FORMAR LEITORES CONTRA A PESTE DA LINGUAGEM:

REFLEXÕES SOBRE O TEXTO LITERÁRIO EM SALA DE AULA

Autores

Palavras-chave:

Formação do leitor, Leitura literária, Ensino de literatura

Resumo

Partindo da noção, levantada por Ítalo Calvino (1990), de que a literatura é um meio de combater a peste da linguagem e da ideia de deslocamento, presente na leitura que Ricardo Piglia (2012) faz das conferências do escritor italiano, o presente trabalho almeja fazer reflexões sobre o lugar do texto literário em sala de aula e seu ensino. Se, como recorda Antonio Candido (1999; 2011), a experiência literária é essencial para a formação humana, também estando intimamente relacionada aos direitos do homem, a proposta aqui adotada reflete sobre a importância da formação do leitor literário como processo de extrema importância para a formação humana. Com base no trabalho desses autores, mas não apenas, pretende-se discutir também o ensino de literatura, problematizar a visão ainda remanescente no livro didático de literatura e refletir sobre alguns pontos contraditórios acerca da leitura literária presentes na BNCC, defendendo que, ainda hoje, o pensamento de Calvino mostra-se extremamente atual e que a formação do leitor literário também deve ser um exercício compromissado com um objetivo humanístico, a fim de emancipá-lo como sujeito crítico em seu devir histórico-social.

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Biografia do Autor

Carlos Henrique Fonseca, CAp-UERJ

Mestre (2020) e Doutor (2022) em Letras Vernáculas (Literaturas Portuguesa e Africanas) pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ. Atualmente, é Professor Adjunto de Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas no Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ), atuando em turmas de Educação Básica e Ensino Superior.

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Publicado

2023-12-31

Como Citar

FONSECA, C. H. FORMAR LEITORES CONTRA A PESTE DA LINGUAGEM:: REFLEXÕES SOBRE O TEXTO LITERÁRIO EM SALA DE AULA. Sede de Ler, v. 13, n. 1, p. 32 - 46, 31 dez. 2023.