QUANDO O CAPITAL EDUCA O EDUCADOR: BNCC, NOVA ESCOLA E LEMANN

Autores/as

  • Jennifer Nascimento Pereira
  • Olinda Evangelista

DOI:

https://doi.org/10.22409/mov.v0i10.538

Resumen

Neste texto objetivamos interrogar um movimento importante, entre 2016 e 2018, na definição de políticas públicas para formação docente. A partir de 2008, durante o Governo Lula, do Partido dos Trabalhadores, inicia-se a trajetória de debates em torno da Base Nacional Comum Curricular do Ensino Infantil e Fundamental (BNCC). A Associação Nova Escola destacou-se nesse processo, entre outros motivos, por pertencer, a partir de 2015, à Fundação Lemann. Analisamos 86 matérias publicadas por Nova Escola, das quais três questões despontaram como centrais: formação de professores, avaliações externas em larga escala e materiais didáticos. Concluímos que Nova Escola atuou para elaborar e difundir um modelo docente estruturado sobre a apropriação das Competências Socioemocionais e o manejo das Tecnologias da Informação e Comunicação. Associando-as chegar-se-ia ao ‘professor 4.0’, preocupado com a aprendizagem pragmática, sinônimo de qualidade de ensino. Ao contrário do protagonismo docente, configura-se o professor gerenciado

Palavras-chave: Capital educador. Fundação Lemann. Nova Escola. BNCC. Professor gerenciado.

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Publicado

2019-06-30

Cómo citar

Pereira, J. N., & Evangelista, O. (2019). QUANDO O CAPITAL EDUCA O EDUCADOR: BNCC, NOVA ESCOLA E LEMANN. REVISTA MOVIMIENTO, (10), 65-90. https://doi.org/10.22409/mov.v0i10.538