Marco Zero: da crise à violência fundadora do estado distópico
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v10i18.38766Palavras-chave:
Ditadura, distopia, tempo, violência, totalitarismoResumo
Um dos nomes mais conhecidos da ficção distópica brasileira é, sem dúvida, Ignácio de Loyola Brandão, através de Não verás país nenhum, publicado em plena ditadura militar. Recentemente, o autor retornou ao gênero da distopia através de Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela, revelando nessa escolha o sintoma de certo clima político que, longe de se limitar ao território nacional, se une a manifestações internacionais como a recente série distópica produzida pela BBC, Years and Years, e The Testments, uma inesperada continuação da mais famosa distopia de Atwood, O conto da aia. Com a publicação de sua nova distopia, Brandão identifica o encerramento de uma trilogia que tem como primeiro romance Zero. Diferente dos outros dois, Zero não é, no entanto, associado à ficção distópica, mas geralmente tomado como uma sátira política ao período da ditadura, tendo sido, inclusive, censurado na época de seu lançamento. Partindo da associação com as demais obras que compõem a trilogia de Brandão, o presente trabalho se propõe a ler o romance Zero não pelo viés de suas abordagens usuais, mas tomá-lo como objeto dentro da tradição distópica, entendendo-o como uma representação do momento de transição entre o presente de crise e o futuro sombrio que o substitui, transição essa marcada por uma violência fundadora tanto física quanto políticaDownloads
Referências
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