Virando o outro em Podence. Máscaras da pós-ruralidade
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2011.1i30.a41898Palabras clave:
performance, mascarados, turismo, pós-ruralidade, Portugal.Resumen
Durante o Carnaval, os Caretos – grupo de jovens mascarados do ciclo de inverno europeu – fazem a sua aparição em Podence, uma comunidade rural no Nordeste de Portugal. No contexto das recentes transformações nomundo rural nas últimas décadas, os campos semânticos destas performances são amplamentealargados, agora resgatadas do seu anunciado declíneo. Elas estão claramente ligadas a realidades contemporâneas como o turismo e a mercadorização cultural. A visibilidade destas comunidades emerge lado a lado com uma crescente demanda de exotismo e autenticidade.
Tal como as reivindicações folcloristas de “autenticidade” da cultura popular, estes recentes processos de turistificação revelam a procura de um “passado nostálgico e genuine” no contexto do consumo turístico global da pós-ruralidade. Assim, modalidades de “canibalização” realizadas pelo turismo crescem: turistas se vestindo com máscaras locais, (ab)uso de fotos por turistas misturados com mascarados locais, audiências turísticas (como agentes centrais na performance), tomando o lugar das audiências locais; tudo parece subverter os termos da “autenticidade” performativa. Os turistas procurando por uma experiência “natural” e não mediada do Outro, enquanto os locais procuram compreender os segredos dos seus próprios recursos performativos. Todavia, é muito provável que ambos entendam os seus mitos como mitos, e as suas performances como performances. Falso e autêntico, ficção e realidade num e no mesmo palco, onde imagens são bem mais do que aquilo que conseguimos ver.
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