Gritos na margem
a revolta discursiva presente no Hip-Hop e a imaginação política como farol
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v15i28.65562Palavras-chave:
Hip Hop, neoliberalismo, resistênciaResumo
O presente trabalho propõe uma análise dos enunciados emergentes e insurgentes do movimento Hip-Hop na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, em contraponto aos ideais neoliberais de compartimentalização social e individualização de experiências outrora coletivas. Tendo como referência a produção de um documentário sobre o tema, realizado no mesmo período em que esta pesquisa foi desenvolvida, o foco da análise recai sobre os enunciados de MCs em suas entrevistas, com o objetivo de compreender a prática da imaginação política na estruturação de discursos de resistência às normas de vida neoliberais. A análise em questão foi conduzida paralelamente ao acompanhamento da produção do documentário e à transcrição das entrevistas. O referencial teórico está ancorado na teoria foucaultiana, enquanto o método utilizado é a Análise do Discurso. A materialidade linguística dos enunciados, em relação à marginalização e à resistência ativa às normas sociais e discursivas vigentes, constitui o principal objeto de análise. A partir disso, obteve-se que a Imaginação Política se encontra efetivamente presente nos discursos analisados, funcionando não apenas como uma forma de imaginar um mundo mais equitativo, mas também como um chamado à ação; atuando como um farol que guia os sujeitos marginalizados à resistência, valendo-se da música e da cultura como ferramentas de subversão e transformação social. A Imaginação Política expressa nos discursos das pessoas entrevistadas não é vista apenas como um ideal utópico, mas como uma realidade concreta, moldada pelas ações cotidianas de artistas e ativistas que compõem o movimento em Dourados.
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