9, p. 38-44, 1983.
KOPPELMAN, Elysa R. Dementia and dignity: towards a new method of surrogate decision making. Journal of Medicine and Philosophy, v. 27, p. 65-85, 2002.
KREUZ, Giovanna; FRANCO, Maria Helena Pereira. Reflexões acerca do envelhecimento, problemáticas, e cuidados com as pessoas idosas. Revista Kairós: Gerontologia, v. 20, n. 2, p. 117-133, 2017.
LANGE, Frits. Loving later life: an ethics of aging. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2015.
LUDWIG Fréderic C. Life span extension: consequences and open questions. New York: Springer, 1991.
LUNA, Florencia. Paternalism and the argument from illiteracy. Bioethics, v. 9, p. 283–290, 1995.
MARTINS, Rosa Maria Lopes; RODRIGUES, Maria Lurdes Martins. Estereótipos sobre idosos: uma representação social gerontofóbica. Revista Millenium, v. 29, p. 249-54, 2004.
MOREIRA, Jacqueline de Oliveira. Mudanças na percepção sobre o processo de envelhecimento: reflexões preliminares. Psicologia: teoria e Pesquisa, v. 28, p. 451-456, 2012.
MÜLLER, Sabine. Respect for autonomy in light of neuropsychiatry. Bioethics, v. 31, p. 360-367, 2017.
OLIVEIRA, Iglair Regis; ALVES, Vicente Paulo. A pessoa idosa no contexto da bioética: sua autonomia e capacidade de decidir sobre si mesma. Revista Kairós: Gerontologia, v. 13, n. 2, p. 91-98, 2010.
PELLEGRINO, Edmund D. For the Patient’s Good: the restoration of beneficence in health care. New York: Oxford University Press, 1988.
PELTO-PIRI, Veikko; ENGSTRÖM, Karin; ENGSTRÖM, Ingemar. Paternalism, autonomy and reciprocity: ethical perspectives in encounters with patients in psychiatric in-patient care. BMC Medical Ethics, v. 14, p. 49, 2013.
PESSINI, Leo; SIQUEIRA, José Eduardo de. Bioética, Envelhecimento humano e dignidade no adeus à vida. In: FREITAS, Elizabete Viana de [et al.]. Tratado de geriatria e gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
RIBEIRO, Priscila Cristina Correa; YASSUDA, Mônica Sanches. Cognição, estilo de vida e qualidade de vida na velhice. In: NERI, Anitta Liberalesso (Org.). Qualidade de vida na velhice: enfoque multidisciplinar. Campinas: Alínea, p. 89-204, 2007.
RODRIGUEZ-OSORIO, Carlos; DOMINGUEZ-CHERIT, Guillermo. Medical decision making: paternalism versus patient-centered (autonomous) care. Current opinion in critical care, v. 14, n. 6, p. 708-713, 2008.
SADANA, Ritu; SOUCAT, Agnes; BEARD, John. Universal health coverage must include older people. Bulletin of the World Health Organization, v. 96, n. 1, p. 2, 2018.
SCANLON, William. A perspective on long-term care for the elderly. Health Care Financing Review, v. 1988, n. suppl, p. 7, 1988.
SCHERMER, Maartje. The different faces of patient autonomy: patient autonomy in ethical theory and hospital practice. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publishers, 2002.
SCORALICK-LEMPKE, Natália Nunces; NASCIMENTO, Elizabeth; RIBEIRO, Beatriz Conceição Silva; MOREIRA, Caroline; OLIVEIRA, Maria Eduarda Lima; SOUSA, Paloma Caroline; TEIXEIRA, Taísa Joice. Comportamentos de saúde e envelhecimento saudável: um estudo com idosos da comunidade. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, v. 6, p. 775-784, 2018.
SEGRE, Marco; SILVA, Franklin Leopoldo; SCHRAMM, Fermin. O contexto histórico, semântico e filosófico do princípio da autonomia. Revista Bioética, v. 6, n. 1, 1998.
SHIN, Dong Wook; ROTER, Debra L.; ROH, Yong Kyun; HAHM, Sang Keun; CHO, Belong; PARK, Hoon-Ki. Physician gender and patient centered communication: the moderating effect of psychosocial and biomedical case characteristics. Patient Education Counseling, v. 98, n. 1, p. 55-60, 2015.
SIQUEIRA, José Eduardo. Reflexões éticas sobre o cuidar na terminalidade da vida. Revista Bioética, v. 13, n. 2, p. 37-50, 2005.
SMEBYE, Kari Lislerud; KIRKEVOLD, Marit; ENGEDAL, Knut. Ethical dilemmas concerning autonomy when persons with dementia wish to live at home: a qualitative, hermeneutic study. BMC Health Services Research, v. 16, p. 1-21, 2016.
SOUZA, Mateus Tavares; SILVA, Michelly Dias; CARVALHO, Rachel. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, v. 8, n. 1, p. 102-106, 2010.
TAVARES, Ana Rita; PIRES, Cátia Isabel; SIMÕES, José Augusto. Autonomia do idoso: perspectiva ética, médica e legal. Revista Portuguesa de Bioética, n. 15, p. 329-352, 2011.
VEATCH, Robert M. A Theory of Medical Ethics. New York: Basic Books, 1981.
WELFORD, Claire Lisa. Exploring and enhancing autonomy for older people in residential care. Thesis (Doutorado) - National University of Ireland. Galway, 2012.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Sara Azevedo de Matos, Dante Ogassavara, Jeniffer Ferreira-Costa, Thais da Silva-Ferreira, José Maria Montiel
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1.Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
