Escala de Sintomas Vocais (ESV) e sua relação com aspectos ocupacionais e hábitos de saúde vocal em professores universitários

Autores

  • Andréa Gomes de Oliveira Aguiar Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil
  • Heloisa Helena de Almeida Neves Matta dos Santos Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil
  • Maria Clara Rossi Di Gioia Manhães Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil
  • Maria Eduarda dos Santos Reis Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil
  • Marcela Cohen Martellote Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil

Palavras-chave:

Voz, Sinais e sintomas, Autoavaliação, Promoção da saúde, Docentes

Resumo

Introdução: a ocorrência de sintomas vocais em professores é elevada. Investigar os fatores determinantes desse cenário deve ser a etapa inicial de quaisquer pro-gramas de intervenção. Objetivo: determinar a ocorrência dos sintomas vocais em professores universitários, com a Escala de Sintomas Vocais (ESV), e relacionar tais achados com aspectos sociodemográficos, ocupacionais e hábitos de saúde vocal desse grupo. Método: trata-se de um estudo transversal, de caráter exploratório. O critério de inclusão foi estar em exercício docente na instituição e o de exclusão, o afastamento das atividades. Os professores foram convidados para o estudo via e-mail. Após a realização da coleta de dados, todos participaram de uma ação extensionista para aprimoramento vocal e da comunicação. A ação foi semanal, remota e consistiu em quatro encontros de sessenta minutos cada. Resultados: 120 professores de 90 departamentos da instituição participaram do estudo. Em relação aos escores totais (ETs) da ESV, por gênero, a média dos valores em mulheres esteve acima da obtida em homens, sendo 31,7 versus 25,1, respectivamente. Houve diferença estatisticamente significativa (valor p = 0,040), com predominância no gênero feminino. Quanto à percepção de ruído, 68,3% dos participantes consideraram as salas de aula ruidosas ou muito ruidosas. Esses docentes também apresentaram ETs mais elevados (valor p = 0,024). Tal percepção também foi maior entre as mulheres (p = 0,039). Todos os participantes que avaliaram a ação extensionista consideraram-na relevante para a prática docente. Conclusão: os resultados evidenciam que os professores universitários inscritos em uma ação de promoção da saúde vocal possuem ETs da ESV elevados, com predominância no gênero feminino. Além disso, professores que perceberam as salas de aula como ruidosas ou muito ruidosas apresentaram ETs mais elevados, sendo esta percepção também predominante em mulheres.

Biografia do Autor

  • Andréa Gomes de Oliveira Aguiar, Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil

    Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo, SP, Brasil.

  • Heloisa Helena de Almeida Neves Matta dos Santos, Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil

    Mestra em Fonoaudiologia pela Universidade Veiga de Almeida (UVA) – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

  • Maria Clara Rossi Di Gioia Manhães, Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil

    Graduanda em Medicina pela UFF.

  • Maria Eduarda dos Santos Reis, Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil

    Graduanda em Medicina pela UFF.

  • Marcela Cohen Martellote, Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ, Brasil

    Doutora em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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Publicado

2024-12-30

Como Citar

Escala de Sintomas Vocais (ESV) e sua relação com aspectos ocupacionais e hábitos de saúde vocal em professores universitários. UFF & Sociedade, [S. l.], v. 4, n. 5, p. 1–15 e040521, 2024. Disponível em: https://periodicos.uff.br/uffsociedade/article/view/64659. Acesso em: 6 dez. 2025.